Capítulo 11

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• Derek Narrando

Uns dias atrás, os caras marcaram de jogarmos basquete, domingo de manhã, na praça. Eu achei que todos estariam de ressaca, pela festa de sábado, e esqueceriam disso.

Mas acordei 8h, com a ligação de Brandon, me chamando, pra levar a bola. Mesmo sem vontade, tomei um banho e fui. Eu precisava encontra-lo, pra conversarmos.

Depois de jogarmos algumas partidas e eu ouvir sobre as conquistas de cada um deles, na última noite, nos despedimos, mortos de fome. Os caras também comentaram sobre a dança de Alice e Ester, mas com bastante cuidado.

Eles já sabiam o motivo que Brandon levou aquele soco. O maluco era o meu melhor amigo, entre eles, ali. No entanto, eu não o deixei passar impune, quando ele falou da Alice. Então, nenhum deles, quis arriscar uma confusão comigo, falando dela, na minha cara.

— Ei! — Chamei o loiro, alcançando o seu passo, que já caminhava pra casa.

Ele parou pra me ouvir, colocando as mãos na cintura, ainda com a respiração ofegante, do jogo. Fiquei de frente pra ele, e passei a bola que estava nas minhas mãos, para o meu quadril, a prendendo ali, com o braço.

— Eu queria falar contigo, sobre o jogo da Melissa, pode ser? — Meu tom era tranquilo, mas eu sabia que a expressão do meu rosto, denunciava o quão sério o assunto era.

— Claro, cara. Fala. — Ele incentivou que eu continuasse, com um olhar atento.

— Bom. Eu pedi pra ela cancelar, mas o meu pedido foi ignorado. Logo, eu preciso da sua ajuda pra duas coisas.

Ele uniu as sobrancelhas, demonstrando sua confusão e eu prossegui.

— Primeiro: Na segunda-feira, eu não poderei ir à aula. Pelo lance do soco, na educação física.

Ele assentiu, contraindo o maxilar. E eu encarei a calçada, por um segundo, desviando do seu olhar. Ainda era recente, o nosso desentendimento e era estranho tocar no assunto, mas eu continuei.

— Então, eu preciso que você fique de olho nas meninas, nesse dia, por mim. Principalmente, na Alice.

Ele ergueu as sobrancelhas e riu pelo nariz.
— Que ironia... Você me socou porque eu estava de olho na Alice. Tomou uma suspensão pelo soco. E agora está me pedindo pra eu ficar de olho nela, durante sua suspensão. — Ele riu mais uma vez e meus batimentos aceleraram.

— Não é pra ficar de olho nela, desse jeito, seu filho da puta! — Me estressei, apontando o dedo pra ele, em forma de ameaça.

— Oh! Eu sei! — Ele ainda sorria, mas deu um passo pra trás, levantando os braços, pra mostrar que não queria briga. — Cara, você precisa relaxar.

O seu conselho era debochado, mas eu tentei segui-lo, mesmo assim. Puxei mais forte o ar, pra dentro dos meus pulmões e soltei devagar, retomando o controle.

— Eu não estou brincando, Brandon. — O sorriso sínico dele se desfez, e vi que, enfim, ele estava entendendo a seriedade.

— Pode deixar. Eu vou ficar de olho nela. Não vou deixar ninguém se aproximar, enquanto você estiver fora, tudo bem? — Ele me garantiu, com um tom firme e eu acreditei, respirando mais aliviado e assenti. — E qual a segunda coisa que você precisa? — Ele cruzou os braços, atento ao que eu diria.

— Eu quero que me ajude a fazer a Melissa se arrepender, desse jogo. — Falei sorrindo, vendo-o franzir o cenho.

— Como, exatamente, eu faria isso? — Ele parecia desconfiado.

— Simples, meu amigo. Enquanto esse jogo estiver de pé, eu vou  ficar, o tempo todo, atrás da Alice. Tomando conta, pra ninguém se aproximar dela. E você... — Apontei pra ele, enfatizando-o. — vai ficar do meu lado, se aproximando da Ester, ao mesmo tempo. — Ele sorriu, satisfeito, antes que eu terminasse de explicar.

— Esse é o nome da Ruiva, então! — Ele exclamou, como se um grande mistério, tivesse se resolvido. — Ester. — O nome dela saiu devagar da boca dele, como se ele estivesse se deliciando com o som.

— Ela é da nossa turma, desde o início do ensino médio, seu animal! — O olhei, incrédulo. — Como você não sabia o nome dela?

— Eu não lembro o nome nem dos meus parentes. — Riu, dando de ombros. — Nas reuniões de família, eu chamo todo mundo de tio, tia, primo, prima. Vai de acordo com a idade e sexo deles. — Compartilhou a sua estratégia, me fazendo rir, também. — Você acha que eu vou me lembrar do nome, de gente que eu nem falo, só porque é da minha turma? — Indignou-se e eu revirei os olhos, com o drama.

— Enfim. — Retomei de onde parei. — A Melissa vai ficar com ciúmes, vendo vocês juntos. Ela vai entender que, pra você parar de ficar atrás da Ester, vai precisar que eu pare de ficar atrás da Alice. E pra ela resolver isso, ela vai precisar cancelar esse desafio de merda. — Concluí e sorri abertamente, sabendo que meu plano era perfeito.

— Ciúmes? — Brandon questionou e negou com a cabeça. — Ela não tem ciúmes de mim, cara. Terminamos já tem tempo. Ela e eu, já ficamos com muitas outras pessoas, depois disso. Você está enganado. — Alertou.

— Mas vocês não ficam com outras pessoas, na frente um do outro, né? — Ergui uma sobrancelha, com um sorriso arrogante, pois eu sabia que eu tinha razão.

— Foi um acordo nosso. — Ele explicou, sem dar importância.

— E quem estabeleceu esse limite? — Eu já sabia a resposta. Me lembrava de quando ele me contou.

— Foi... Ela. — Ele respondeu devagar. — Mas é uma questão de respeito. Eu perceberia, se ela ainda tivesse sentimentos por mim. — Protestou, ainda em estado de negação.

— Qual é! — Eu ri. — Você nem sabe o nome dos seus familiares. Vai saber o que uma mulher sente? — Debochei e ele acabou rindo, também. Mas ainda negando com a cabeça.

— Ok. Se você está tão certo disso. — Ele deu de ombros. — Vai ser um prazer, perseguir a ruivinha. — O sorriso dele foi carregado de malícia e eu suspeitei que, talvez, eu nem precisasse ter pedido, pois ele faria isso, de qualquer jeito.

Nos despedimos e segui de volta para a minha casa. No caminho, eu puxei meu celular do bolso e fui direito no Instagram, em busca dos stories da minha futura sogra.

"DOMINGO EM FAMÍLIA!"
Ela escreveu sobre a foto de uma pizza. E depois um vídeo da Alice e Ester, apostando qual delas, aguentaria comer mais.

Eu aposto na Alice! Buraco sem fundo. Até eu, perco pra ela.

Esse pensamento me deu uma ideia e eu, rapidamente, procurei o contato do Brandon, no celular, já sorrindo.

— Caraca, já tá com saudades? — Ele me atendeu, rindo.

— Vai se fuder. — Ouvi ele gargalhando, com a minha resposta. — Se arruma rápido, que eu vou passar, daqui a pouco, na sua casa. Nós vamos na pizzaria. — Anunciei.

Jogo do Amor - Uma amizade que se transformaWhere stories live. Discover now