Capítulo 32

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Era a terceira vez naquela noite que Lauren levantava assim que escutar o choro da pequena Julie pela babá eletrônica e se desvenciliava de seus lençóis e ia até o quarto das meninas, checar a bebê. Mas sempre que chegava, Camila já estava posicionada com a bebê em seu colo.


-Lo, vai dormir e desliga a babá eletrônica! - Camila disse assim que se deu conta da presença da mulher ali. - Já te disse que você não pode fazer nada por ela, ela está com fome. - explicou mais uma vez, exasperando em exaustão. Lauren deu de ombros se sentando na beirada na cama e dando um bocejo.


-Poderia ser apenas uma fralda suja e então eu seria útil. - Lauren argumentou e não resistiu a jogar o resto do seu corpo na cama. - Você precisa descansar também.


-Essa criaturinha aqui não brinca em serviço, todo choro é por comida com um bônus na fralda. - Camila disse se sentando ao lado dela. - Eu preciso de você bem acordada amanhã, meu bem. Por favor. - pediu lutando contra um bocejo.


Já havia se passado duas semanas desde que a pequena veio ao mundo e elas teriam uma consulta cedo no outro dia com a pediatra. Julie apresentou pequenas irritações na pele e elas ficaram preocupadas em saber do que se tratava. Camila só queria que Lauren tivesse condições de levá-las sem dormir ao volante.


-Eu só quero ser útil. - Lauren repetiu. Para ela era uma situação injusta que todos os cuidados iniciais da recém nascida dependessem basicamente da latina, o que a deixava sobrecarregada aos olhos da morena. - Você já se esforça tanto...


-Bom, mais do que justo. Já que fui eu quem abri as pernas para concebê-la, não acha? - Camila argumentou em meio ao seu cansaço já rotineiro e só depois se deu conta do que disse, tão rápido quanto Lauren que suspirou de forma pesada ao seu lado. - Eu quis di...


-Exatamente o que disse. - Lauren a interrompeu. - Você tem razão, me desculpe por de alguma forma querer fazer parte disso afinal. - murmurou já se levantando da cama e seguindo para a porta.


-Lo! - Camila chamou sem efeito e logo abaixou a cabeça quando escutou sua filha resmungar em seu seio. - Eu sei, mi amor, mama não devia ter dito isso. - disse e logo depois afagou os ralos cabelos de sua pequena. - Mas não se chateie comigo também, apenas se alimente e volte a dormir. Vou trocar sua fralda e deixá-la aquecidinha em seu berço logo depois.




No outro dia pela manhã estavam de pé cedo, tomando um rápido café e já prontas para seguirem para o pediatra. Camila sabia que Lauren havia ficado chateada já que lhe deu um simples bom dia nada caloroso e trocou menos de seis palavras com ela. Respirou fundo sabendo que não tinha muito o que fazer. Não era uma mentira ao final das contas, ela realmente estava naquela situação por ter se deixado levar em uma noite. Mas ela também sabia o quanto essa situação foi determinante na relação das duas e o quanto magoou Lauren. Agora que estavam bem e que sua filha levava o sobrenome Jauregui em sua certidão, a morena não precisava levar essa verdade na cara enquanto só se esforçava para ajudá-la.


-Me desculpe pela bobagem que falei essa madrugada. - Camila pediu, quando já estavam a alguns quarteirões de onde moravam. Lauren não disse nada do banco do motorista. - Amor, eu tô falando com você.


-Não precisa se desculpar. - Lauren respondeu ainda focada no trânsito. - Você estava certa e não é como se eu pudesse me chatear por isso sendo que já te perdoei. Eu que peço desculpas pela minha reação.


-Eu sei que essa cicatriz ainda está em você. - Camila disse buscando seu olhar pelo retrovisor interno do carro, já que estava no fundo com sua filha. - Mas acredite em mim quando eu digo, quando eu olho para a Julie eu não vejo o meu deslize do passado. Eu olho para ela e vejo nossa filha. - disse e logo depois reforçou - Minha e sua.


O resto do caminho foi em silêncio e, quando estacionaram próximo a clínica, Lauren aguardou pacientemente à latina remover Julie do carro antes de segurar seu rosto com as mãos e depositar um longo selinho em seus lábios. Camila sorriu com o cenho franzido para ela.


-Eu também a vejo como nossa e te agradeço por fazer dela a minha filha. - Lauren disse enquanto mantinha as mãos no rosto da latina, realizando um leve carinho. - Eu amo vocês.


-Deus, eu juro que nunca vou me acostumar a te ouvir dizer essas palavras direcionadas a mim. - Camila brinca se inclinando com o pedido silencioso de mais um beijo, que logo foi acatado. A latina sempre escutou Lauren dizer que amava os pais, os melhores amigos, até um animal de rua em determinado dia, mas até o dia do nascimento da filha nunca a havia escutado proferir essas palavras para si.


-Para, uma hora você vai se enjoar de tanto ouvir. - Lauren disse risonha enquanto travava o carro e a puxava em direção a clínica.



Duas horas depois de terem escutado o veredito da pediatra de que a pequena bebê estava com alergia as fraldas, Lauren se encontrava numa fila grande em um supermercado com um carrinho com três marcas diferentes de fraldas. Ela havia deixado a namorada e a bebê em casa, dado carona a Verônica que resolveu perder a chave do carro e estava atrasada e logo depoi se dirigiu ao primeiro mercado que viu. Estava ansiosa para testar as fraldas e evitar que as manchinhas avermelhadas se apossassem da sua filha novamente.



Aplicativo de mensagem

-Lauren-

Ainda estou na fila. Haja paciência, que fila enorme!

-Camila-

Fique tranquila, bb. Liguei pra sua mãe e ela basicamente me passou um tutorial de como usar fraldas de panos.

Sua filha está seca e confortável até você chegar com fraldas novas.

-Lauren-

Ótimo.

O que faremos com as que ela tem alergia?

-Camila-

Já encontrei a quem doar, não se preocupe.

Ok, esqueça o que eu disse. Volta logo para casa. Julie dormiu e eu quero aproveitar um tempinho com você..

Beijos molhados e de língua, mãos bobas..

-Lauren-

Vou tentar me passar por deficiente, aguente firme e mantenha-a dormindo.

Sessão de amassos é coisa rara hoje em dia

Longe de mim perder

-Camila-

Besta.

Se não conseguir chegar a tempo dela está dormindo, tudo bem.

Mas preciso do seu toque o quanto antes

SURTANDO SEM TEMPO PARA NÓS

-Lauren-

Acho até que ela já está na idade de ter uma babá.

Vou ligar para a minha prima de 13 anos!








DESCULPEM A DEMORA E AS POUCAS PALAVRAS.

Resiliência CAMRENWhere stories live. Discover now