JOSIE POV
Algumas semanas atrás
O mundo sem a nublagem da humanidade parecia mais límpido e brilhante, pronto para que eu finalmente pudesse explora-lo da maneira correta.
Quando eu ainda me importava costumava pensar que a transformação havia sido a pior coisa que pudera me acontecer. Eu era uma jovem romântica e inocente que esperava envelhecer ao lado de algum grande amor, criar nossos filhos e morrer de velhice um ao lado do outro. Mas agora eu podia entender a complexidade da beleza que ser uma herege me proporcionaria. Viver para sempre era uma delas.
Não que o mundo fosse um lugar maravilhoso e incrível, estava bem longe disso. O mundo é podre e as pessoas que vivem nele são igualmente estragadas. Humanos, bruxas, lobisomens, não importa, nenhum deles é digno, útil. Todos sentiam demais, se importavam demais e viviam de menos.
A minha primeira decisão foi sair daquela cidade e Nova Iorque com toda a sua grandiosidade me pareceu um ótimo lugar para recomeçar. Com o cordão que me permitia andar sob o sol nada poderia me impedir de viver a minha vida do modo certo desta vez. E foi isso o que eu fiz. Eu vivi.
A cidade era extrema, grande demais, lotada demais, barulhenta demais e era isso o que eu queria, quanto maior a distração menor seria a chance da minha humanidade voltar.
Entrei em um pequeno bar que fedia a álcool e me sentei afetada no balcão, estava com sede e com fome, querendo somente um presa fácil e rápida para me satisfazer. Nunca havia feito isso antes, mas nada como o agora para aprendermos o jeito certo de se alimentar.
A porta de madeira se abriu e o sino balançou sobre ela. Meus olhos correram para encontrar uma mulher morena, de olhos verde escuros e alegres, a única que não fedia a drogas e cerveja ali. Ela cumprimentou alguns dos homens que estavam em seu caminho e rodou o balcão se posicionando atrás do bar, um lugar que para ela já era conhecido. A bartender tateava as prateleiras em busca de coisas que conhecia e bebidas que agradavam clientes costumeiros.
Ela não parecia ser tão mais velha do que eu, e eu me peguei imaginando o que faria uma moça tão jovem ir trabalhar em um lugar como aquele. Mas, quem se importava, não e mesmo?
Peguei a caneca de chopp vazia a minha frente e caminhei até ela, com os olhos presos no seu pescoço de pele frágil. Eu podia ver as veias roxas sobressaltadas e isso fez minha sede latejar.
- Você não é muito nova para estar aqui? - perguntou ela com um sorriso divertido preso no rosto.
- Claro que não - respondi - tenho idade o suficiente.
- Sei... - ela jogou um pano sobre os ombros e apoiou as mãos sobre o balcão de madeira - você é, com certeza, muito bonita para estar aqui.
- Isso foi um flerte? - sorri para ela.
- Não sei, me diz você... - a bartender ergueu as sobrancelhas - se você gostar de mulheres eu posso responder que sim.
- Na verdade - falei, acariciando as costas de sua mão com meus dedos - homens, mulheres, não importa muito... Gêneros não me limitam.
- Bom saber - ela me lançou um sorriso indicativo - eu saio às oito se te interessar.
- Ainda falta muito - me aproximei do balcão, mantendo meus olhos presos nos dela - vamos até o banheiro comigo, agora mesmo.
A bartender sorriu novamente e saiu de trás do balcão, indo em direção ao banheiro. Ao passar pela porta a tranquei e me virei para ela que me encarava com fogo nos olhos.
Segurei seu rosto em minha mãos e a beijei, seu hálito era quente e tinha gosto de menta. Seu gosto era bom, quente e me fazia arder por inteira. Desci meus lábios pelo seu pescoço, sentindo meus dentes crescerem pontiagudos sobre meus lábios, porém antes de seguir para o prato principal comandei que ela não gritasse, seria uma confusão se ela gritasse.
Seu sangue era quente, doce, limpo. Delicioso. Sua vida pouco importava, a vida deles pouco importava e, enquanto eu me satisfazia e aquela mulher em meus braços deixava de existir, eu sentia os laços com a minha humanidade cada vez mais distantes de mim.
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Último Recurso - Fic Phosie
Fanfiction1ª parte: Caroline Forbes passou boa parte da adolescência de suas filhas procurando uma solução para o destino que aguarda as gêmeas Saltzman quando atingirem 22 anos, viajando pelo mundo se mantendo longe delas e da escola que fundou ao lado de Al...