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"Era até pecaminoso não o adimirar, não o olhar"
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- Então... - A minha voz saiu parcialmente alta. Estava sendo guiado para algum lugar do qual eu não faço a menor ideia de qual é. - Estamos andando a alguns minutos e eu não sei para onde. Eu...

- Está tudo bem, - Michael tinha uma voz doce e gentil. - não vamos demorar muito.

Minha mente trabalhava em mil por cento. Não parava de pensar em tudo que podia e que está acontecendo. A quase duas semanas atrás, eu estava preso na minha rotina, preso ao que eu devia ser e fazer, a quem eu tinha que ser, era obrigado a me tornar. Hoje, eu estou confuso, ouvindo o que um aspirante a padre me diz como se fosse uma lei, um mandamento. Sei que estou sendo exagerado, que é ridículo, mas esse homem me intriga. É sempre complicado entender o que está acontecendo ou o que ele pensa, a verdade é que eu nunca sei, mas assim que eu vi ele de alguma forma eu sabia que alguma coisa ele teria para mim. Só não sei o que é. Ainda.

- Chegamos. - Ele quebrou o silêncio que havia nos envolto depois de minha pergunta. Estávamos em lugar afastado. Ótimo, nada superestimado isso. Lua estava nova e ainda não tinha saído, o que significava que estava escuro pra caramba, porém, que o céu fervia de estrelas que brilhavam com o mesmo fervor que crianças em busca de seus presentes de natal. Pela forma em que fui guiado, era bem visível que o Sr. Clifford conhecia muito bem o lugar. Ele tinha tanto conhecimento da área, que mesmo no escuro, ele me afastava das pedras que tinham no caminho. Ou ele era um tipo de ser maligno que enxerga a noite, nada pode ser descartado aqui.

- Onde estamos, Sr. Clifford? - Minha voz saiu incerta. Que saco.

- Primeiro, eu só sou um ano mais velho que você, então por favor, me chame de Michael. E segundo - Em meio ao escuro, eu vejo que estávamos indo a algum lugar onde tinha água, eu podia ouvir a queda d'água. -, estamos indo até a cachoeira.

Sua voz era calma como se não fosse nada demais estarmos indo em direção a uma cachoeira, correndo o risco de escorregar, bater a cabeça em uma pedra e morrer. No meio do escuro. Claro, muito legal conseguir uma concussão no meio do nada sem ninguém para socorrer além de um cara de dezoito anos irresponsável que por acaso vai ser padre. Como isso está me relaxando.

- Olha Michael... - Minha voz começou a vacilar. Mas porque diabos isso está acontecendo? É simples, você abre a boca e diz "Olha Mike, eu não quero correr o risco de morrer porque você acha que vai ser legal.", simples. Mas não, o meu corpo todo decidiu desobedecer a minha mente. Que ridículo. - Isso parece perigoso, e está escuro e...

- Você pensa demais, Luke. - Foi tudo que ele disse. Com a voz divertida ainda. Por acaso eu sou uma piada? - Olhe, eu venho aqui desde que eu me entendo por gente, eu conheço isso aqui de olhos fechados, não vai acontecer nada. Se é isso o que está pensando, pode voltar a respirar antes que fique sem ar e caia desmaiado.

Puxei ar para meus pulmões com força. Eu nem sabia que tinha parado de respirar por um momento. Concordei contra meu gosto, porque eu não queria ser levado por ele em qualquer lugar, NÃO QUERIA. Okay, eu não sei mentir, mas ainda assim, eu fui levado contra minha vontade.

Chegamos no tal local. E bom, era uma clareira que ao lado tinha o lago que recebia a água que caia da cachoeira. Era tranquilo e não podia ouvir nada que vinha da cidade. Era como se estivéssemos em um mundo paralelo. As estrelas cobriam o céu como uma manta e tudo acima de mim era azul marinho e cintilante. Não estava tão escuro como eu achava, a lua nova estava a ponto de brotar no céu escuro enquanto eu o sentia. Sentia sua respiração perto de mim, seus olhos olhando para o céu, mas seu corpo ao meu lado, emanando calor. Ou talvez eu estivesse quente e tudo a minha volta parecia trocar calor comigo, como era explicado nas aulas de química. Logo um sorriso involuntário brotou em seu rosto, o que fez o meu também sorrir. Eu estava tão afetado.

Sinner // MukeWhere stories live. Discover now