XIX - Minha sogra poderosa

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Jorge queria conhecer os meus pais, para o meu desespero, nunca tinha levado um menino em casa e não sabia bem o que esperar, mas no dia, todos os meus medos sumiram, meus pais adoraram Jorge, principalmente a minha mãe, que o achou muito bonito (ela não está errada), o meu pai nem tentou bancar o durão, depois de 5 minutos de conversa, já estava chamando o meu namorado de genro.

O meu desespero voltou quando Jorge disse que eu tinha que conhecer a mãe dele. No dia em que fui na casa dele, ela estava numa convenção de livros, então não pude conhecê-la naquele dia.

Dona Selma era viúva, o pai de Jorge morreu num acidente de avião a uns 10 anos.

Aliás, esse mesmo acidente matou o pai de Carlos e os pais de Clarissa, eles se conheceram numa sessão de terapia paga pela empresa aérea, eles ficaram amigos e se ajudaram a superar essa perda, desde então, ficaram inseparáveis.

Antes do marido falecer, Dona Selma trabalhava como editora, e após superar a perda, decidiu escrever um livro de auto-ajuda, e usando seus contatos, conseguiu publicá-lo com uma tiragem considerável.

O livro acabou vendendo rapidamente, principalmente porque alguns jornais locais divulgaram seu trabalho. Em menos de três meses, o livro estava no top 10 nacional da sessão de auto-ajuda, perdendo apenas para alguns padres de menor importância.

A mãe de Jorge acabou se tornando conhecida e depois publicou mais dois livros sobre perda e superação.

Ela era uma mulher incrível que conseguiu vencer na vida, por isso estava tão intimidada em conhecê-la.

Novamente, meu medo se encerrou no instante que a conheci, ela era amável, gentil e muito engraçada, assim como o filho.

Lembro que no dia em que a conheci era num feriado, bem no meio da semana. Dona Selma ia organizar um almoço para comemorar o aniversário de Jorge, que foi dois dias antes.

Eu, como namorada, não podia perder esse almoço. O almoço começaria lá pelas 12:00, mas como eu queria ajudar a preparar tudo, fui umas 9:30.

Meu coração só faltava saltar da boca a cada passo mais próximo da casa de Jorge, quando eu cheguei lá, me deparei com uma cena que achei estranha e adorável.

Quando toquei a campainha da casa de Jorge, Dona Selma me atendeu, mas não estava do jeito que eu esperava.

Eu sempre a vi em fotos e vídeos (no YouTube tem várias palestras dela), como uma mulher poderosa, serena, sempre de terninhos estilosos e saltos enormes, e quando eu vejo, me deparo com ela com os cabelos arrepiados, segurados por um prendedor, uma camiseta preta que mostrava a sua barriga e um mini short com uma pequena parte rasgada do lado. Apesar de tudo isso, ela conseguiu se manter extraordinariamente linda.

"Wow! Agora eu sei porque o meu filho é louco por você, a televisão não faz jus a sua beleza.", ela disse animada, me abraçando com um sorriso no rosto, não posso dizer que não fiquei sem graça.

"Eu digo o mesmo pra você.", respondi, meio sem saber o que dizer.

"Não temos tempo a perder, vamos entrando, Jorge saiu para buscar as mesas, tenho que terminar de preparar tudo e uma ajudinha não seria tão ruim, a Clarita vinha me ajudar, mas está atrasada como sempre.", Clarita era como Dona Selma chamava Clarissa desde quando ela era pequena.

"Eu vim pra isso, senhora Magalhães."

"Por favor, me chame de Selma, Dona Selma, sogrinha ou mãe, não estamos numa reunião de negócios, pode relaxar.", ela disse de forma simpática, adorei o fato de ela já me considerar como nora, chamá-la de sogrinha parecia ser perfeito, mas não tinha coragem.

"Tudo bem, Dona Selma.", respondi rindo, "Vamos fazer o almoço para o homem que amamos."

"Adorei, esse é o espírito."

Que bom que ela gostou, achei que tinha me empolgado demais na hora.

Olá, Eu Morri | COMPLETOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora