Capítulo 3

1K 93 73
                                    

Na manhã seguinte, os Portilla se ocuparam nos afazeres domésticos. Jesse era o responsável pela limpeza da piscina assim como toda a área de lazer, Henrique podava as plantas enquanto Tisha preparava o almoço. Anahí lustrava os móveis depois da mãe ter aspirado o pó de todo o ambiente. E assim eram todos os sábados, sem desculpas e sem preguiça, todos tinham obrigação na manutenção da higiene e organização da casa. 

Tisha era uma cozinheira de mão cheia, o aroma que exalava de sua cozinha denunciava quão delicioso estava a refeição que preparava com capricho. E todos deveriam almoçar juntos, religiosamente.

- Delicioso, como sempre querida. – Disse Henrique servindo outra porção de batatas gratinadas, talvez a terceira ou a quarta.

- Obrigada querido, mas você não precisa comer tudo para provar isso. – Tisha ironizou afastando o refratário do marido. – Olha os triglicerídeos. – Emendou com um sorriso terno, impossibilitando que Henrique se irritasse, e ela sabia disso.

- Mãe, Sophia me chamou para dormir na casa dela, vamos maratonar Gossip Girl, posso ir? – Anahí perguntou, solvendo um gole do suco de laranja. Direcionou olhos até a mãe com uma expressão angelical, apenas para dificultar o temido “não”.

- E o que é isso menina? – Questionou servindo suco ao Jesse, que encarava Anahí.

- Deve ser uma série que ensina Revolução Russa para garotas com notas vermelhas em história. – Ironizou Jesse, levando uma garfada de macarrão até a boca.

- Onde vocês encontraram esse garoto não aceita devolução? – Anahí devolveu irritada. – Não se mete na minha vida, idiota. – Resmungou afastando o prato para cruzar os braços.

- Vocês podem agir como duas pessoas civilizadas? Os vizinhos devem pensar que foram criados no zoológico ou coisa do tipo. – Tisha repreendeu zangada, para ela não tinha nada pior que a julgarem como péssima mãe, ou duvidarem da sua capacidade de educar os próprios filhos.

Jesse tentou conter uma gargalhada cerrando os lábios, ele gostava da irmã, mas gostava mais ainda de irritá-la. Henrique olhava para os dois balançando a cabeça negativamente, já acostumado com aquela briga de gato e rato dos dois, por isso não dava tanta importância, e aproveitou para roubar outra coxa de frango enquanto Tisha estava distraída tentando pôr ordem nos rebeldes.

- Você deixa sua irmã em paz. – Apontou o indicador para Jesse. – E você pode ir, desde que eu fale com a mãe da Sophia antes, e que esteja aqui para o almoço de domingo, Ruth vem com a família. – Finalizou tocando a mão da filha.

Anahí

Ruth lembra os Herrera, que lembra a discussão da noite passada com Alfonso. Bufei contrariada, não queria participar daquele almoço e nem vê-lo. O pior era conseguir fugir daquilo, ou pensar em uma boa desculpa para não comparecer, o que é bem difícil quando o evento acontece na sua própria casa e você não tem muitas opções de lugares para ficar.  Subi até meu quarto e liguei pra Sophia, duas cabeças pensam melhor que uma.

- Você pode falar que assistimos série até tarde e acabou perdendo a hora de acordar, ou que está com cólica. – Dizia Sophia. – Mas porque mesmo vocês brigaram? Vocês nunca brigam. – Questionou curiosa.

- Porque agora ele é um coaching de carreira, e acha que a minha não tem futuro. – Respondi enquanto colocava algumas peças de roupa na mochila. – Meu pai vai me deixar, aí planejamos isso melhor. – Apressei quando ouvi a voz rouca do meu pai próximo a escada.

Desci as escadas correndo, revisando mentalmente se não esquecia nada. Senti o celular vibrar algumas vezes, mas não me interessei em olhar. Meu pai foi o caminho inteiro passando as recomendações, sem festa, sem bebidas e sem garotos. Não era a primeira vez que eu dormia fora de casa, mas ele afirmava que é necessário relembrar sempre, principalmente quando se tem uma filha distraída.

O Preço de um SonhoWhere stories live. Discover now