Capítulo 1

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Brilhava tanto... Camila estava focada nas luzes do pisca-pisca que enfeitava a loja de produtos eletrônicos próxima a entrada da praça de alimentação na qual estava sentada com suas amigas. Definitivamente havia algo de errado com o pisca-pisca, ele simplesmente não piscava.

Foi despertada de seus devaneios com um estalar de dedos frente aos seus olhos.

- Ei... Você está nos ouvindo? – Dinah perguntou quando conseguiu a atenção da amiga. Camila olhou envergonhada para as amigas e deu um pequeno sorriso.

- Desculpem. – pediu.

- O que há de tão interessante naquela loja afinal? – Dinah questionou ainda intrigada.

- Bom, o pisca-pisca... – Camila começou, mas se interrompeu suspirando. – Desculpem novamente. Eu acabei focando em qualquer coisa para não pensar no que está acontecendo comigo. – confessou.

- Oh, ainda está tendo aqueles enjoos terríveis? - Normani tocou em seu ombro com um olhar preocupado.

- Tá brincando?! Essas batatas fritas de vocês estão me dando vontade de correr para o banheiro. – Camila bufou frustrada, encolhendo os ombros.

- Mana, acho que já passou da hora de você pedir para seus pais te levarem ao médico. – Normani disse olhando para Dinah em busca de apoio.

- Falou e disse, Mani! – Dinah disse antes de colocar uma frita na boca. – Hmmm... Fora que ficar enjoada com essas delícias é um terrível pecado. – comentou com tanta lastima que fez as amigas rirem.

Nem sempre foi assim. Tudo aconteceu há quatro anos atrás. Normani e Camila se falavam apenas por educação, já que uma achava a outra metida, pois suas mães frequentavam o mesmo salão de beleza desde sempre e elas acabavam sempre se encontrando por lá. Já Dinah era novata na escola e tinha uma postura tão rígida que, junto com o seu tamanho, fazia as pessoas terem medo dela. Isso mudou dois meses depois, quando houve um sorteio para selecionar equipes para um trabalho de química, matéria que faziam juntas. Quando começaram a ver o quanto tinham em comum e o quão legais eram como indivíduos, durante a produção do trabalho, elas nunca mais se separaram.

- Tudo bem. Hoje mesmo peço a eles. Até porque o ano novo está chegando e eu não quero estar de cama ao invés de curtindo com vocês. – Camila as abraçou de lado, enquanto ainda estavam sentadas.

- Opa! Aquela bendita loja acaba de ficar mais interessante. – Normani disse ajeitando sua postura. Suas amigas olharam em direção a loja de produtos eletrônicos. – Jogadores universitários fresquinhos, senhoritas.

- Quieta esse facho, Mani! – Dinah disse também ajeitando a postura. – Acabei de me lembrar que preciso de um novo pendrive. – olhou cumplice para Normani.

- Quieta o facho, han?! – Normani lhe sorriu. Camila revirou os olhos.

- Meninas, olha só quem também está com eles. – Camila pediu fazendo uma careta. Suas amigas analisaram melhor a loja e fizeram um "oh" em coro. – E parece que me superou rápido. – Camila completou com um novo suspiro. – Mas não quero atrapalhar o flerte de vocês. Vão lá!

- De jeito nenhum vamos deixa-la aqui sozinha! Não é Dinah?

- Bom... Eu não estava brincando quando disse que precisava de um pendrive. – Dinah disse e Normani a olhou com reprovação. – Mas há outras lojas nesse shopping. – completou rapidamente.

- Isso mesmo! – Normani sorriu para Camila e depois olhou para a mesa. – Agora beba um pouco do seu milkshake, ele já está derretendo.

- Meninas... Vão lá, eu ficarei bem. – Camila insistiu. – Além do mais, agora estou curiosa para saber quem é aquela vaca. – disse afastando o copo de milkshake de si, deixando claro que não o tomaria, enquanto fuzilava de longe a loira baixa e sorridente agarrada ao braço que ela costumava agarrar.

- Oh, essa é a minha garota! – Dinah lhe sorriu. – Sendo assim, venha com a gente! Lembra daquela tática que te ensinei de fingir indiferença?

- Dinah... mais um pouco de indiferença e ela nem vai lembrar o meu nome. – Camila começou e olhou para o lado em busca de apoio. Franziu o cenho ao não ver Normani lá. – Mani?

Normani já estava caminhando para a loja e parou ao escutar o seu nome.

- Vocês veem ou não? – perguntou incrédula por as meninas ainda estarem no mesmo lugar.

- Deus... essa seca dela a está deixando bipolar. – Camila resmungou se levantando.

- Mas o fogo continua o mesmo. – Dinah completou acompanhando a amiga no movimento.




- Ei cara, o que acha de me dar esses fones de ouvido para repor os que você quebrou semana passada? – Lauren perguntou a Luca, seu companheiro de universidade, enquanto segurava o produto.

Assim como Lauren, Luca era pálido, mas seus cabelos eram castanhos claros e seus olhos castanhos. Os cabelos castanhos eram curtos, mas tinham movimento que – segundo ele – dava seu charme.

- Ah sem essa. Eu não quebrei por querer. – Luca reclamou.

- E você acha que isso resolve a questão deu estar sem fones? – Lauren ergueu uma sobrancelha em questionamento. Franziu o cenho ao perceber o amigo olhando por cima do seu ombro.

- Ei.. aquela não é a sua ex? – ele apontou discretamente.

- Ah, corta essa. Não vou cair nessa enrola... – Lauren começou, mas se interrompeu ao ver que o amigo não parecia estar brincando.

Ela não resistiu e olhou por cima dos ombros. Suspirou. Sim, aquela era a sua ex, e não qualquer uma. A ex que mais amou – a pesar de não ter coragem de dizer – e a que lhe partiu o coração também.

- Assim a garota vai sumir, Lauren. – Asheley brincou se aproximando da nova amiga. Lauren lhe sorriu sem graça ao perceber que não tinha tirado os olhos de Camila desde que a viu. – Quer que eu lhe consiga o número dela? – piscou.

- Oh, não sou do tipo que me comunico por terceiros e... bom, eu já tenho o número dela. Eu o bloqueei na verdade. – Lauren sorriu triste, devolvendo os fones a prateleira que estava. – Longa história.

- Sorte sua que eu não tenho nada melhor para fazer do que conhecer melhor a vocês e suas histórias, ao menos até o começo das aulas. – Asheley sorriu cumplice para Lauren, que retribuiu.

- Bom, fico feliz em ouvir isso. – Luca disse as envolvendo pelos ombros. – Preciso desabafar com alguém sobre a vez que perdi um pé do meu tênis favorito na festa da pior fraternidade do campus... até aquela noite. – Luca dizia enquanto as conduzia em direção a saída da loja.

Lauren apenas olhou para Asheley como que dissesse "prepare-se" e as duas sorriram.

- Ei, cavalheiros! Vamos dar umas voltas com a novata. Não demorem muito flertando com essas crianças. – Luca avisou, parando de andar com as meninas, aos amigos jogadores universitários que lhes acompanhavam, vendo-os com Normani, Dinah e uma Camila emburrada.

As três lhe olharam de cima a baixo ao serem chamadas de crianças e os rapazes apenas fizeram sinal de positivo. Luca lhes sorriu divertido e voltou a caminhar com as garotas.

Resiliência CAMRENWhere stories live. Discover now