XXVIII - Manu e Jorge feat. a minha cara feia

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"Uau, isso tá ruim", disse Manu quando leu o roteiro, nós duas estávamos sentadas no saguão do prédio esperando nossas respectivas caronas.

"Bom, a culpa disso é sua que estava dormindo no dia em que decidimos isso", respondi.

" Nem vem, Esther. Você também estava lá, podia ter falado alguma coisa."

"Você sabe que eu não ligo pra isso."

"Mas até você reconheceu que isso tá um cocô, não é?"

Fiz uma careta de desgosto e acenei com a cabeça. Manu se levantou e começou a se alongar na minha frente.

"Vou falar com o Marco, pra ver se a gente pode dar uma nova olhada nesse script", ela disse, levantando a perna e colocando atrás da cabeça, sempre me impressionei com a flexibilidade dela.

"Será que ele vai aceitar? Marco sempre foi meio ciumento com as histórias dele", respondi, Marco era um figurão do estúdio, ele que decidiu adaptar a novela e escreveu a maior parte dos roteiros, algumas boas e várias ruins, foi ele que deu o argumento para o filme.

"Ele vai ter que aceitar, vou esfregar meu crachá de produtora executiva na cara dele", ela mostrou o crachá.

"Acho que ele não liga muito pra isso."

"Quer apostar?", ela disse, Manu é completamente louca por apostas, durante as gravações dos especiais da novela, ela jogava pôquer com o pessoal do elenco e da produção, e sempre ganhava, ela conseguiu quase todos os figurinos de Alice - que eram lindos, por sinal - apostando no pôquer com o pessoal de figurino, apostar com ela é pedir para perder.

"De jeito nenhum", respondi sabiamente.

"Boa menina", ela piscou pra mim.

Manu continuou se alongando. Ela se vira e olha para a porta giratória atrás de mim.

"Sua carona chegou", ela disse, apontando.

Eu me viro e vejo Jorge, com os cabelos molhados e arrepiados, de bermuda e uma blusa fina, abotoada, ele vem na minha direção e me dá um beijo na bochecha.

" Oi amor."

"Oi amor nada, estou com raiva de você", eu disse, fazendo cara feia.

"Ué, e porque?", ele pergunta, sorrindo.

"Porque o estúdio não deixou eu ir no parque aquático com você."

"E porque você está com raiva de mim?", ele continua sorrindo.

"Porque você foi", cruzei os braços.

Jorge começou a rir.

"Não começa, amor, você me deixou ir"

"Mas como um bom namorado, era pra não ter ido e ficado me esperando aqui."

"Ah, é claro", ele pisca para Manu, que estava rindo e ouvindo tudo.

"Oi Jorge, que bom que me notou", Manu diz, indo na direção dele. Jorge beija sua bochecha e a abraça.

"Oi Manuella, quanto tempo."

"Pode me chamar de Manu. E aí? Quando você vai perceber que está namorando a atriz errada?", ela diz, me provocando.

"Você sabe que eu só tô usando ela pra me aproximar de você, não é?" , Jorge entrou na brincadeira, odeio quando ele faz isso.

Eles dois riem juntos, eu apenas faço cara feia.

Olá, Eu Morri | COMPLETOUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum