23.

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— Hunter. Vá lá reage. — repito enquanto abano o meu melhor amigo. As mãos da Skylar tremem enquanto ela marca 911 no seu telemóvel.

Continuo a repetir as mesmas palavras e sinto as lágrimas a escorrerem-me pelo rosto. Vejo a Sky desligar e ligar a outra pessoa.

A ambulância chega ao mesmo tempo que o Jonah. Os olhos dele enchem-se de lágrimas quando vêem o namorado no chão.

— HUNTER! Não não não, não pode ser. — o rapaz diz, a sua voz completamente destroçada, enquanto se ajoelha ao meu lado.

O Hunter é levado para o hospital e o Jonah segue com ele na ambulância. Eu não consigo arranjar forças para me levantar do chão.

Um forte cheiro a sangue emana da poça à minha frente e eu olho à minha volta. O colar com o cordão preto e o pingente com uma bola de basket que eu lhe tinha dado no seu aniversário de 10 anos jaz no chão.

Foi aí que me atingiu.

Solto um grito de pura dor e sinto os olhos da Skylar em mim, mas não a consigo encarar.

— Austin... - ela chama enquanto mete a sua mão, que tremia, no meu ombro. — Austin vá lá...

Ela envolve-me com os seus braços fortes e levanta-me.

— Tu consegues, Austin, eu sei que sim... Vou chamar um táxi para nos levar ao hospital... — ela sussurra enquanto me ampara até nos aproximarmos da estrada. Ela faz sinal e um táxi para à nossa frente. Entramos e ela dá a indicação ao taxista.

Encosto a cabeça à janela e cerro os olhos com força.

Entramos no hospital e eu aproximo-me da receção.

— Boa tarde, posso ajudá-lo?

— Sou o Austin Kane, o meu melhor amigo, Hunter Clark, acabou de chegar ao hospital podia-me dizer...

— Está ali o médico que o recebeu. — corro na direção do médico e volto a perguntar a mesma coisa.

— Peço imensa desculpa, senhor Kane, mas já não havia nada a fazer. Quando o Hunter chegou já tinha perdido muito sangue e a bala acertou-lhe numa zona essencial do cérebro. — as lágrimas voltam a escorrer-me pela cara e perco a força nas pernas. A Sky ampara-me e o médico lança-me um olhar de compaixão antes de se afastar.

— O meu melhor amigo... Sky... — sinto as suas lágrimas no meu peito quando a abraço e choramos os dois, ali, no meio do hospital.

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Time Lapse
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Eu e a Sky saímos juntos do hospital.

— Sky eu quero estar sozinho... — digo baixinho.

— Queres que eu te deixe em algum lado?

— Não... Preciso de andar um bocado... — ela sorri compreensiva e dá-me um abraço forte.

— Eu estou aqui, Austin. Sempre. — forço um sorriso e começo-me a afastar dela. Ela apanha um táxi, passa por mim e acena levemente.

Continuo a andar e, quando dou por mim, estou no cemitério. Caminho lentamente até à campa dos meus pais e sento-me no chão.

— Papá? Mamã? Lembram-se do Hunter? O menino que adorava as tuas bolachinhas? Que aprendeu a jogar basket contigo, papá? Ele hoje foi ter com vocês. Ele deixou-me e foi ter com vocês. Agora tenho 3 estrelinhas no céu, só minhas. Cuidem dele, sim? Esperem por mim. Esperem por mim para correr pela floresta, para jogarmos basket, para acabarmos a nossa casa na árvore... Esperem por mim...

Something BadOnde histórias criam vida. Descubra agora