Capítulo 15

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• Ester Narrando

Antes de chegarmos ao carro, eu tirei o braço do abusado, de cima de mim, fazendo-o rir. — Relaxa, ruivinha. — Ele apontou a chave para o veículo e destravou as portas, apertando um botão.

— Para de me chamar assim. Você já sabe meu nome. — Murmurei, prestes a abrir a porta do carona, mas ele passou na minha frente e abriu primeiro, fingindo ser cavalheiro.

Ah tá.

Eu sei bem, qual é o tipo dele. E ele está muito enganado, se pensa que eu vou cair na sua.

— Eu sei... Ester. — Deu ênfase no meu nome e ouvi-lo dizer, me causou um sentimento estranho. — Mas eu gosto de te chamar de "ruivinha".

Seus olhos eram de um azul claro, com uma aparência inocente, que quase enganavam. Quase. De inocente ele não tinha nada. Sua boca rosada, estava levantada em um sorriso torto e irônico, revelando uma covinha na bochecha.

Espera! Sorriso irônico? Merda!
Fui pega no flagra, enquanto o analisava.

— Ok, Loirinho. Então vamos nos chamar, pela cor dos nossos cabelos. — Fui sarcástica, mas ele pareceu ter gostado.

— Muito bem. Então já temos apelidos carinhosos. Acho que agora só falta os amassos. — Sorriu malicioso e me olhou de cima a baixo, enquanto ainda segurava a porta do carro aberta, pra mim.

— Amassos? — Eu ri com deboche e fui caminhando, pra entrar no carro.

— Não é isso que um casal faz, depois de um encontro? — Ele perguntou com um ar travesso.

A porta do carro estava entre nós e eu olhei pra ele, com uma sobrancelha arqueada. —Você é muito bom com piadas. — Ironizei.

— Eu sou muito bom em muitas coisas. — O sorriso dele era diabólico.

Ele realmente, só tinha a cara de anjo. Só cara.

Revirei os olhos para a insinuação dele e entrei. Ele fechou a minha porta, rindo e deu a volta pra entrar no carro, também. — E pra onde vamos, ruivinha? — Ele falou colocando a chave na ignição.

— Como assim, "pra onde"? Pra casa da Alice. Ela mora do lado do Derek. Você já sabe o caminho. — Falei o óbvio.

— Não quer dar um passeio antes? O carro é nosso, por enquanto. — Seu olhar carregava a esperança de me seduzir a aprontar com ele.

Confesso que senti vontade de ceder ao seu convite. Mas voltei rápido para o meu juízo perfeito.

— Eu acho que você está me confundindo. — Falei irritada e estreitando os olhos pra ele. — Não sou uma das vadias burras, que se encantam com a sua aparência e papo. — Ele levantou as sobrancelhas, surpreso e parecia segurar um sorriso. — Eu não tenho nenhum interesse em você. Fui suficientemente, clara? — Eu o encarava séria, mas o desgraçado sorriu.

— Ruivinha, você precisa aprender uma coisa importante, sobre mim. — Ele colocou o braço no meu banco, na altura da minha cabeça e se inclinou na minha direção. Eu me afastei o máximo que pude, encostando minhas costas na janela.

— Eu amo um bom desafio. — Os olhos dele desceram para os meus lábios, sem disfarçar o seu desejo e eu senti que meu coração ia sair pela boca.

— Se você se aproximar desse jeito, outra vez, eu vou descer do carro. — Tentei parecer firme, mas ele notou o nervosismo na minha voz e riu, se endireitando no seu banco e ligando o carro.

Me acertei no meu assento e soltei o ar, preso no meu peito. — Você tem alguém? — Ele falou enquanto dirigia, de maneira despreocupada.

Nem me dignei a responder. Apenas dei um riso irônico, mantendo minha atenção na rua, a minha frente.

— Ué. É só curiosidade. — Reparei nele me olhando de relance.

— Se esta perguntando se namoro alguém, não. Eu não tenho e nem quero namorado. —Respondi rápido, afim de encerrar o assunto.

— Hum! Então, é das minhas? — Ele riu, divertindo-se com o som indignado que soltei, com aquela comparação.

— Eu duvido que exista algum contexto, em que eu seja "uma das suas". — Fiz aspas com os dedos, ao cita-lo.

— Eu não namoro e nem quero. Assim como você. —Ele explicou com um sorriso arrogante.

— Não é a mesma coisa. Seus motivos são bem diferentes dos meus. — Cruzei os braços, impaciente.

— E isso faz diferença, se o resultado é o mesmo? — Ele estava bancando o espertinho pra cima de mim. E eu estava perdendo o pouco de paciência, que ainda me restava.

— É. Tem toda a razão. Temos algo em comum. — Não argumentei e nem o contrariei. Não por concordar com ele. Mas pra não entrar no joguinho dele. Minha intenção era acabar com aquele papo.

— Eu sempre tenho razão. — Provocou, com um sorriso zombeteiro. Que cara irritante.

— Sempre. — Confirmei. Sarcasmo é o meu sobrenome.

Ele riu rouco e ficamos em silêncio por poucos segundos. Pois não demorou pra ele voltar a falar. — Eu gostei do seu novo estilo.

Precisei olhá-lo pra saber se ele estava sendo irônico, mas não consegui identificar nada no seu rosto. Parecia estar falando a verdade.

— Eu só tirei um casaco. — Dei de ombros, apesar de concordar que aquilo fazia muita diferença na minha aparência.

— Você fica bem melhor sem ele. — Ele sorriu de um jeito, que eu quase achei fofo. Mas ele me lembrou logo, que ele não é um cara fofo. — E o que dizer sobre o look de ontem? — Ele deu um assobio, como se estivesse revendo a imagem na sua mente. — Você estava sensacional naquela roupa, ruivinha.

Senti meu rosto corar e eu não conseguia responder nada.

— Sabia que eu fui dormir pensando em você? — Confessou e eu continuei sem reação. — Sacanagem você ter ido embora tão cedo da festa. — Reclamou e me deu uma olhada rápida.

Eu devia estar com uma cara de idiota, pois ele deu mais um dos seus sorrisinhos irritantes e eu voltei pra realidade.

— Hã... obrigada. Eu acho. E eu fui embora, porque a festa não estava tão boa, como falaram que seria. — Falei com desdém, voltando a olhar pra frente.

— Oh! Mesmo? — Brandon fingiu espanto. — Fiquei curioso pra saber o que você faria numa festa, que julgasse boa. — Olhei de canto de olho e o vi segurar o riso.

— Não entendi o que você está sugerindo. — Falei ríspida.

— É que eu soube do seu showzinho sexy, com a sua amiga. Fiquei triste de ter perdido. — Ele fez um bico, encenando sua chateação, antes de rir, debochadamente.

Eu quis tomar um chá de sumiço, naquele minuto. — Eu tinha bebido. — Justifiquei depressa.

— Ei! Relaxa! Não precisa botar a culpa na bebida, gata. Eu sei que aí dentro... — Ele apontou pra mim, com o indicador, segurando o volante apenas com uma das mãos. — você também é quente, como esse seu cabelo de fogo.

Que cretino.

— Você é um ridículo! Da pra você dirigir calado? Eu não aguento mais ouvir sua voz! — Falei, quase gritando, perdendo o controle, completamente.

— Wol! — Ele arregalou os olhos e riu alto.

Apesar de continuar sorrindo, de uma maneira irritante, ele calou a maldita boca, até chegarmos em casa.

Onde eu estava com a cabeça, quando achei que voltar sozinha com ele, seria um bom prêmio?!

Jogo do Amor - Uma amizade que se transformaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora