Capítulo 1 - Um dia no inferno

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Esta é a terra de 2130. Quando tudo já foi perdido e não tem mais volta, o que é necessário fazer? Um simples rapaz, que queria apenas viver a vida como qualquer outra pessoa, agora é um aprimorado e um dos poucos restantes em um fim de mundo. Quer dizer, até agora.

- Hora de sair. - Este era Hide, um rapaz que tinha pouco mais de 25 anos. Nunca pensando que iria se tornar um guerreiro, acabou por ser um soldado aprimorado dos Estados Unidos. E sua primeira missão foi também sua última. Agora, num prédio abandonado tem que usar seus poucos conhecimentos para sobreviver.

Do alto desse prédio era possível vê-lo sentado em uma janela quebrada, observando o horizonte. Nunca havia estado totalmente sozinho, agora parecia completamente vazio. Enquanto pensava sobre si mesmo, procurava saber outros locais que tivessem mantimentos ou que pelo menos fossem seguros, até que acabou lembrando de seu apartamento. Estava meio longe, mas era sua melhor opção.

Descendo pulando do 7° andar e aterrissando quebrando o chão, mas sem nenhum dano graças ao aprimoramento, Hide se levanta, estatura alta, cabelos lisos, pele branca e um porte físico definido, partes mecânicas em quase todo seu corpo, e, onde não havia, ele possuía uma armadura da mesma espessura dos aprimoramentos. Ele parte em direção ao que resta da sua casa. Estava longe, mas como se cansava menos, e corria mais rápido, isso não faria diferença. Andando ele observava as construções abandonadas aos pedaços e com a vegetação tomando conta.

Passando por destroços e pilhas de concreto e metal retorcido, o jovem se perguntava o que houve nesse tempo. Parece pouco, mas olhando dessa maneira parece que foram anos, e até agora não havia visto um sinal de vida além de alguns afetados enquanto estava no prédio, que acabaram morrendo. Fora isso, nenhum sinal de humanos, aprimorados, ou até a Cybernature. Observava o sol se pôr, indicando que a noite chegava. Não iria chegar em sua residência a tempo, e mesmo, que estivesse deserta a cidade, sabia que de noite coisas estranhas aconteciam. Já percebia isso enquanto estava no prédio, mas agora que estava no chão, o que quer que sejam aqueles barulhos estranhos, Hide não estava a fim de cair no braço com alguém.

Subindo por pilhas de concreto, chegou em um sobrado cheio de vegetação o rodeando. Incrivelmente, o local ainda possuía energia elétrica pois uma de suas luzes ainda estava acesa. Aparentemente vivia uma família ali, pois haviam dois quartos, um de casal e outro que parecia ser da filha do casal. Tentou ligar a televisão que se encontrava na sala, mas, mesmo que tivesse ligado, ela não possuía sinal, e naquela situação quem iria querer ver televisão. Como não havia nada a perder, decidiu tomar um banho. O chuveiro apenas conseguia proporcionar água gelada, mas naquele ponto Hide nem se importava. Saindo de lá e colocando apenas a calça, sem sua armadura para complementar o aprimoramento, Hide apenas possuía um dos braços, uma das pernas, um lado do rosto e parte da região do tronco robotizadas.

Andando pelo local, começava a se lembrar de sua infância, e ficou mais pensativo ainda quando passou novamente pelo quarto da criança que antes ali residia. Tendo vários flashs de memória, acabou por lacrimejar ao se lembrar de como era sua vida antes do laboratório, tentando se livrar desses pensamentos, foi para a varanda do sobrado. Olhando para a cidade destruída, acabava se perdendo em pensamentos.

- É realmente assim que vai acabar? - Não teve muito tempo para pensar mais, pois ouviu um barulho estranho vindo do prédio em pedaços à frente do local em que ele estava. Por estar de noite estava difícil enxergar, então, utilizando sua visão noturna, conseguia ver algo entre os destroços. Possuía partes robóticas, mas não parecia ser um aprimorado, fazendo barulhos estranhos. Não parecia ser racional, e, mesmo com a visão noturna, estava difícil enxergar, mas conseguia ver um corpo de uma pessoa perto do ser misterioso. Foi quando a pessoa deu grito pedindo socorro. Hide se assustou pensando que ela estava morta, mas, antes mesmo que pudesse entender o que estava acontecendo, uma garra mecânica agarrou a tal pessoa, puxando-a para o escuro enquanto gritava por ajuda, e, quando foi para a escuridão desaparecendo, tudo que Hide conseguia ouvir era barulho de carne sendo dilacerada e moída enquanto gritos afogados em sangue ecoavam na região.

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