Epílogo

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• Derek Narrando

— Filho. — A voz da minha mãe me tirou do transe. Eu ainda estava parado, com a testa colada na porta dos Stones, de olhos fechados, tentando assimilar tudo o que tinha acontecido.

Só então, notei que lágrimas grossas ainda rolavam pelo meu rosto e as sequei num movimento rápido.
Funguei e ajeitei a postura, antes de me virar de frente para aquela que ainda me amava.

Independente dos nossos problemas.

Ela abriu os braços, como fazia quando eu era pequeno e chorava, depois que me ralava. Dessa vez a dor era bem maior que uma ferida no joelho, mas eu ainda queria aquele abraço.

Andei na direção dela quase me arrastando, porque eu tinha perdido toda a minha energia. Era óbvio que eu já não cabia no seu colo, mas eu me encolhi até minha cabeça se encaixar na curvatura do seu ombro com o pescoço, pra esconder o meu rosto ali e ela me envolveu com seus braços.

Senti suas mãos afagando meus cabelos e alisando minhas costas, antes de enfim conseguir me guiar pra nossa casa. Eu não conseguia dizer nada e nem ela perguntava, até eu chegar na porta do meu quarto, quando ela falou atrás de mim.

— "O tempo cura tudo". Era o que a sua avó sempre me dizia.

Suas palavras saíram com cuidado, como se ela tivesse medo de dizer algo errado. Ela não sabia que eu já estava tão amortecido, que nada do que ela me dissesse, poderia me deixar pior do que eu já estava.

— Eu não sei o que aconteceu e imagino que foi algo muito sério. Você não precisa me contar, se não quiser. Mas eu sei que você é um bom garoto. Os Stones também sabem. Você pode ter cometido um erro grave, mas ainda é só um erro. Dê um tempo, pra eles te perdoarem. Pra ELA te perdoar.

Eu me perguntei se um dia ela perdoaria os erros do meu pai. Me virei pra olha-lá, antes de responder.

— Foi um erro grande demais, mãe. Eu errei feio. Eu menti. Menti pra quem sempre foi sincera comigo e que nunca conseguiu me esconder nada. Nem aquelas fracassadas festas surpresas, que sempre tentaram fazer pra mim e ela estragava.

Dei um sorriso que não sobreviveu nem dois segundos.

— Eu errei com a última pessoa que eu poderia errar. Eu mereço ser repudiado por todos eles. — Dei de ombros aceitando minha desgraça e voltei a entrar no meu quarto, até me jogar de costas na cama.

— Quando você parar de se punir, eu sugiro que você se erga e lute, como sempre fez. Eu sempre admirei sua garra, Derek. Você não é o tipo de cara que desiste. Não se transforme nisso, agora. — Ela sentou na ponta da minha cama e apesar de eu estar encarando o teto, podia vê-la me observando.

— Um bom lutador sabe identificar quais lutas ele pode ganhar, mãe. O que eu vi ali... é uma luta impossível de vencer. Ela me odeia. — Fechei meus olhos revendo a imagem de Alice raivosa, empurrando meu peito.

— Se odiasse, ela não sofreria pelo seu erro. Eu vi como ela ficou. Ela está exatamente como eu, em relação ao seu pai. Ela tá ferida, justamente, por te amar e ninguém consegue deixar de amar alguém assim, de um dia para o outro. Ainda mais o primeiro amor.

Era a primeira vez que ela citava a traição do meu pai, em muitos anos, mas eu não respondi nada. Eu só queria ficar sozinho e ela suspirou, entendendo o meu silêncio. Ela apenas se levantou, beijou minha testa e se retirou, me deixando sofrer em paz.

• Ester narrando

Depois que Melissa despejou toda aquela merda, eu e Alice saímos sem olhar pra trás. Eu nem sei como chegamos no banheiro. Eu estava com a cabeça a mil e meu corpo no piloto automático.

Jogo do Amor - Uma amizade que se transformaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora