Capítulo 32

972 89 115
                                    


Anahí


– Você tem certeza? – Sophia perguntou, envolvendo os braços em meu pescoço.


– Não vou conseguir, não quero que o que sinto se transforme em raiva, mágoa, eu não quero deixar de amá-lo, e é isso que vai acontecer caso eu fique e assista tudo o que virá pela frente. – Neguei com a cabeça, devolvendo o abraço. – Me perdoe por não ficar para ver nosso bebe nascer.


– Vou sentir sua falta, mas vou respeitar sua decisão, só me prometa que não vai demorar tanto para voltar. – Soltou um suspiro longo, e eu assenti.


– Prometo, não quero perder as descobertas do meu sobrinho ou sobrinha como perdi da Luna. – Estalei um beijo em sua testa, e notei seus olhos marejados. – Não chore, é um até logo. – Afirmei, segurando-a no queixo. – Eu prometo.


Nos abraçamos outra vez, talvez a décima só aquele dia. Fechei as malas e dei uma última conferida no apartamento para ter certeza que não esquecia nada. Mesmo que tenha permanecido pouco tempo naquele lugar, eu já o via como lar, pude relembrar da primeira conversa que tivera com Alfonso, as cenas de quando fazíamos amor, cientes que nada poderia nos separar outra vez, e que apenas o amor seria suficiente.


Amor não é suficiente.

Amor não é suficiente.

Amor não é suficiente.


Repeti três vezes mentalmente, para ter certeza que não me arrependeria. Sophia fechava as janelas, quando recebemos uma visita inesperada.


– Maite? – Perguntei surpresa. E então ela avançou, primeiro tocou meu rosto com o polegar, e depois me apertou entre seus braços, afundando o rosto em meu ombro.


– Alfonso me falou da sua decisão, e não posso deixá-la ir sem que antes me perdoe. – Pediu, a voz embargada. – Me perdoe por não ter aprendido a lidar com a sua ausência, por não ter aceito te perder, me perdoe. – Repetiu. – Não quero que isso se repita, por favor, não deixe que isso se repita. – Finalizou. – Prefiro brigar com você todos os dias do que viver mais um dia sem a minha melhor amiga.


As palavras me faltaram, e só as lágrimas reagiram naquele momento. Maite começou a distribuir beijos em minha testa, e logo Sophia se uniu a nós duas. Ela afagava nossos cabelos, enquanto Maite e eu tentávamos pôr um fim em toda mágoa que carregamos durante os últimos anos.


– Nós duas erramos, também preciso que me perdoe. – Proferi algum tempo depois, e ela assentiu com um sorriso contido. – Eu amo você, amo as duas. – Salpiquei um beijo na bochecha de Sophia. – Vou embora tranquila, por ter resolvido quase todos os assuntos pendentes. – Refleti. – A minha mãe talvez daqui mais oito anos. – Brinquei, ressentida.


– Você se despediu? – Foi a vez de Sophia perguntar.


– Sim, mas nada de abraços e beijos, só um "Deus lhe acompanhe". – Respondi.


– Já é um começo. – Maite pontuou. – Tenho certeza que tudo vai ficar bem.

O Preço de um SonhoOù les histoires vivent. Découvrez maintenant