Capítulo 35

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• Alice Narrando

Aos poucos, a arquibancada foi lotando e as líderes de torcida já faziam suas perfomances pra animar a galera. A líder delas era a minha futura chefe, Melissa.

Em um momento da coreografia, a lançaram no ar num rodopio e ela pousou com perfeição, num único pé, enquanto a outra perna se esticava ao lado da sua cabeça, equilibrada em dois pares de mãos fortes, que a sustentavam. A sua flexibilidade levou a torcida a loucura. Principalmente a parte masculina.

Depois de muitas piruetas de Melissa, bufadas da Ester e aplausos do público, o jogo enfim começou. Eram 4 tempos. Nos intervalos, os jogadores conversavam com os treinadores e as líderes de torcida faziam mais manobras.

O melhor intervalo foi o último, quando o nosso mascote, um tubarão, se atrapalhou na sua dancinha e esbarrou na pirâmide humana, derrubando Melissa do topo, que se desequilibrou e caiu bem em cima do desastrado fantasiado.

Quando ele retirou a cabeça de tubarão gigante, reconhecemos o nosso colega de turma, Peter Mackenzie. Um menino tímido, mas muito fofo e inteligente. Já tinha nos ajudado algumas vezes com nossas dúvidas sobre física.

Ele pedia desculpas diversas vezes de modo agitado e ela só socava a espuma do seu peito, antes de grunhir como uma leoa e se levantar irritada. Fiquei com pena, mas a cena só ficou ainda mais engraçada.

Não digo que esse foi o melhor intervalo pela desgraça da Melissa, mas porque Ester estava bebendo refrigerante bem nessa hora e se babou inteira, sem conseguir conter a gargalhada escandalosa.

Na realidade, a arquibancada inteira explodiu em risadas. Confesso que também ri, mas não tanto da situação lá embaixo. Era mais pela ruiva rindo descontrolada do meu lado, parecendo uma hiena.

No último tempo o nosso time, estava com 70 e o time adversário com 72. O jogo estava super acirrado e só faltavam 8 segundos pra partida acabar. Derek estava com a bola na mão, driblando todo mundo e prestes à fazer uma cesta de 3 pontos, que viraria o jogo e nos levaria à semifinal, quando uma parede de músculos, tão grande quanto ele, o empurrou violentamente, fazendo-o rolar pela quadra e a bola escapar do seu domínio.

Meu susto foi tanto, que levantei do banco no mesmo momento, apreensiva e com o coração apertado, temendo que ele tivesse se lesionado com a queda e além de ter ficado com muita raiva do outro jogador, que revirou os olhos, quando o juiz apitou, anunciando a falta óbvia.

Brandon não se amedrontou com o fato do brutamontes ser maior que ele, e foi pra cima do cara, empurrando o peito dele, pra vingar o amigo. Logo os outros jogadores também estavam discutindo e a confusão começou a ficar generalizada.

Nem pensei direito, apenas desci correndo pelos bancos, ansiosa pra garantir que Derek estava bem. Quando cheguei na quadra e consegui desviar das pessoas em pé, bem maiores que eu, tampando a minha visão, já o encontrei de pé.

Eu nem tive tempo de me acalmar, pois já fiquei preocupada de novo. E agora não era com o seus machucados. Mas com os machucados que ele poderia causar em outra pessoa.

Eu conhecia aquela postura. Derek estava furioso. As mãos cerradas ao lado do corpo. A respiração pesada. Uma veia saltada na têmpora. Ele queria brigar e eu não podia deixar.

— Derek! — Gritei pra quadra, achando que ele, provavelmente, não me ouviria, devido gritaria, mas ele virou a cabeça e seus olhos encontram os meus de imediato, sem nem precisar me procurar.

Sua expressão suavizou um pouco, mas os braços e ombros ainda estavam rígidos.
— Foca no jogo! — Não precisei gritar dessa vez, porque ele podia ler meus lábios.

Jogo do Amor - Uma amizade que se transformaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora