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AVISONo presente capítulo há indícios de violência infantil, violência contra mulher, homicídio e suicídio

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AVISO
No presente capítulo há indícios de violência infantil, violência contra mulher, homicídio e suicídio.

AVISONo presente capítulo há indícios de violência infantil, violência contra mulher, homicídio e suicídio

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Para onde vão as pessoas quando o medo rouba as suas memórias?

Quando Rosella me faz atravessar a passagem às pressas, sem qualquer informação sobre o homem referido, sinto uma vertigem me consumir. Uma sensação de quem quer que seja esse tal de padrinho não ficará feliz em saber que a minha menina vem destruindo o seu mundo, trazendo a desordem que ninguém anseia.


Agora, avaliando a nova cidade e aguardando o que quer que venha a surgir, me ponho a indagar qual será a revelação que me espera. Avalio o meu pulso, a rosa vermelha e vibrante que Rosella desenhou com magia nos últimos segundos, um último presente, antes da minha partida. Ela não me disse nada ou explicou a função da tatuagem, mas eu a via ali, me encarando, uma rosa de haste longa e pétalas que pareciam mover-se conforme o passar do vento.
 
Respiro fundo, seguro com força a mochila trazendo-a para frente como um escudo, de maneira que me faça sentir que ela me passa qualquer apoio, e avisto logo a frente um balão prestes a partir. A cobertura possui uma tonalidade acinzentada e até mesmo a madeira que se faz de cesto detém a mesma coloração. Um brilho sutil chega aos meus olhos e avisto, sobre o solo arenoso e pedregulhento, uma pena de tom azulada. A busco, me abaixando com cuidado, e a seguro entre os dedos sem saber se devo uni-la a outra que possuo ou devo esperar o comando do possessor dessa cidade. Volto às vistas a encarar o horizonte, tentando encontrar um caminho ou um alerta para qual ponto devo seguir, embora saiba que sempre surge alguém. Surge sonhos, surgem vozes, surgem olhos curiosos, surge uma trilha a seguir.
 
Estreito os olhos ao ver uma silhueta, dou alguns passos à frente e avisto uma mulher de costas, os cabelos escuros abaixo da cintura e a pele de um tom aquecido, embora quase empalidecido. Vou caminhando até ela, com as passadas ligeiras, a ansiedade devorando as minhas entranhas e me surpreendo ao vê-la voltar às vistas para mim, como se já estivesse à espera. Paro. Encaro. Permaneço estática, incapaz de seguir em frente. Os seus olhos amarelados me apavoram, assim como a sua aparência. Respiro fundo. Dou dois passos para trás, insegura em relação a minha lucidez. Não pode ser possível. Mas nada aqui era possível até ver com os meus próprios olhos — pondero.
 
Ela volta o seu olhar para mim, entretanto, não sai do lugar onde está. Tremo. O vestido alvo e fresco voeja com o trespassar da brisa e as alças finas oscilam, como se a qualquer instante fosse escorrer pelos ombros.
 
— Olá, Sofia, não tenha medo! — diz ela alto o suficiente para que eu ouça e engulo em seco, sentindo as mãos trêmulas em demasia e o coração rugindo em desassossego. A mente tão perturbada que me belisco para garantir se não estou sonhando, mas a dor que se acentua na carne me alerta que não.
 
As palavras se fazem estranhas, confusas e desconexas. Mas, em algum momento, elas saem e enfim partem em sua estranheza.
 
— Quem é você? — A minha voz soa enrouquecida e faço o questionamento apesar da certeza. Indaguei mesmo sabendo o que provavelmente aconteceria aqui.

 A cidade das Crianças Perdidas (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora