Capítulo 22

1.2K 73 233
                                    


Anahí


— Onde você estava com a cabeça quando decidiu pintar essa parede de rosa choque? – Perguntei a Sophia enquanto ela me ajudava guardar as últimas peças de roupa no closet.


— Sempre fui romântica e amo rosa. – Mostrou a língua. – Se te incomodar pode mudar a cor, porque se depender de mim esse aqui vai ser seu lar por bastante tempo.


— Você sabe que não pretendo ficar em San Diego. – Ponderei organizando agora os sapatos. – Mas valeu a tentativa. – Sorri de soslaio. – Acho que posso me acostumar com esse tom gritante.


Trocamos um sorriso cúmplice e continuamos entregues a organização do que seria minha morada nos próximos dias. O apartamento era de Sophia, ela havia comprado antes de se mudar para o de Jesse e me ofereceu para utilizá-lo o tempo necessário, visto que minha estadia em hotéis se tornara um desconforto tanto para minha privacidade quanto ao meu bolso.


Tudo deveria caminhar na mais absoluta tranquilidade, meu pai melhorava gradativamente, mas mesmo assim me encontrava em um estado de nervos alucinante, causado talvez pela solidão torturante que me enclausurei, a fuga constante das investidas e farpas de Alfonso toda vez que nos topávamos no hospital, como também a saudade dos palcos, a impressão é que minha vida havia estacionado, e isso me sufocava.


Sophia me fitava na tentativa de decifrar as razões que me levaram aquela crise iminente de ansiedade, convenhamos que é difícil esconder algo da nossa melhor amiga, difícil não, praticamente impossível. E se eu não contasse sobre o último episódio que ocorrera entre Alfonso e eu, era certo que enlouqueceria.


— Ele o QUE? ALFONSO TE BEIJOU? – Perguntou extasiada, como se fosse spoiler do final de novela.


— Isso que você ouviu, ele me beijou. – Confirmei demonstrando desinteresse.


— Eu sabia que você estava escondendo o jogo, e quero saber todos os detalhes. – Me puxou para o sofá, sacando fora o lençol branco que o cobria.


— Não tem detalhes, foi um beijo...sem importância alguma. – Dei de ombros. – Acredito inclusive que se arrependeu.


— Duvido muito. Ora Ana, não minta para mim...eu conheço vocês dois e não existe a possibilidade de rolar algo "sem importância". – Ponderou curiosa.


— Tudo bem, sem importância não condiz com a realidade, mas aconteceu na hora errada. Prefere assim? Nós não temos a mínima chance de voltarmos a ser o que éramos.


— Nem vocês, nem ninguém. – Pontou. - O que não impede que construam algo novo, mais forte e mais bonito.


— Eu tenho o Ian, e ele tem a Lily. – Devolvi incomodada com o rumo da conversa.


— Mas Ian não tem você, e nem Lily tem Alfonso. – Afirmou.


Touchet

O Preço de um SonhoOnde histórias criam vida. Descubra agora