Arrependido

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Arrependido. Arrependido é aquele que se arrependeu, compungido, penitente. É a pessoa que se arrepende e muda de ideias, decide viver de forma diferente seja por ter cometido algum erro ou por simplesmente querer mudar.

Se tem uma coisa que Vincenzo não está, é arrependido. Uma vez que, mesmo com seu olho roxo e inchado o de cabelos escuros fica dando em cima de mim na mesa de jantar como sempre faz. Acho que ele não tem jeito mesmo.

- Eu nunca tinha visto isso antes. –Comenta baixinho para mim, para que Nicola, que nos observa desconfiado, não escute.

- O quê? –Pergunto também baixinho, curioso.

- Nicola reagir dessa forma por alguém. – Solta em meu ouvido com entusiasmo. Então, cai na gargalhada.

Nicola e Giovanni o olham feio. Vincenzo é sem noção.

Após um certo tempo, ele me interroga:

- Agora tudo faz sentido, não?

- O que faz sentido? –Pergunto totalmente confuso. Não consigo entender sua linha de pensamento e prefiro nem tentar, pois já fico cansado só de pensar.

- Nicola gosta de você. –Confessa baixinho para mim, me deixando sem palavras.

Antes que eu possa responder algo, Nico pigarreia alto e pergunta:

- Vincenzo, meu fratello, você quer ficar com seu outro olho roxo, para talvez combinar os dois?

- Não, meu senhor! –Exclama o mais velho, assustado, ao se afastar drasticamente de mim, mas não antes de me dar uma piscadela.

Viro-me para Nicola e percebo que o mesmo já me observa. Fico corado.

Quando o mesmo nota que eu estou encarando-o, sorri sem jeito para mim. Não sei o que pensar disso.

Após o jantar, cochilo na mesa sonolento enquanto que os irmãos Vitale comem suas respectivas sobremesas.

Comer da muito trabalho.

Eu mesmo demoro uma hora só para comer uma colher de sorvete, por isso, prefiro tirar um cochilo encostado na mesa de jantar enquanto eles se empanturram com suas sobremesas.

Para mim, comer só o necessário para sobreviver já está bom.

Surpreendo-me quando Nicola me coloca deitado em seu largo ombro após o jantar e me carrega enquanto estou sonolento, como sempre faz, para nosso quarto.

Achei que hoje seria diferente, porque eu o irritei pegando seu outro irmão. Porém, mesmo que eu tenha o zangado, ele ainda cuida de mim.

E isso só faz meus pensamentos voltarem todo o tempo para aquilo que Vincenzo me disse:

"Nicola gosta de você". Será que é verdade?

Nos próximos dias, decido ficar atento a cada detalhe de Nico para chegar a uma conclusão a respeito disso tudo.

Presto atenção em tudo que ele faz, em cada mísero detalhe.

Às vezes, quando nos encontramos por coincidência em seu banheiro, Nicola costuma insistir para que tomemos banho juntos, alega que pode me ajudar, sabendo bem que nunca irei recusar auxílio por ser preguiçoso demais. Assim, quando concordo em tomar banho com o mesmo, ele toma, constantemente, cuidado para não massagear meus cabelos forte demais, pois não quer me machucar, além de manter também, a cautela, para não me dar muito conforto, visando que já está ciente que posso ficar sonolento demais por isso. Tudo isso, prova o quanto ele me conhece.

Geralmente, pós-banho, eu o observo pentear meu cabelo, sempre com um sorriso encantador em seus lábios, como se estivesse de bom grado por cuidar de mim, talvez realmente esteja, eu nunca o vi reclamar por isso.

Dessa forma, não deixo de notar também, em como ele me alimenta quando estamos a sós, dando-me, frequentemente, comida a boca, mesmo que eu não o obrigue a fazê-lo. Faz por vontade própria.

É igual malhação: Está tudo conectado.

Por fim, mas claramente não menos importante, reparo em como Nicola fica feliz quando percebe minha evolução dentro academia. Seja por nunca errar nenhum dos tiros de pistola, seja por acertar todas as facas em seus respectivos alvos, ou seja, até mesmo, por conseguir derrotar todos os meus melhores mentores na luta corpo a corpo. Como eu consigo fazer tudo isso? Não faço ideia.

Somando tudo isso mais os ciúmes doentios dele por mim, deduzo ter mais provas do que o suficiente de que Vincenzo está certo. Seu irmão realmente gosta de mim e meu coração não poderia estar mais feliz com essa notícia.

Antes, confesso que eu reparava nele sim, mas não muito. Tanto que eu até me envolvi com seus irmãos, Giovanni e Vincenzo, mas agora, tudo para mim mudou.

Dia após dia, eu me senti protegido, amado e querido com Nicola ao meu lado.

Esses fatores contribuíram para me fazer enxergar o quão valioso ele é em minha vida.

Peço para minha auxiliar, Baroni, para que prepare um banho bem perfumado para mim, pois quero estar muito cheiroso para confessar meu amor por Nico. Uma vez que, se ele não gostar de mim, não me achar suficiente, pelo menos falará que sou feio, mas que sou cheiroso. Pelo menos isso. Esse é o meu objetivo.

Quase durmo na banheira incontáveis vezes, mas tento me manter forte. Tento me manter forte por ele.

Quando finalmente termino o banho, Baroni passa um hidratante por todo meu corpo, alegando:

- Esse cheiro é bom, muito bom. Não me admira se ele quiser come-lo só por causa desse cheiro.

- Essa é a intenção. –Comento pensativo.

- Ah, verdade! –Gargalha alto a de bochechas fofas ao perceber o duplo sentido na frase.

Depois de passar produtos em minha pele, sou perfumado com uma das fragrâncias favoritas de Nicola e me sinto um máximo. Que cheiro gostoso. Ele tem muito bom gosto.

Então, reflito:

O QUE ELE VIU EM MIM?

- Me chama para ser madrinha!Exclama Baroni toda boba quando se retira pela porta dos fundos, ao me olhar uma última vez, com orgulho estampado em seu rosto pelo trabalho feito em mim.

Estou com o meu cabelo bem feito, com as pontas do mesmo encaracoladas. Visto-me somente com uma linda cueca de algodão, deixando assim, todo meu corpo pálido e recém-depilado visível para Nicola. Ademais, estou muito cheiroso.

Tenho certeza que ele vai amar essa surpresa.

Só quero ver sua cara.

Engraçado é que eu estou na cama mais confortável em que já estive em minha vida, a luxuosa cama de Nicola, mas pela primeira vez não sinto o sono me atingir como sempre o faz quando estou aqui. Acredite ou não, estou bem desperto.

AMAR É ISSO?

Não acho que tenha prova de amor maior do que essa, não para mim.

Escuto o barulho da porta.

Meu coração pula dentro do meu peito, minhas mãos começam a suar, estou nervoso.

Então, a porta se abre. Assim como, abro as minhas pernas.

Arregalo meus olhos.

- QUEM É VOCÊ?

Continua...

Narrador on~~

E aí, estão gostando? Devo continuar a escrever? Quem vocês acham que deve ser? Comentem amores, até já!

Vitale, Irmãos da Máfia (Romance Gay)Where stories live. Discover now