E deveriam estar todos, aqueles em meio a uma disputa de poderes, preparados para o golpe final.
Rosella me guia por entre os bosques e clareiras, me encantando com as cachoeiras iridescentes, que se assemelham às cortinas de luz e desaguam por escadarias montanhosas de uma tonalidade azulada. O mundo das rosas é, sem sombra de dúvidas, o lugar mais belo que conheci, do céu ao chão. Desde as suas árvores altivas e robustas, às rosas que dançam e cantam em homenagem a sua senhora. Elas me encaram admiradas, embora, um segundo após a surpresa de minha visita, se virem para aquela que possui tamanha e distinta beleza.
Contemplo cirandas de pedras no alto de montes verdejantes, assim como uma fonte de água cristalina que jorra em curvas perfeitas em sua cintilância. O silêncio entre nós é reconfortante, até porque eu não possuo palavras suficientes e que consigam expressar o tamanho da minha fascinação. A mão macia ainda segura a minha em um leve aperto, entretanto, o gesto me faz sentir acolhida. Uma luminância dourada atinge a minha visão e ergo o olhar em direção ao céu verde-água em tempo de ver o mínimo resquício do sol que nos aquece e acalenta, em meio as pétalas amarelas que o rodeia. Solon invade a minha consciência, assim como a angústia que cresce em meu coração ao lembrar das circunstâncias que me fizera partir tão depressa.— Rosella, Solon está bem?— indago temerosa, no entanto, vejo surgir em seus lábios um sorriso e ela acaricia o dorso da minha mão com o polegar a fim de me tranquilizar.
— Sim. E já está ciente de que a senhorita está bem também! — informa para a minha surpresa, as irises enegrecidas focadas em mirar o horizonte.
— Como? — procuro saber, em meio a minha fonte inesgotável de dúvidas à respeito desse mundo, imaginando quantas camadas ainda existem para que seja possível decifrá-lo por completo.
— As rosas. São fofoqueiras na maior parte do tempo. — Sorrio com o comentário, visto ter experimentado e sido um alvo dos fuxicos delas.
— Eu vivo ali — diz ela, apontando para uma rotunda enfeitada com cordões de luzes brilhantes e roseiras que aparentam moldar a residência em buquês perfeitos.
Atento-me a avistar uma casa feita de folhas e histórias. Olhando para ela, mesmo que relativamente distante, posso ver que tudo aparenta deter uma perfeição admirável; da luz que adentra as colunas e reflete em um balanço, de cordões prateados presos em um acento de pedra azulada, às pétalas que pairam sobre o ar como se o vento não desejasse sair dali.
As folhas alaranjadas, de uma árvore próxima, caem ao seu redor formando um tapete denso sobre o chão e a única vontade que detenho é de me esparrar sobre ele e cair em um sono profundo. Me contenho, ainda sendo levada pela possessora que até então não me disse o que tenho que fazer para atravessar a sua cidade e invadir a próxima. O aroma das rosas se torna mais intenso nessa área, aparentando que todo o mundo exala uma fragrância coletiva e que esvai a cada segundo por um borrifador.
Vejo a rosa me admirar e soltar a minha mão. Elevando os meus braços e agindo tal como as outras fizeram no início. Aprecio os fios castanhos escuros se moldando perfeitamente por seus ombros e caindo sobre o colo, a graça com que ela se move e leva as borboletas consigo.
— O seu vestido não é dos mais bonitos, confesso. Preciso mudá-lo com urgência e é a hora dos biscoitos dos roseirais.
Franzo o cenho com certa indignação, avaliando todas às vezes que fui obrigada a ser a boneca de alguém de Elérgia.
— Por que, aqui, todo mundo quer me vestir?
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A cidade das Crianças Perdidas (CONCLUÍDA)
Fantasy🏆 VENCEDOR DO PRÊMIO WATTYS 2022 NA CATEGORIA FANTASIA 🏆 Isso pαrece umα hıstórıα pαrα crıαnçα dormır? Eu dırıα que é mαıs pαrα αdultos terem pesαdelos... Nα̃o. Tαmbém nα̃o é umα hıstórıα de terror, entretαnto, ımαgıne se um dıα todαs αs crı...