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“Uma parte de mim que antes estava perdida, mas que agora eu havia encontrado”

Sonolento.

Era assim que eu estava pelo resto do dia e no dia seguinte após minha conversa com Michael, como também nos dias que se sucederam. A verdade é que não estava sonolento por não ter dormido naquela noite, eu estava sonolento porque não pude repor meu sono. Meu pai me puxou pelas ruas o dia inteiro, me fazendo trabalhar mais como garoto de recado e carregador de cargas do que seu assistente. Aí veio a noite e minha mãe passou quase ela toda acordada me dizendo como devia me portar em frente a tal Ellie, que eu só descobri no outro dia que ela viria na outra semana depois da que viria, junto com seus pais nos visitarem. Se já não era trágico o suficiente, descobri que no fim da semana, meu pai e eu vamos para o litoral visitar a família de minha futura esposa.

Quando ouvi aquelas palavras eu praticamente surtei. Eu não queria visitar ninguém, não queria ver ninguém, eu só queria viver como eu quero e aí quem sabe aos meus vinte e cinco ou vinte oito anos, pensar em casar. Obviamente eu não falei nada. Sorri falsamente e disse que arrumaria minhas coisas e que seria uma honra conhecer a minha noiva. Que por acaso me deixou na mão no dia que anunciariam do nosso namoro/noivado/casamento por acordo.

Depois de toda essa ação em casa, minha mãe insistiu em inspecionar minha mala para saber o que eu levaria e se era apropriado para o lugar. Ela passou hora desfazendo o que eu arrumei e arrumando tudo de novo como ela queria que ficasse. Nem nas minhas roupas eu tenho autoridade e isso me deixava a cada momento mais infeliz com minha situação. Tinha até medo em essa falta de limites que meus pais tinham iriam levar.

Depois de Liz arrumar tudo como queria, meu pai disse para que eu desarrumasse tudo e colocasse o que ele achava que ia ficar bom. Eu juro, minha cabeça estava a ponto de explodir de dor e raiva. Eu decidi arrumar como eu havia arrumado primeiro e ignorei o que meus pais disseram, ou então eu ficaria louco de vez.

A agitação em casa estava pior do que as formigas do formigueiro perto do pé de maçã no pomar perto do inverno. Ninguém parava quieto e eu só queria fugir daquela agitação toda e poder finalmente dormir em paz.

Mais a tarde na quinta-feira, Calum foi me visitar e passamos a tarde toda conversando e rindo enquanto bebíamos licor de laranja que a empregada fez na semana passada. Era o preferido de Calum e nossa criada, que eu mais considero como mãe do que a minha própria muitas vezes, sempre fazia para ter algo que meu amigo gostasse ali para ele se sentir confortável.

- A sua casa está uma bagunça, nunca vi tanta ansiedade e estresse juntos como estão nessa semana aqui. - Calum bebia mais gole da bebida enquanto sorria sem motivo aparente. Alguém já estava sob o efeito do álcool.

- É meu pai quer que no sábado de manhã viajemos para o litoral para passar uma parte da semana na casa da minha tal noiva ou sei lá o que ela é. - Bebi mais um pouco. De alguma forma eu tinha que arranjar uma forma de descontar minha frustração. - Aí voltaremos juntos com essa família que eu nunca vi na minha vida e eles ficarão aqui por duas semanas. Isso foi o que meu pai disse.

- E como você está em relação a isso? Quero dizer, você vai se casar, vai tomar o lugar de seu pai, vai ter uma família, vai ter tudo o que muita gente quer. - Ele dizia devagar, realmente estava afetado pelo álcool. - Mas dá para ver que não algo que você quer. Sabe, você é muito mais feliz falando com o Ashton, comigo, indo ao orfanato brincando com as crianças e falando com o Michael do que aqui. - Ele sinalizava para minha casa. - Eu tenho sentido como isso aqui está tóxico para você e já tem muito tempo. Porque você não fala com eles? Seus irmãos disseram e hoje estão vivendo a vida que desejaram.

Sinner // MukeDonde viven las historias. Descúbrelo ahora