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"Me trouxe para sua atmosfera, ao seu espaço, me deixou fora da órbita."

“Você é tão hipnotizante.
Poderia ser o diabo,
Poderia ser um anjo?
[...]
Você é de um outro mundo.
Uma outra dimensão,
Você abre meus olhos,
E eu estou pronta para ir, guie-me para a luz
[...]
Quero ser sua vítima
Pronta para abdução
Garoto, você é um alienígena
Seu toque é de outro mundo
É sobrenatural
Extraterrestre
Isto é transcendental
Em outro nível
Garoto, você é minha estrela da sorte
Eu quero andar no comprimento da sua onda
E estar lá quando você vibrar
Por você eu arriscarei tudo, tudo”

(Katy Perry -E.T.)

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Era só mais um dia como outro qualquer, os mercadores iam e voltavam pelas ruas, trazendo suas mercadorias e eu acompanhava meu pai em seus negócios. Como filho de um grande duque devia dar o exemplo, ser um homem forte, esperto e destemido. Perto dos meus Dezessete anos, estava perto de assumir parte da responsabilidade de um homem de negócios; entre elas, desposar uma garota do qual me foi prometida. A verdade é que não me sinto confortável com a ideia, porém, não é como se tivesse algum tipo de escolha sobre isso. Ela foi prometida a mim, o filho do duque. Era uma forma de unir laços com outros homens poderosos e obviamente, meu pai não iria perder essa chance.

Nesse dia em questão, andávamos pelas ruas em direção á casa de um dos sócios do meu pai quando passamos em frente à igreja. Estava na hora da missa começar, provavelmente minha mãe estava ali. Elizabeth era como a maioria das mulheres do povoado; devota, beata e não perdia uma missa sequer. De certa forma, nunca me senti confortável em algum lugar religioso ou em uma religião. Não que não acreditasse em um Deus, sim eu acredito, porém, acho que de certa forma, sou pecaminoso demais para pisar em um solo onde pessoas vão lá em uma incessante e cansativa busca de limpar suas manchadas almas, em busca de aprovação de um sacerdote de carne como eu ou a quem lê agora o que escrevo, mas que de certa forma, há uma habilidade de conduzir tal qual um encantador de cobras tem com sua flauta.

Os sinos badalavam e era sinal de que daqui alguns minutos, o padre e seus coroinhas e diáconos sairiam para começar o cortejo que os leva até o altar. Meu pai e meu irmão olhavam como se de certa forma quisessem ir, mas estavam ocupados demais para isso. Se outras pessoas soubessem disso, provavelmente nos prejulgariam, pois em um lugar tão religioso e tão hipócrita, as pessoas não aceitam algo que está além de seu controle. Porque é disso que estamos falando aqui, controle. Controle para decidir com quem se deve se casar, controle para mandar um jovem tomar a posição em um cargo do qual não se quer ocupar, controle para forçar alguém gostar de algo que não lhe agrada em nada. Controle.

Depois da nossa ida a casa do Sr. Urie, iríamos nos encontrar com a tal moça que me era prometida. Sim, eu nem sabia como era seu rosto, seus gostos, seu nome, nada. Mas não era como se alguma vez nesse mundo errado as mulheres tivessem alguma autoridade. De certa forma, eu me irrito com esse ato. Talvez seja porque de certa forma eu me sinta tão defeituoso ou talvez até mais do que devia, ou porque imagino que assim como eu, ela não tem nenhum interesse com esse casamento.

Eu iria me virar para seguir meu caminho quando fui puxado por meu amigo Calum, que já estava para entrar na igreja quando me viu. Ele estava interessado em uma moça que todos os dias, a essa hora passa na praça e se senta no banco dos fundos da igreja a sua espera. Eu seria seu álibi, sua desculpa, a distração para que ele cortejasse a moça. Reviro meus olhos irritado. Ele sabe muito bem minha posição sobre entrar em igrejas, mesmo sabendo que um dia terei de entrar, pois vou me casar. Sei que não quero, mas por enquanto, não tenho voz ativa para recusar.

Sinner // MukeWhere stories live. Discover now