Capítulo 8 - Como organizar uma revolução adolescente

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Ainda tem alguém aí?

É, eu sei. Muito, muito tempo.

Eu não sei muito bem como explicar tudo, mas meu ano passado não foi lá muito bom. Esse aqui também não começou ótimo. Nem preciso dizer que tem ficado cada vez pior.

A boa notícia é nesse mês estou de férias do trabalho e de quarentena, então terei mais tempo. Creio que vou atualizar pelo menos mais umas duas ou três vezes esse mês. Talvez a gente tenha mais constância nas postagens de agora em diante, mas não posso prometer nada, sabe? Bloqueio criativo é uma merda. Mas espero que fique tudo bem <3

Tomara que ainda tenha alguém aí lendo, e que me perdoem a demora. Só lembrando que tem meu twitter no meu perfil, então se eu eu desaparecer de novo, aceito puxão de orelha por DM ou mention kkkk

(Mas falando sério, o feedback e a cobrança de vocês é motivador, e eu sou mais ativa por lá do que por aqui. Fica a dica hehe)

Espero que gostem, boa leitura! xoxo
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"Eu não acredito nisso, Zanne. Mas que merda!"

Marceline simplesmente rasgava passagem a sua frente, pisando duro no chão e bufando de puro ódio. As pessoas saíam de sua frente com medo. Bonnibel vinha logo atrás, tentando inutilmente acalmá-la.

E tentando não se deixar afetar pela garota estar brava ao ponto de chamá-la pelo sobrenome.

"Você precisa se acalmar, Marceline. Ficar desse jeito não vai ajudar em nada."

"E o que é que você sabe disso, princesa?", ela respondeu, virando para a garota com os olhos queimando de raiva.

"Ei, eu não tenho culpa disso! Só estou tentando ser sua amiga e aju-"

"Não somos amigas, Bonnibel."

A garota ficou em choque, porém durou apenas alguns segundos. Escolhendo outra abordagem, amarrou a cara e cruzou os braços.

"Ótimo, que se foda isso então. Estou tentando ser a porra da presidente de classes, e é parte da minha obrigação fazer alguma coisa sobre o que aconteceu. Então faça o favor de acalmar o caralho da sua raiva e me ajudar a pensar numa solução pra isso, porque é sua obrigação como presidente do grupo LGBQ+ também!"

Algumas pessoas ao redor pararam para observar a comoção. Bonnibel não era do tipo de falar tão alto, muito menos xingar. Marceline ficou estatística no lugar. Depois simplesmente continuou a andar, porém dessa vez calmamente e sem gritar com a outra.

Não é preciso dizer que um pedido de desculpas nunca veio.

"Só não consigo acreditar nisso. Como a diretora pode ser tão ridícula, Bonnibel? Não faz sentido. Isso é horrível."

A grande questão era o posicionamento da diretoria da escola sobre os pedidos delas. Marceline havia iniciado um enorme projeto para uma semana de conscientização sobre transexualidade na escola, e algumas possibilidades de punição para o comportamento preconceituoso com esse grupo, visando evitar novos ataques como o que Kevin sofrera.

Porém, o projeto não foi aceito pela diretoria. Com o argumento de que o tema era "demasiadamente político" para adolescentes, a direção havia determinado que a contratação de dois seguranças extras seria o suficiente para impedir novos ataques dentro do prédio da escola.

"Eu não sei, Marceline... Eu não sei."

"Eu acho que sei o que é", respondeu Marceline. A essa altura, ela já havia saído do colégio e feito Bonnibel a seguir até a área externa, num local afastado onde ela poderia fumar. Fez uma pausa para acender o cigarro, e prosseguiu: "Escola particular. Tem gente muito rica dando dinheiro a eles pra que seus filhos estudem aqui. Gente rica normalmente é bem escrota - e eu sei disso porque minha família tem dinheiro, eu conheço essa gentinha. Um bando de conservadores de merda. Se a escola achar que uma medida vai afastar esses pais pagadores, eles não vão tomá-la. Nosso bem estar não vale mais que dinheiro."

Agridoce - Bubbline AUWhere stories live. Discover now