Capítulo Trinta e Cinco - Steven

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Hospitais e enfermarias no geral sempre me deixaram abafado, com medo e desconfortável

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Hospitais e enfermarias no geral sempre me deixaram abafado, com medo e desconfortável. No fundo, sempre achei que todos se sentiam assim em lugares como esses, mas só fui perceber o quanto aquilo me incomodava quando precisei passar dias em um hospital depois do acidente de Sebastian.

Agora, dois anos depois e preso a uma cama na enfermaria do palácio, eu me sentia quase tão mal quanto antes, apesar de que - a verdade seja dita - eu passava mais tempo dormindo do que acordado.

Levar um tiro não é nada bom. Não é uma experiência que eu gostaria de repetir. A dor é excruciante e eu já me sentia um pouco viciado em analgésicos.

Durante os poucos momentos em que fiquei lúcido durante aquele primeiro dia na enfermaria do palácio - que devido a quantidade de profissionais que meu pai tinha chamado mais parecia um hospital cheio de feridos - eu pensava que aquele na verdade era um preço pequeno a se pagar por tudo.

Arabella estava presa, meus irmãos a salvo e todos sabiam a verdade. Um tiro no ombro nem era tanto assim comparado ao que eu poderia ter perdido.

Naquele primeiro dia apenas o meu pai veio me ver. Ele queria que eu descansasse e por isso praticamente barrou a entrada da enfermagem. Não que eu estivesse muito chateado com aquilo, aliás, durante quase todo o tempo eu realmente só fiquei dormindo.

Quando meu pai veio, eu estava olhando pela janela e pensando como as coisas seriam dali para frente. Sempre que abria os olhos, minha mente mergulhava em pensamentos sobre o futuro.

Eu ouvi quando ele dispensou os enfermeiros que me monitoravam e arrastou uma cadeira para se sentar ao meu lado.

"Como está se sentindo?", ele perguntou, e quando olhei para ele percebi que havia marcas escuras ao redor de seus olhos e que parecia pelo menos cinco anos mais velho. Isso tudo em um único dia.

"Melhor do que o senhor, eu acho", comentei. "Está tudo bem?"

Meu pai suspirou e escondeu o rosto nas mãos por um instante. Aquele era o primeiro gesto de fraqueza que eu o via demonstrar em dois anos, desde o acidente de Sebastian.

"Não sei se vou conseguir me recuperar depois dessa", ele confessou com a voz rouca.

"É claro que vai. Todos nós vamos."

Meu pai ergueu os olhos cansados para mim.

"Pensar que eu passei todos esses anos com aquela mulher, que a tratei como minha esposa e a deixei ficar perto de vocês depois do que fez... É complicado demais. Eu ainda não sei se acredito, Steven. Não consigo."

Eu engoli em seco, assentindo levemente.

"Quer que eu te conte tudo?", perguntei baixinho.

Meu pai olhou para mim e, nos seus olhos, eu vi o quanto ele precisava daquilo. Precisava entender.

Um Amor Para o Príncipe Herdeiro, livro 1 - Casa ArtheniaWhere stories live. Discover now