Capítulo 26

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Anahí

— Entregue. – Disse em meio sorriso, logo quando estacionou o carro em frente ao hospital.



— Obrigada, mas não precisava se incomodar com isso. – Reafirmo destravando o cinto.


— Não é incômodo, é cuidado. – Devolveu antes de enlaçar uma mecha de meu cabelo entre os dedos.


— Não estou mais acostumada com seu instinto protetor. – Mostrei a língua, e o vi travar o maxilar contrariado. Não era meu desejo alfinetá-lo, uma vez que as palavras saiam de minha boca antes que pudesse pensar.



— Tudo bem. – Suspirou se desfazendo do cacho. – Posso perfeitamente lembrá-la o quanto me preocupo com você, só basta que faça um esforço para não voltar a esse assunto, ok? – Pediu.



— Ok. – Concordei e então outro sorriso se formou em seu rosto, dessa vez mais tímido, o que me privou de enxergar seus dentes perfeitamente alinhados.


— Não tenho como desejar boa noite dentro desse lugar, mas espero que fique bem. – Grudou a testa na minha e fechei os olhos no automático, a respiração quente sobre minha pele fora o suficiente para me tranquilizar. – Amanhã cedo nos vemos...- Continuou e eu levei as mãos até seu rosto, dedilhando todo o caminho da barba recém aparada. – Vai me achar repetitivo se disser que amo você?



— Sinceramente? Sim, mas adoraria ouvir outra vez.



— Eu te amo, garota. - Grudou nossos lábios e nos mantemos assim por alguns minutos. – É motivo suficiente para me passar seu número de telefone? – Puxou meu lábio inferior com os dentes e eu sorri.



— Acho que posso fazer esse esforço. – Devolvi e ele me entregou seu aparelho celular – já desbloqueado – digitei o prefixo e os numerais rapidamente, gargalhamos quando percebi que havia escrito Anastásia, por força do hábito, então apaguei e finalizei com “garota”. – Pronto, agora você pode me enviar nudes. – Gargalhei e Alfonso mordeu minha bochecha para me repreender.


— Sou antiquado. – Mostrou a língua.


— Velho caquético. – Selei seus lábios outra vez e só então desci do carro.



Depois dali, logo encontrei meu pai, que essa noite não estava tão falante quanto as outras, reclamou da claridade e apaguei as luzes, para só então ouvi-lo ressonar tranquilo. Sentei na poltrona próxima a janela, o movimento lá embaixo diminuía gradativamente, permanecendo assim poucos carros no estacionamento do hospital. Imaginei quão difícil seria seguir uma profissão tão árdua e por vezes injusta, lidar com vidas necessita de algo maior que a simples vocação, é doação.



Era difícil dormir naquele ambiente, me apeguei durante algum tempo ao Candy Crush, e só então a vibração do aparelho denunciou uma nova mensagem. Abri o WhatsApp e lá estava ele, a mesma foto do perfil do Instagram, se soubesse como eu amava vê-lo sorrindo nas fotos, não desperdiçava o espaço com ícones.



“Acordada? ” – Perguntou.



“Não consigo dormir aqui, na verdade. Não como o meu pai, que até ronca. ” – Digitei em resposta.



“Por aqui, o celular já caiu em minha testa algumas vezes”.



Gargalhei imaginando a cena.



“Vai dormir, juro que não vou te bloquear dessa vez. ” – Prendi o lábio enquanto digitava.



“Acho que já tenho a sua resposta. ”

O Preço de um SonhoWhere stories live. Discover now