Prólogo

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• Derek Narrando

— Eu não vou pedir. Aquele cara é apavorante. Pede você! — Tentei empurrar a missão pra ela.

— Você já tem 13 anos! É mais velho. Você que tem que pedir. — Argumentou ela.

— Ah, qual é Alice! Eu fiz aniversário ontem e você também vai fazer 13, mês que vem. Essa não cola. — Revirei os olhos, porque ela adorava me lembrar que nossa diferença de idade era só de um mês.

— Tá, mas... você é maior. — Ela não ia desistir. Mas eu também não ia facilitar.

— Pois isso conta à meu favor. Você é baixinha e fofinha. Tem bem mais chances de não levar um esporro. Não duvido que ele aperte sua bochecha e diga que não teve problema. — Disse apertando a bochechinha dela, deixando-a irritada, como sempre ficava, quando eu fazia isso.

Ela afastou com força minha mão e falou com um tom de voz um pouco mais alto do que precisava.

— Primeiro que a maldita bola é sua! Segundo: você que chutou ela alto demais, pra cair no quintal do cara. E Terceiro: Eu já pedi pra ele devolver da última vez. Eu não vou pedir de novo! Da outra vez ele brigou tanto, que eu quase chorei. — Eu odiava que ela sempre tinha bons argumentos e bufei antes de concordar, dando razão pra ela.

— TÁ! Você é uma covarde, mesmo. Eu vou lá, pra te mostrar como é ter coragem. — Provoquei, mas o sorriso vitorioso em seu rosto, mostrava que minha ofensa não a afetou, nem um pouco.

Enfim, apertei a campainha e pedi a droga da bola fujona. O vizinho mais rabugento da rua, não perdeu a oportunidade de me fazer ouvir uns 5 minutos de reclamações, dizendo o quanto minha geração estava perdida e que meus pais deveriam ter vergonha de ter uma criança tão mal educada em casa. Ele torturou meus ouvidos, mas me devolveu o que era meu.

Voltei com a bola sobre o braço e ela abriu o sorrisão, que fez seus olhos, tão azuis, brilharem. Ela juntou os pés, dando vários pulinhos de comemoração, com os braços esticados para o ar.

A imagem me fez rir. No final das contas, enfrentar aquele velho valeu a pena, porque eu amava ver minha vizinha e melhor amiga, feliz daquele jeito. Desde do jardim de infância que somos colados, desse jeito.

— Você é demais, Derek! — Levantou uma mão, esperando eu bater, e assim eu fiz.

— É, eu sou um herói. — Debochei e ela fez uma careta engraçada.

— ALICE! Vem almoçar! — Dona Kate gritou pela filha.

— Amém!! Eu já tava morta de fome! — Confessou, colocando as mãos sobre a barriga. Eu nunca vi alguém gostar tanto de comer, como ela. — Tchau, otário! — Ela se despediu com uma piscadinha.

— Tchau, baixinha. — Falei rindo pra suas costas, coberta por longos fios castanhos, que balançavam, porque ela já estava correndo em direção a sua casa. Casa bem do lado da minha.

Jogo do Amor - Uma amizade que se transformaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora