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→[esse capítulo tem cenas de abuso psicológico e de agressão física. Eu não narrei detalhadamente a agressão física, mas a verbal sim. Seu bem estar vem primeiro então se não estiver confortável, no capítulo está marcado onde começa a agressão verbal/física e onde termina ( com esse símbolo *) para que possam evitar ler e pular para outra cena. Amo vocês]







“Eu quero te ajudar e estar do seu lado, porque você importa. Não será família e nem igreja e nem ninguém que me impedirá. Eu não tenho mais medo.”

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Por um momento, tudo a minha volta parou.

Era como ter o ar parado, sem circular no espaço. Os rostos petrificados em suas últimas reações e meu corpo começou a reagir levemente ao baque do qual estava passando.

Meu pai me vira beijando Michael.

Meu pai vira beijando um menino.

Meu pai vira um homem me tomando em seus braços.

Ele me vira em um dos momentos mais vulneráveis, sendo conduzido pela sensação mais pura que já havia sentido na vida.

Ele me olhava como se aquilo fosse sujo, impuro. Um pecado.

Andrew Hemmings definitivamente acabara de destruir a única coisa que ainda era boa para mim.

Estava estático pensado em quantas formas poderia morrer, quais as possibilidades de sair ileso depois dessa revelação. Em todas, era impossível. Algo pesava no âmago, o meu corpo parecia a ponto de convulsionar. Porquê tudo tinha de ser tão difícil?

— Pai... — As palavras saíram num fio de voz.

Eu estava me quebrando. Estava por um fio de todas as rachaduras cederem. Gostaria de ser forte o suficiente para lidar com isso, mas estava muito apavorado. Não era daquela forma que esperava contar a ele a respeito disso.

Os seus olhos eram selvagens, impiedosos. Minha garganta se fechou no momento em que foi levantado o dedo indicador apontando para mim.

— Não diga mais nenhuma palavra. — Falou baixo, mas ameaçadoramente.

— Andrew, eu acho que... — Ashton tentou dizer algo, mas foi interrompido.

— És tão sujo quanto eles dois. Tenho certeza que os acobertava. — Era assustador não ver meu pai explodindo e sendo agressivo. Tinha certeza que a bomba estouraria em casa, onde ninguém poderia fazer nada a meu favor. — Sempre soube que havia algo errado com você, Luke. Mas não tanto. — O olhar preso em mim foi se deslocando para Michael, que mantinha-se inexpressivo. — Me admira um diácono, aquele quem prometeu dar a vida a serviço de servir a Deus pecando e profanando em Sua casa. Servindo ao demônio debaixo do teto do Senhor. Pecando contra ele.

— Deus nos deu o livre arbítrio, Andrew. — Clifford mantinha-se frio. Sua face mostrava que ninguém o afetaria ou o diminuiria. — Eu escolho o que faço de minha vida e estou exercendo meu direito como filho de Deus. Eu escolhi ser quem eu realmente quero ser, quem realmente sou. Como o seu filho também é. Isso não é errado e nunca será, porque sei que estou fazendo o certo para mim, estou sendo apenas eu mesmo. Como o Luke também está. Deus nos criou como também o criou, e como filhos de Deus, também merecemos respeito.

Era quase como uma luta silenciosa entre dois homens poderosos e dominantes. Não deveria ser Michael qual devia impor um ponto ali, devia ser eu. Era o meu pai ofendendo a mim e a quem eu gostava, eu devia estar nos defendendo. Porém me sentia indefeso e castrado demais para qualquer ato. Ashton e Ellie me olhavam receosos, temendo eu desmaiar na frente de todos.

Sinner // MukeWhere stories live. Discover now