Capítulo 36

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• Derek Narrando

Já era tarde quando chegamos em casa e eu estava bem cansado, mas ignorei minha vontade de me jogar na cama, pra poder contar a novidade pra minha mãe.

A encontrei no sofá, assistindo televisão com a aparência sonolenta e imaginei que estava acordada só pra esperar eu chegar. A sala estava com a luz apagada, mas a televisão iluminava o seu rosto cansado.

— Oi. — Eu sabia que ela já tinha notado minha presença, mas ela só desviou os olhos da TV, quando eu falei.

— Oi, filho. — Ela não me perguntou nada, mas continuou me observando, esperando que eu continuasse.

— O jogo foi acirrado, mas ganhamos. Fui eu quem deu ponto da vitória. — Ela sorriu orgulhosa, mas se manteve sentada, enquanto eu estava em pé no meio da sala.

Nossa relação já tinha sido melhor, no passado. Mas apesar disso, eu nunca duvidei do amor dela por mim. Ela só andava triste com a vida.

— Imaginei que tinham ganhado, quando você me ligou, avisando que chegaria mais tarde. Saber que você definiu a vitória não me surpreende, mas me deixa orgulhosa. Você é um ótimo jogador. — Ela continuava sorrindo, mas os olhos ainda eram tristes.

— Devia assistir algum jogo meu, pra ter certeza disso. — O sorriso dela se desfez e ela voltou a olhar a programação na tela a sua frente, sem coragem de continuar me encarando.

Falei aquilo sem pensar. O dia que a tristeza a derrotou, foi na última vez que ela me assistiu jogar e pisar numa quadra novamente, traria lembranças de algo que ela lutava pra esquecer.

— Tem mais. — Tentei recuperar sua atenção, mas ela não cedeu e se manteve olhando pra frente. — Eu e Brandon temos uma entrevista amanhã, em Yale.

Seu rosto virou com tanta rapidez na minha direção, que fiquei preocupado dela ter machucado o pescoço. Com os olhos enormes, ela se levantou do sofá devagar.

—  Yale? — Eu confirmei balançando a cabeça, achando graça da sua cara de choque. — Como?

— O treinador do time deles parece que foi convidado pra assistir ao nosso jogo e gostou da gente. — Encolhi os ombros, dando uma explicação rápida.

— Justo o jogo que você se destacou. — Ela foi abrindo um sorriso conforme os olhos marejavam.

Com passos lentos, se aproximou, alisou meu rosto e me abraçou. Tinha tanto tempo que ela não demonstrava tanta emoção, que acabei me emocionando, também.

Depois que expliquei tudo com mais detalhes, foi a vez de ligar e contar para o meu pai. O homem ficou tão feliz, que se ele tivesse fogos de artifícios na mão, não tenho dúvidas que os soltaria.

Ele garantiu que compraria a minha passagem e disse que fazia questão de me levar. É assim foi feito. No dia seguinte, logo cedo, meu pai já me aguardava na porta da minha casa.

Antes de entrar no carro dele, pedi pra aguardarmos um pouco e observei a casa ao lado da minha. Em menos de cinco minutos, vi Alice saindo com a mãe dela, que a levaria pra escola naquele dia, no meu lugar.

Ela estava sonolenta, mas assim que me viu, ficou em alerta e sorriu, vindo na minha direção quase correndo e só parou quando se encaixou no meu abraço.

— Bom dia, cara amassada. — Brinquei.

— Depois de ontem, nem sei como acordei. — Reclamou com a voz abafada pelo meu peito e eu ri do drama. Nem tínhamos bebido tanto assim.

— Pensei que já tinha ido para o aeroporto. — Se afastou pra me olhar nos olhos.

— Eu não poderia ir, sem ganhar meu beijo da sorte. — O sorriso dela foi tímido, talvez por ter sua mãe por perto. Mas mesmo com vergonha, ela ficou nas pontas dos pés e eu me inclinei, facilitando pra ela.

Jogo do Amor - Uma amizade que se transformaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora