06. CELULAR

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Bucky Barnes caminhava pelas ruas em um ritmo constante, nem lento nem rápido

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Bucky Barnes caminhava pelas ruas em um ritmo constante, nem lento nem rápido. Depois de mais um dia de trabalho estava voltando a pé para casa. Podia aproveitar a noite de temperatura quase amena para que sua figura agasalhada não fosse estranha demais aos olhos das pessoas.

Não que alguém de fato tivesse lhe lançado qualquer olhar, estava atento o bastante a qualquer movimento ao seu redor para saber disso. Na verdade, era quase como se Bucky fosse invisível ali.

Ele quis testar uma coisa, saiu do caminho padrão e dobrou a esquina, então outra rua e outra, conforme se aproximava do centro do Brooklyn o movimento se intensificava, mesmo assim ninguém parecia preocupado com ele.

As pessoas iam e vinham totalmente absortas em seus próprios mundos, a maior parte tinha os olhos na tela brilhante de um aparelho celular... Isso fez com que pensasse que Sam estava certo, talvez fosse um pouco paranoico procurando inimigos em toda a parte.

Fazia três dias que tinha estado na casa do Falcão e desde então vinha tentando processar os conselhos não requeridos que Sam havia lhe dado. E com "processar" Bucky queria dizer "esquecer", porque com certeza sequer tinha cogitado a ideia de ir no grupo de apoio para veteranos...

Continuou sua caminhada em meio ao bairro que conhecia tão bem. As ruas tinham lembranças vívidas de sua juventude, mesmo que muito tivesse mudado desde aquela época. Poucas construções tinham se conservado, no geral a estrutura de tudo estava muito mais moderna.

Era como se ainda pudesse ver Steve e ele correndo naquelas ruas, — mas não por muito tempo, porque a asma do pequeno Rogers não permitia — já tinha arranjado muitas brigas na esquina da Smith com a Pacific, algumas por Steve, algumas pelas irmãs e muitas outras porque sempre foi o tipo de garoto que não levava desaforo para casa...

Os lábios de Bucky se comprimiram em uma linha fina quando seus olhos azuis encararam a rua Fulton, ele e Steve costumavam passar por ali quando iam a um dos parques no píer. Mais de treze quarteirões a pé, porque geralmente estavam sempre sem um tostão no bolso e, nas parcas vezes que tinham alguns trocados, jamais gastavam com transporte de qualquer forma.

O local tinha mudado totalmente, mal parecia pertencer ao Brooklyn, antes era apenas uma rua com alguns poucos comércios, muitas casas e uma sorveteria onde Bucky dera seu primeiro beijo... Ainda se lembrava de ter achado o máximo, de pensar que tinha sido o melhor beijo do mundo e de ter contado isso para Steve com o peito cheio de orgulho, para então descobrir, anos depois, quando conseguiu mais prática, que tinha sido o pior primeiro beijo da história dos primeiros beijos.

Bucky riu dessa lembrança tão antiga e encarou as luzes ofuscantes que compunham a fachada de dezenas de lojas. A antiga rua Fulton se tornara um tipo de shopping a céu aberto, o progresso, que Bucky costumava ver nas feiras de ciências de Howard Stark, tinha dominado tudo...

Caminhou entre as lojas de vitrines iluminadas, sendo engolido pelo caos que borbulhava ao seu redor. O barulho e o movimento do lugar começou a incomodar Bucky, não costumava ter problemas com multidões, mas isso era antes, naquele momento sentia até falta de ar no meio de todas aquelas pessoas.

INVERNO ARDENTE | Bucky Barnes ✓Onde as histórias ganham vida. Descobre agora