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“Eu não lhe darei um motivo para pôr meu nome na lama. Ele definitivamente está mexendo com o homem errado”

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Se alguém dissesse ao eu do passado que no futuro dele (meu presente), eu estaria passando por tudo o que eu estou passando agora e ainda estou feliz por isso, provavelmente diria que essa pessoa não só estava longe de suas faculdades mentais como também me ofereceria para pagar uma consulta com um doutor.

Não, não estou louco. Mas certamente poderia estar.

As últimas semanas foram ótimas. Na medida do possível, mas ótimas. Algo dentro de mim, do meu corpo e do meu ser, ainda sente o pessimismo de tempos atrás invadindo minha mente quando menos espero. Talvez seja porque alguém que viveu tanto tempo fingindo ser alguém que nunca foi nunca perca aquele sentimento de que algo pode acontecer e estragar tudo, ou que o seu pior pesadelo possa aparecer e acabar com toda a sua felicidade.

Desde aquela noite na cabana com todas aquelas revelações, eu sentia que um peso caía de nossas costas. Talvez não totalmente porque eu sinto que tudo ainda pode desmoronar. Mas não posso pensar assim. Melhor, eu me proíbo de pensar assim.

Claro que as coisas não estavam indo muito bem. Ashton sempre diz que quando algo muito ruim acontece por muito tempo, é sinal de que em algum momento que seja, algo bom acontece. Eu nunca acreditei nisso, sendo o mais honesto possível. Mas desde que o conheci, não Ashton, porque eu conheço ele desde sempre, mas ele, eu vejo que tudo pode estar terrível, mas sempre não me sentiria só. Nunca seria realmente tão ruim assim. Certamente Ashton sempre me apoiaria independente de eu arranjar um namorado ou não. De acordo com ele, está no contrato de nossa amizade que ele tenha de ser o mais presente possível, mesmo quando eu só quero mandar ele se foder e me deixar sofrer em paz.

O meu maior pesadelo nesse momento tem nome e sobrenome: Andrew Hemmings. Também conhecido como pai do meu namorado, Luke Hemmings.

Os extremos ente eles eram tão grandes que até mesmo era estranho achar que eram da mesma família (mesmo sendo pai e filho). Luke era um homem bom, gentil e que sempre tentou de tudo para ser aquilo que queriam dele: um bom filho, um ótimo contador, ótimo rapaz, bem afeiçoado, educado e que passa uma ótima imagem de bom partido para moças de todos vilarejos ao redor do nosso. Andrew é simplesmente frio, arrogante, egoísta, só pensa no dinheiro e em lucro e usa tudo o que tem para poder conseguir se dar bem: o próprio filho.

Onde um era literalmente um anjo disfarçado de humano, o outro tinha de demônio torturador de humanos sugador de alma. Padre Raphael que não me ouça, mas ele também sabe que estou certo.

Era notável o quão odioso aquele homem era, assim como era notável o seu ódio por mim. Infelizmente para ele, não me importava com seus pensamentos sobre mim. Nunca me importei e não seria agora que faria. O problema era que tinha Luke. O que ele fizera ao próprio filho em nome de seu egoísmo e sua ambição. O que ele submeteu seu filho tão jovem a passar para provar ser algo que ele não tem se provar a ninguém. E isso... Isso eu nunca poderia esquecer. Olhar em seus olhos azuis enquanto ele fugia do meu olhar para contar que o machucava tanto, que o atormentava tanto, causou um instinto primitivo de proteção do qual eu só queria levá-lo para o mais longe possível daqui e nunca mais voltar. Ser apenas nós dois em um lugar diferente, longe do horror que é esse vilarejo.

O problema é que infelizmente, fugir não seria a resolução dos problemas e muito menos Luke quer fugir comigo. O fato de mudar de um lugar para outro não ia mudar a ideia das pessoas de nossa sociedade e nem mesmo a visão que eles têm de pessoas como Luke e eu. Mas só a ideia de tirá-lo de perto dos pais que o fazem tão mal já seria um bom começo. Aquelas pessoas não o amam, elas amam o que idealizaram a respeito do que ele poderia ser e o que ele traria de lucro a eles. Eu sei bem como é isso, meu pai nesse aspecto não era nem um pouco diferente do dele, e não quero que ele tenha de passar mais tempo com algo tão nojento como a conveniência com eles.

Sinner // MukeWhere stories live. Discover now