▫️▪️TRÊS ▪️▫️

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Como chegar em um lugar no qual não se conhece a direção?

A fronte pálida e os dedos miúdos de Analu são graciosos ao se observar de perto. A menina em meus braços, entre meus passos lentos e o retorno para casa, adormeceu sem necessário contar-lhe qualquer história. Eu também desejei cair no sono profundo como se nada me preocupasse, contudo, para os adultos, essa opção não é valida.

Então, ao chegar em casa, apenas deito ao seu lado, em sua pequena cama, enquanto continuo a cada instante o movimento de acariciar os fios loiros que pendem em direção aos meus dedos. O mexer lento nos cachos bem formados e a leve ventania, que adentra por uma brecha entre as grades das janelas, me fazem adormecer e a mente criativa e, ao mesmo tempo, perturbada por possibilidades que me põe em desespero, me levam a sonhar…

 O mexer lento nos cachos bem formados e a leve ventania, que adentra por uma brecha entre as grades das janelas, me fazem adormecer e a mente criativa e, ao mesmo tempo, perturbada por possibilidades que me põe em desespero, me levam a sonhar…

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“Horas se passaram até o cair da noite enegrecida e estrelada, ambas, em seu sonhar agitado, em nenhum instante despertaram e prosseguiram deitadas uma ao lado da outra ao longo percorrer das horas. Um assobio inundou os ouvidos de Analu e, ao abrir os olhos, a menina se viu em dúvida.

Sofia prosseguia em seu sono profundo, a luz da lua clareava a sua face, enquanto um portal de Elérgia ganhava tamanho em sua casa. Um momento propício para levarem a menina, sem que a sua falta fosse notada nos primeiros instantes de tranquilidade.

A menina, assim como as demais crianças do mundo real, fora atraída pelo som dos carrosséis unido ao aroma adocicado do algodão-doce e das pipocas caramelizadas. O som dos risos que cresciam a todo momento e inundavam o quarto com uma alegria contagiante. Alto o suficiente para despertar uma criança e baixo na medida certa para não incomodar os adultos, que já detinham suas crianças esquecidas. Analu era bem-vinda na cidade das Crianças Perdidas, pois a sua criança e ela ainda eram uma só parte. Em nenhum momento haviam se perdido uma da outra.

Analu desceu da cama com cuidado e aceitou gentilmente a mão que a ela era estendida por uma criança mais velha. Voltou o seu olhar para Sofia, que dormia tão pesadamente, e sentiu que deveria chamá-la, no entanto, a mesma há muito tempo não dormia tão serenamente.

As cores vívidas ainda chamavam por Analu e a criança acreditou, em sua tamanha inocência, que brevemente retornaria ao seu lar, tão rápido que a sua ausência não seria sentida pela mais velha. Uma pena dourada caiu sobre o piso de madeira, mas logo se tornou poeira, já que a magia no mundo real não era bem-vinda.

Analu fora engolida pelo anseio de Elérgia, desapareceu entre um passo e outro e, ao olhar para trás uma última vez, não vira mais a sua amada protetora. O mundo colorido habitava seus olhos com encanto, os brinquedos a convidam para divertir-se, porém a menina não estava feliz, jamais tinha se separado daquela que havia lhe criado e, por essa razão, para desespero dos viventes do mundo mágico, pôs-se a chorar sem que ninguém conseguisse ampará-la. As suas lágrimas queimavam a magia e o seu pranto fazia tremer o chão abaixo do nada. Entretanto, até mesmo quem estava em outra cidade além dessa, nos montes altos de uma parte esquecida, sabia que alguém faria de tudo para encontrá-la.

 A cidade das Crianças Perdidas (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora