26.

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Acordo deitado no sofá, um fio de baba a escorrer-me lentamente pela bochecha. Limpo-o rapidamente e olho para o meu telemóvel. Não me lembro de ter adormecido, apenas de ter chegado a casa, ter comido qualquer coisa e de me ter deitado no sofá a ler. 

Levanto-me e dirijo-me à casa de banho. Reparo numa nódoa negra por baixo do meu olho, no meu lábio rebentado e no sangue seco que provavelmente tinha escorrido do lábio. Lavo a cara devagar para tirar o sangue e vou buscar gelo para meter na cara.

Ligo a televisão e vejo Miraculous enquanto meto gelo. A minha mente voa involuntariamente para os eventos do dia anterior e dou por mim a rever todas as palavras da Sky e do Aiden.

Austin sai daqui, isto é perigoso.

Porque é que eu senti que ela não estava a falar de eu estar no bar mas sim de estar com ela? Porque é que estar com ela é assim tão perigoso?

Eu não quero fazer isto mas não tenho outra escolha a não ser que queiras acabar como o Hunter.

As palavras da Sky ressoam na minha mente. Porque é que eu tentar reaproximar-me dela pode fazer com que eu acabe como o Hunter?

Ouvi dizer que completaste um serviço com uma única bala.

A frase do barman, o sorriso do Aiden, o seu olhar, como se estivesse à espera que eu compreendesse alguma coisa.

É aí que me atinge.

A Skylar quer-me afastar porque a morte do Hunter foi um aviso. Um aviso para me afastar dela. O serviço que o barman estava a falar. Aquele único tiro disparado pelo Aiden não era para afetar o Hunter. Era para me afetar a mim. Porque matar-me a mim era demasiado fácil, demasiado indolor.

Sinto-me sufocar nas minhas lágrimas, o meu estômago às voltas e, pela segunda vez em menos de 24h volto a vomitar tudo o que tinha no estômago.

Quando finalmente me recomponho olho decidido para o espelho. O Hunter nunca ficaria de braços cruzados. Ele morreu por minha culpa. E eu vou vingar a sua morte. Tomo um banho, visto umas calças pretas, uma camisola preta e as minhas vans pretas e saio de casa.

Ia para me dirigir logo para o bar mas a imagem da mãe da Sky surge na minha mente por isso acabo por ir para lá. Toco à campainha.

— Austin? Entra, querido.

— Desculpe, senhora Finnegan, mas eu só vim cá para perguntar uma coisa. Eu sei tudo sobre os Angels of Fire, sei que a senhora faz parte também por isso deve-me conseguir responder. O gang é responsável pela morte do Hunter, do meu melhor amigo?

Ela pisca os olhos e os seus olhos enchem-se de lágrimas. Lentamente, ela anui com a cabeça e eu sinto a raiva e o desejo de vingança à flor da pele. Despeço-me dela e afasto-me da casa com apenas um local na cabeça.

Lembro-me do carro do Hunter, que eu usava sempre que precisava, sem mesmo precisar de pedir. Corro até casa dele e vejo que ninguém está em casa. Pego nas cópia das chaves que o Hunter me tinha feito, entro no carro e dirijo-me a toda a velocidade para o bar. Escondo bem o carro e entro no bar.

Vejo uma rapariga de cabelos azulados a aproximar-se de mim com um sorriso de lado.

— Ora ora ora vejamos o que deu à costa. — o meu subconsciente lembra-se imediatamente das piadas de baleias do meu melhor amigo e tenho de fazer um esforço para conter as lágrimas. — Não és o loirinho que sujou o Gabe todo e levou uma abada?

Sorrio provocador para mostrar que os eventos de ontem não me afetaram.

— Aquilo não foi uma abada, Smurf. Se me tivessem deixado eu tinha acabado com o tal Caleb.

— Gabe.

— Isso.

Ela cruza os braços e olha-me de cima a baixo.

— O que estás aqui a fazer? — a rapariga do cabelo azul pergunta enquanto pega no copo ao lado dela e mete um bocado do conteúdo na boca.

— Quero entrar no gang. — ela cospe tudo e olha para mim incrédula.

— Tu? Neste gang? Lamento informar mas tu não tens nem físico nem caráter para os Angels of Fire.

— Ouve-me bem, Smurfina. Eu podia ter denunciado tudo isto à polícia. Ainda vou a tempo de o fazer. Por isso sugiro que me deixes entrar.

— Eu posso matar-te já loirinho. Mas eu gosto de ti. Gosto da tua coragem. E por isso gostava de te ver tentar entrar nos Angels of Fire. HEY JAMES.

Ouço passos que ecoam por todo o bar já que todos se calaram para ouvir. O Diretor Finnegan aparece no meu campo de visão.

— Diz Saphira.

— Aqui o loirinho gostava de entrar no gang. — O alfa, como ele se auto-intitulou olha para mim, os seus olhos tinham um brilho algo maquiavélico. Ouço mais passos e vejo a Sky atrás dele. Os seus olhos arregalam.

— Interessante. Parece que vais ser sujeito aos nossos testes. Faz-me um favor, sim? Não tenhas uma morte muito sangrenta. Depois custa para tirar o sangue do meu chão.

Ele solta uma gargalhada e volta a subir as escadas. A Sky olha para mim aterrorizada mas eu desvio o olhar.

Os Angels of Fire vão arder.

Something BadWhere stories live. Discover now