Contrato de Casamento (completo)

Capítulo 38

Cinco dias, cinco míseros dias que eu passei deitada. Não fui trabalhar, não queria comer, não consegui dormir...acho que nem queria viver mais. A única coisa que eu sentia era uma dor terrível no meu coração. A dor era insuportável. A minha mente sempre me mostrava a humilhante cena de traição daquele dia. As lágrimas não paravam de brotar dos meus olhos. Eram lágrimas de tristeza, misturadas a lágrimas de raiva. Como pude ser tão estúpida? Como pude acreditar que ele sentia algo por mim? E ela... Sofia, como pode me trair daquela forma? Se eles estivessem gostando um do outro era só me falar. Eu entenderia... mas me trair da maneira desprezível... aquilo para mim era inaceitável. E agora o que vou fazer da minha vida? Não tenho mais casa, não tenho marido e também não tenho mais vida.

— Oi já está acordada? Entra a Paty no quarto desfazendo os meus pensamentos.

—Na verdade não dormi.

—Amiga, não imagino a dor que está sentindo. Mas você tem que sair daí.

— Paty, sabe que sou grata por ter me acolhido e por ter me ajudado no momento que mais precisei. Mas queria te pedir mais uma coisa.

—Claro amiga, no que posso te ajudar?

—Você, consegue ir comigo até em casa, para eu pegar as minhas coisas.

—Tem certeza que quer fazer isso?

— Sim tenho.

***

Quando o táxi parou em frente a propriedade dos Watson, senti um frio na espinha. Me dirigi aquela casa que tinha sido o meu lar por 8 meses e não tinha certeza se tinha forças para entrar. Como se me desse forças, Paty segurou no meu braço. Abro a porta e meus olhos correm o ambiente. Ela era tão grande e bonita. Com seus móveis grandes e com sua decoração marítima. Me lembrei dos momentos felizes que tive ali. Sinto o nó em meu coração. Subo as escadas e vou ao quarto, entro no closet pego uma mala e começo a separar as minhas coisas.

— Luisa! E meu coração estreme quando ouço o som da voz dele. Aquela voz que eu tanto amei, mas agora que eu sentia raiva. Continuei colocando as coisas na mala e não respondi. Aquele silêncio era esmagador.

— Me bata, brigue comigo Luisa! Mas pelo amor de Deus fale alguma coisa.

Aquelas palavras me fizeram olhar para ele. Ele estava diferente. O cabelo estava bagunçado, pálido e com umas olheiras horríveis. Parecia que fazia tenho que também não dormia. Mas uma vez eu não disse nada. Voltei os meus olhos para a mala e continuei colocando as coisas lá.

—Porra! Luisa! Fala alguma coisa! Ele gritou nervoso, jogando tudo o que tinha na cômoda do nosso quarto no chão.

O modo que ele agiu me assustou.

— Não tenho nada para dizer. Só vim buscar as minhas coisas. respondi seca.

—É assim, você vem para cá arruma as suas malas e não diz nada, se quer conversa. Simplesmente desiste do nosso casamento?

Da forma que ele disse ele queria me fazer me sentir culpada e um calor subiu pelo meu corpo e eu senti muita raiva, muita raiva.

— Não se faça de vitima, não fui eu quem desistiu do nosso casamento? E sim você!

Você que estava beijando a minha irmã. Você que me traiu da forma mais torpe.

—Eu, eu só estava confuso, sei lá dividido com a presença da sua irmã. Mas aquele beijo não significou nada!

—Nada! Eu vi vocês se atracando na sala!

— Ok eu errei da pior forma possível com você. Me perdoa! Mas temos uma vida juntos e temos sentimentos um pelo outro.

—Sentimento? Você nem sabe o que é isso? Eu amei muito você Harry! Demais. Podia dar a minha vida por você. Mas agora não...

—Eu não acredito que não sinta mais nada por mim.

—Você me fez conhecer o amor, mas também fez conhecer outro sentimento, que eu abomino. Você matou o amor que eu sentia por você. Agora a única coisa que sinto é raiva.... ódio.

—Por favor Luisa não me odeie! E ele me olha chocado da frase que pronunciei.

—Bom já terminei de arrumar as minhas coisas. Depois te mando o papel do divórcio assinado.

—Eu não vou te dar o divórcio. Você não pode decidir isto sozinha.

— Faça como quiser.

Foram as últimas palavras que eu disse a ele quando fechei as malas e saí do quarto. Eu me viro e dou uma última olhada naquela casa. A fachada grande e imponente, o jardim bem enfeitado com as rosas. Respiro fundo e saio dali pronta a recomeçar a minha vida