Capítulo 11

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Maite

Eu tinha uma escolha a fazer naquele instante. Escolher ignorar os fatos e seguir até que a inquietação sumisse por si própria ou escolher sanar todas as dúvidas de uma vez por todas. A segunda opção seria minha escolha. Anahí foi o caminho inteiro relatando como faríamos aquela lição que tínhamos a tempo de conseguirmos organizar a tal festa na piscina para o final de semana, e repetia que tinha algo importante para falar, confesso que não estava prestando muita atenção no que ela dizia, minha mente parecia reagir em solavancos todas as vezes que eu começava a entrar em conflito comigo mesma ao pensar nas consequências que viriam se aquele resultado viesse tão inesperado como a dúvida que fora plantada em minha mente e criou raízes, agora eu estou certa que preciso o fazer, ainda mais depois de perder quase todas as aulas nessa manhã enquanto vomitava sem parar no vaso do banheiro da escola, nem o sanduíche da cantina me fez sentir vontade de colocar alguma coisa no estômago depois dos dias passados comendo e vomitando tudo minutos seguintes, nada parecia me fazer bem. A palavra de oito letras parece algo absolutamente assustador, eu sequer consigo pensar nela sem sentir vontade de chorar.


— Mai? Você está bem?


Escuto Anahí chamar minha atenção assim que entramos em seu quarto, passamos pela sala antes e tio Henrique nos cumprimentou enquanto fazia algo na cozinha, por sorte ele não nos parou para engatar qualquer tipo de conversa, eu precisava ficar sozinha o mais rápido possível.


— Sim, só estou... Pensativa sobre como será a nossa festa na piscina, você sabe, eu sou pior que a Soph quando se trata do perfeccionismo pra essas coisas – Suspirei, deixando a mochila sobre a cama. Anahí me analisou de canto de olho, era a segunda vez que ela me olhava daquele jeito hoje, da primeira vez eu disse que estava distraída, com sono pela noite em claro estudando para o teste de biologia que teríamos, mas eu sabia que não poderia continuar escondendo minha aflição por muito tempo.


— Eu vou buscar um suco pra gente, já volto! – Anahí disse, livrando-de da própria mochila também e do tênis, caminhando de volta para fora do quarto.


Assim que a ouvi descer as escadas correndo até o andar de baixo, fechei a porta rapidamente e voltei apressada até a cama, buscando o teste que havia comprado, no segundo bolso de minha mochila, o avaliei por segundos antes de correr até o banheiro, era minha chance.


Acho que meu nervosismo ajudou para que eu fizesse o xixi o mais rápido possível naquele palitinho, e a demora só aconteceu enquanto eu fechava o tampo do vaso para poder sentar e esperar que a tão sonhada listra solitária surgisse. Uma, não duas, eu sonhava mais do que nunca que não passasse de uma dúvida irreal.


Durou segundos, apenas. Senti uma gota de suor escorrer por minhas costas, e outra por minha testa, engolindo em seco eu vi surgir as duas listras escuras de uma só vez, e foi ali que o meu desespero desencadeou um choro copioso como eu nunca havia chorado na minha vida antes.


Eu não posso/Eu não devo/Eu não quero.


Infindáveis 'não's' piscando em minha mente como um letreiro de led naquelas luzes fluorescentes. Eu só conseguia pensar em como havia sido irresponsável, burra, inconsequente, burra, idiota e burra umas dez vezes. Aconteceu há mais de um mês atrás quando eu fui parar naquela festinha  onde ignorei a decisão de Sophia de não querer me acompanhar, e a recusa de Anahí por precisar ficar ensaiando seus novos passos do Ballet e implorei para que Alfonso me levasse, mesmo sob pretextos. 

O Preço de um SonhoWhere stories live. Discover now