Capítulo 3

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A família de Camila estava reunida a mesa de jantar da cozinha, compartilhando um almoço juntos. Mais dois dias se passaram desde a ida de Camila ao médico.

A campainha tocou.

- Querida, vá atender, devem ser os seus exames. – Alejandro pediu a Camila enquanto se concentrava no prato a sua frente.

Camila, que já não tinha apetite, largou o garfo na mesma hora. Sentia que poderia começar a tremer a qualquer minuto. Olhou para Sinueh e tudo que viu foi a mesma assentindo em concordância a Alejandro. Ela foi atender a porta e de fato era o seu exame. Suspirou. Também haviam desvantagens em ser um Cabello. Exames também chegavam mais rápido e ainda por cima em casa.

- Podemos abrir apenas mais tarde? – Camila pediu voltando a mesa.

- Concordo. Talvez seja melhor que Sofia vá brincar com Emily depois do almoço. – Sinu se pronunciou e todos a olharam. – Oh, mas não pelos exames. Emily me disse que a sua sobrinha está passando uns dias com ela. Ela tem a sua idade, princesa. – Sinu acariciou os cabelos da sua mais nova que lhe sorriu empolgada.

- Por mim tudo bem. – Alejandro deu de ombros. – Pensei que haveria mais do que um envelope. – comentou vendo apenas um documento próximo a Camila na mesa.

- Só foi necessário um exame de sangue... por enquanto. – Camila disse quase que em um murmúrio.





- Rezou bastante? – Sinueh perguntou baixo a Camila enquanto sentavam-se no sofá – Não quero te lembrar do quanto o seu pai pode ser explosivo. - Camila suspirou. "E você complacente", sentiu vontade de responder.

Seus pais sempre te deram tudo de melhor, nunca lhe deixaram faltar nada. Mas Alejandro tinha tolerância zero para quase tudo. Elas precisavam fazer por merecer todos os mimos. As melhores notas na escola, participação em boas atividades extracurriculares, melhores desempenhos... Foi terrível quando Camila se assumiu. Alejandro surtou. Forço-a a terapia e passou a leva-la e busca-la na escola. Com o tempo ele foi parando de sufoca-la, mas as sessões de terapia eram obrigatórias e ele nunca aceitou o relacionamento da filha.

O que Sinueh não percebia era que Camila tinha um pouco do pai em si e que essa situação toda a estava deixando uma pilha de nervos.

- Então, o que a minha princesa rebelde tem? – Alejandro sorriu para Camila, sentando-se ao lado da mulher. Camila os encarou brevemente antes de respirar fundo tomando coragem e abrir o envelope.

O silencio se fazia presente. Camila leu atentamente o que estava no papel e desabou a chorar. Sinueh escondeu o rosto nas mãos, respirando fundo, ao ver a reação da filha. Não podia ser. Alejandro franziu o cenho e se aproximou da filha, tomando o exame de suas mãos.

- Não pode ser tão grave assim. – ele murmurou antes de voltar para o seu lugar e começar a ler.

Ao que pareceram horas, a situação parecia a mesma na residência dos Cabello's. Camila ainda chorava, Sinu ainda estava em choque e Alejandro lia e relia o papel em suas mãos sem conseguir acreditar.

- O que... – ele começou. – Filha, aqui diz... – Alejandro não conseguiu terminar. Camila assentiu em lagrimas para afirmar o que ele tentava dizer.

Mais uma vez silencio.

- COMO FOI QUE ISSO ACONTECEU? – Alejandro disse tomado pela ira que afastou o seu choque. – GRAVIDA?! COMO? VOCÊ NÃO... VOCÊ NÃO ESTAVA COM AQUELA LÁ... – disse se levantando e segurando o papel firme em mãos.

- Ao que parece a sua filha pulou a cerca. – Sinueh disse em um tom sarcástico. – O que venhamos e convenhamos é irônico.

- EU NÃO QUERO SABER DE IRONIAS. – Alejandro gritou. Camila apenas chorava. – CAMILA, COMO? NÃO SE PREVINIU?

- Eu não tenho certeza. – respondeu após encontrar folego para falar. – Eu bebi muito aquela noite, mas me lembro de uma embalagem de camisinha no chão quando acordei.

- É BRINCADEIRA ISSO AQUI? – Alejandro começou a andar agitado pela sala. Riu incrédulo. – VOCÊ TEM 16 ANOS! ONDE APRENDEU A BEBER MUITO E TRANSAR SEM SABER SE FOI COM PREVENÇÃO? – ele parou na frente de Camila que se encolheu com os gritos. Silencio mais uma vez. Sinueh suspirou.

- Ok. Não vamos nos atentar ao que passou. É melhor não explodirmos com essas novas e desprezíveis informações. – Sinu disse ácida. – Passando longe da opção daquela opção que começa com A, então diga-nos Camila: Quem é o pai?

Parecia que a sala estava programada ter momentos constrangedores de silencio.

- Eu... eu não sei. – Camila murmurou.

- Você não sabe com quem transou? – Alejandro perguntou em um rosnado tão assustador quanto um grito seu. Camila negou com a cabeça, sem conseguir olha-lo. – Ok... criei uma puta.

- Papai, não diga isso. Eu bebi demais, ok? Eu estava chateada, muita pressão com as provas de final de ano e essa terapia forçada que mais me parece uma tortura. Eu... – respirou buscando folego e observando seu pai andar de um lado para o outro rindo e negando parecendo um louco. – Eu não vi essa situação. Não perguntei o nome do cara. Honestamente eu só queira fugir do mundo em que me encontrava e esquecer que briguei com a Lauren mais uma vez por culpa de vocês. – Ela continuava cada vez mais alto, quando sentia que não estava sendo ouvida. – Eu estava magoa e confusa e...

- Você não vai achar desculpas que bastem para mim. – Alejandro a interrompeu. Sinu estava ainda em seu lugar, chorando controladamente, perguntando-se onde havia errado. – Eu estou muito decepcionado com você, Camila. – admitiu o obvio. – Nós estamos. – olhou para Sinu a procura de apoio que prontamente recebeu. – Eu me sinto envergonhado, mas quem deveria ter vergonha é você... Mas você deve ter esquecido junto com a proteção sexual. – ironizou e saiu da sala.

Camila limpava as lágrimas e olhava assustada para a mãe. Ela precisava de alguém para lhe dizer que tudo ficaria bem, mas pareceu que não encontraria isso ali.

Alejandro voltou minutos depois e jogou uma mala sobre a mesa de centro, assustando a ambas.

- Coloque o que precisa e vá procurar o pai da criança ou qualquer um que se sinta caridoso o suficiente para lhe aceitar. – comunicou

- Alejandro...

- Não, Sinueh. Eu já passei demais a mão na cabeça dessa menina. Ela não é boa influencia sobre o mesmo teto que Sofia. – Alejandro disse olhando para Camila com desprezo. – Caso eu não tenha sido claro: Vá embora!






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E AÍ? COMO ESTAMOS?

Resiliência CAMRENOnde histórias criam vida. Descubra agora