2. c h a n g e s

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Frankfurt, Alemanha. Sábado- 7:00 AM

No enorme espelho do meu quarto, fico arrumando cada detalhe que penso estar fora do normal. Seja em meus longos cabelos negros ou no meu rosto mesmo. Pelo fato de estar de manhã, sinto meu sono em um nível muito elevado fazendo me perder nos devaneios da minha mente. Demoro um pouco mas vejo pelo reflexo que minha mãe está parada na porta me observando.

- Mãe! Que susto... - Coloco minha mão no peito.

- Você é tão linda...

- Ah, não começa! Eu acabei de acordar!

- Não acredito que dei a sorte de fabricar uma filha que fica bonita mesmo acabando de acordar...

- Ai, mãe... - vou andando em sua direção com um sorriso no rosto e a abraço forte. Sem dúvidas as pessoas que mais amo nesse mundo são meus pais. E ninguém irá mudar isso...

- Vamos descer? Seu pai está lá embaixo, o café na mesa... vamos, vamos!

- Ok, ok... vamos! - A acompanho acelerada em direção as escadas. Estava mais ansiosa para ver meu pai do que pelo café (tudo bem que vejo ele todos os dias), mas mesmo assim, não aguento ficar longe deles nem um segundo.

- Papaiiiii! - digo me jogando no seu abraço. - Bom dia, pai!

- Nossa, está animada em...

- Ah, claro né? Primeiro por que te amo e segundo por que vamos viajar, né?!

- Bom... filha... é... sobre isso... precisamos conversar, minha filha.

Vou me aproximando da mesa do café um pouco confusa mas preocupada com a mudança repentina do tom de voz dele.

- O que aconteceu?

- Iriamos viajar hoje cedo, mas infelizmente não será mais possível.

- Ai pai... - digo em um tom decepcionado - mas por que? O que aconteceu para vocês terem que cancelar tão em cima da hora?

- Um imprevisto muito urgente de uma pessoa acabou interrompendo nossos planos.

- Que pessoa?

- Você!

- QUE? - Pergunto surpresa.

Logo depois ele joga nas minhas mãos um papel dobrado em dois.

- Recebemos hoje mais cedo do carteiro...

Eu sinto a textura do papel primeiramente olhando fixamente para o mesmo, mas vou abrindo uma página de cada vez e começo a ler a carta. Enquanto isso meus pais se abraçam um do lado do outro sorrindo em minha direção.

- EU PASSEI?! - Grito sem acreditar no que tinha acabado de ler. Eles se entre olham orgulhosos

- MEU DEUS, EU NÃO ACREDITO QUE PASSEI, NÃO PODE SER, EU DEVO ESTAR SONHANDO, PAI, MÃE, EU PASSEI! EU PASSEI NA PROVA!

Me jogo novamente no abraço dos dois que retribuem na hora comemorando e me balançando de um lado para o outro.

- Eu não acredito que fui aceita em uma das escolas mais bem faladas dos Estados Unidos e tudo por que VOCÊ me obrigou a fazer a prova!

- Está vendo? A vida é muito curta para você deixar as coisas para depois, Jude! Você tem 16 anos, uma vida pela frente! E agora está no ensino médio... nossa filhota está crescendo, eu nem acredito!

Meu pai diz apertando forte minha bochecha.

- Paaaai! Isso dói, poxa! - Retiro sua mão. - Mas... mas e agora? O que eu faço? O que eu... eu fui aceita, em uma escola dos Estados Unidos, Los Angeles... E AGORA MEU DEUS?!

Animals Between UsWhere stories live. Discover now