capítulo 17

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- Perdeu? - Dylan diz de forma meio atropelada.

Sinto a energia daquela mentira se injetar no meu corpo e a sensação de poder e vingança me faz caminhar na direção dele.
Ficar mais perto para ver a dor em seus olhos.

- Dói, não é? - Falei. - Dói quando algo não é como a gente esperava, né?

Ele riu de nervoso e balançou a cabeça como se eu estivesse dizendo insanidades.

- Não acredito nisso, Shivani. Não acredito.

Passei a mão pelo rosto e ri com desgosto.

- Você lembra o que eu falei quando sai da sua casa aquele dia? Lembra quando eu disse que você ia pagar e que eu queria estar lá para ver o seu sofrimento? - Perguntei. - Parece que o dia chegou e eu... Eu estou muito feliz de saber que a vida é justa.

Dylan me empurrou de leve e passou as mãos pelos cabelos que estavam úmidos pela chuva.

- Você está mentindo, eu sei que está. Nosso bebê não morreu. Não morreu! - Ele esbravejou me olhando. - Por que está fazendo isso? Para me punir? Eu pensei que você fosse mais evoluída que isso.

Coloquei as mãos na cintura e neguei com a cabeça.

- Acredite no que quiser! - Dei de ombros.

O encarei por mais alguns segundos e, depois de engolir a bile, me virei e caminhei na direção do meu carro com o coração latejando no peito.

- SHIVANI! - O ouvi gritar por cima do barulho da chuva e parei.

- Não temos mais nada em comum, Dylan. Siga sua vida. - Falei.

Ele estava logo atrás de mim agora e eu podia sentir a energia de nervosismo que pulsava em seu interior.

- O nosso bebê está mesmo morto? - Perguntou pela última vez.

Girei nos calcanhares e o olhei nos olhos procurando o vestígio daquele moleque do passado, porém não encontrei, mas mesmo assim tudo em mim gritava para me afastar, então eu menti de novo.

- Sim. - Respondi. - Eu realmente perdi o bebê. Era uma gravidez de risco e eu perdi.

Ele deu um passo vacilante para trás e segurou a cabeça com as mãos como se uma dor forte tivesse acabado de aparecer.
Dylan baixou o olhar.

- Eu... Eu realmente sinto muito. Eu estava pronto para cuidar dela e ser o pai que eu sabia que ela precisava.... Eu já...

- Adeus. - O cortei. - E vê se vai pro inferno com seu papo de pai do ano.

Ele me olhou espantado.

- Shivani...

- Vai à merda, Dylan. Eu não acredito em você e, para a falar a verdade, eu quero que você se dane. - Desabafei. - E nunca mais me procure porque eu tenho um nojo tão enraizado de você que eu nem sei do que seria capaz.

Me virei e sai o mais rápido que pude dali.
Assim que entrei no meu carro minha cabeça pendeu para a frente e eu a encostei no volante só para começar mais uma seção de choro.
Um choro que vinha com a força de nove anos acumulados.

°°° °°°

Meus olhos estavam inchados e minha pele parecia endurecida pelas lágrimas que haviam secado ali. Estacionei o fusquinha na minha vaga da garagem e desci meio atônita.

A chuva havia diminuído de intensidade e eu me vi caminhando de forma robótica até o elevador do estacionamento.

Acabou. Agora acabou.

Entrei no elevador e notei que meu corpo estava pesado como se uma virose forte estivesse me abatendo, mas era só o efeito de Dylan sobre mim.

Quando namoravamos ele era o centro das atenções, o cara bonito e atlético que namorava a menina que andava por aí com um livro na mão e um óculos de grau na cara.
Todos se perguntavam como aquilo era possível e, eu juro, até eu me questionava às vezes.
Por isso quando ele me pediu em namoro e assumiu para todos, me vi em uma espiral de diversos sentimentos e me anulei por inteiro para caber em sua vida e deixei que ele me guiasse para onde fosse.

Era assim que nós éramos: ele ia na frente e eu o seguia.
Eu me sentia pesada e por muitas vezes me sentia prensada contra a parede. Todos me olhavam torto, mas sabiam que nada podiam fazer porque Dylan estava ali. Ele era o meu herói. Deve ter sido por isso que eu perdoei a primeira vez que ele me bateu.

Abracei meu próprio corpo e me encostei na parede do elevador.

Havia sido um tapa. Um tapa forte nas costas.

Mas, na época, eu pensei que era o estresse pelas provas e o jogo. Até que estava tudo bem, por isso o perdoei quando ele pediu perdão e aceitei transar mesmo sem camisinha.

Às vezes eu me odeio tanto.

Já as outras duas vezes que ele me bateu eu havia pensado que... Sei lá, talvez ele estivesse mal por brigar com os pais e, no dia seguinte, o perdoei.
Na época era muito mais fácil aceitar do quê falar algo, até porque eu o amava.
O amava profundamente.
Era doentio, mas nos contos de fadas e nos filmes a mocinha sempre sofre muito para ter seu final feliz, certo? Acho que eu levava isso ao pé da letra.

A porta do elevador se abriu e eu saí ainda abraçada ao meu próprio corpo.
Arrastei meus pés até meu apartamento e parei quando vi Bailey sentado no chão escorado na porta. Assim que ele me viu se levantou e veio na minha direção.

- Linda, eu acho que cheguei meio cedo, mas... - Ele veio me beijar e tocar no meu braço, mas eu recuei.

Meu Deus, o que estou fazendo? Ele não é o Dylan. Bailey não faria o que ele fez.

- Eu demorei um pouco. - Murmurei.

Ele estreitou os olhos e sua testa ficou vincada.

- O que aconteceu? - Indagou.

Eu queria tocá-lo, mas as lembranças estavam muito fortes na minha mente e a realidade se confundia com um medo que senti no passado.
Dei um passo curto para trás e respirei fundo.

- Será que a gente pode se falar depois? - Perguntei. - Eu quero ficar um pouco sozinha.

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[🥀]demorei mas postei pra vocês...

[🔥]eu escrevei um hot na fic que tô escrevendo, tô morrendo de vergonha kkkkk, eu não consigo ler o capítulo que eu escrevi
  ↪a fic saí logo logo....

𝐏𝐨𝐫 𝐚𝐦𝐨𝐫; 𝐌𝐚𝐥𝐢𝐰𝐚𝐥 / 𝐒𝐡𝐢𝐯𝐥𝐞𝐲Where stories live. Discover now