capítulo 25

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- O QUÊ?!

Não. Aquilo não podia estar acontecendo.

Aquele homem não podia aparecer na minha vida para tirar a minha filha.

Não depois de ter nos rejeitado e não depois de tudo que nós duas passamos.

Ele não tem esse direito.

- É o que você ouviu. - Ele falou. - Eu quero e vou ter a guarda, pois tenho plenos direitos como pai biológico.

Bufei sentindo o choro vir à tona, porém a raiva e o rancor eram maiores. Avancei na direção ele e agarrei a lapela de seu jaleco com tanta força que meus dedos doeram.

- Que direito você acha que tem, hein?! - Esbravejei com a boca a poucos centímetros da dele. - Você acha que pode chegar nas nossas vidas e se moldar à ela!? Some! Desaparece como você fez no passado!

Ele me lançou um sorriso cafajeste e segurou meus pulsos.

- Você por acaso esqueceu do quê o dinheiro é capaz? - Perguntou. - Esqueceu que eu posso ter tudo que eu quiser apenas estalando os dedos? Minha família é influente em Los Angeles inteira e você sabe disso! Então eu vou ter a guarda e você, Shivani, não pode fazer nada!

Então ele me empurrou e eu cambaleei com um nó na garganta.

Ele ia tirar minha filha de mim.

- Nenhum juiz em sã consciência vai dar razão à você. Você é um crápula! - Gritei, mas ele veio na minha direção como uma fera e eu me calei.
Por medo.

- Cala a boca. - Mandou baixinho, mas com autoridade. - Não aconselho que você arme escândalos. Imagina se ao invés da guarda compartilhada você perde a guarda total?!

Arregalo os olhos com puro pavor.

- Eu mato você antes que isso aconteça! - O ameacei. - Eu não vou perder a minha filha.

Ele riu e se afastou quando viu uma enfermeira entrar no corredor.

- Então apenas aceite que as coisas mudaram.

O encarei com todo o ódio que havia em mim, mas não pude fazer nada.
Ele não pode tirar minha filha de mim.

°°° °°°°

Assim que vi Bailey corri até ele e o abracei com todas as minhas forças.

- O que houve?

Neguei com a cabeça, mas eu estava chorando muito. Eu nem conseguia parar de tremer.

O medo me consumia.

- N-nada. - Solucei. - Me abraça. Me abraça, por favor.

E ele obedeceu, mas segundos depois voltou a me afastar e secou meus olhos com os polegares.

- Me conta, Shivani. - Pediu.

Funguei.

- Dylan falou que vai pedi a guarda compartilhada da Isabel. - contei. - Ele quer ter direitos sobre a minha filha, Bailey!

- O QUÊ!?

- Ele acabou de me falar que já acionou uma advogada.

Bailey me soltou e passou as mãos pela nuca.

- Eu vou matar ele. Eu vou acabar com aquele filho da puta nem que pra isso eu vá preso.

Segurei as mãos dele com força.

Se Bailey fizer ou falar algo é capaz de eu perder tudo. Eu não posso me dar à esse luxo.

- Você não pode fazer isso! - Minha voz estava rouca e entrecortada. - Se você fizer isso eu a perco de vez, Bai. Me deixe resolver isso do meu jeito. Por favor.

Ele balançou a cabeça completamente transtornado e depois me puxou para um abraço enquanto apoiava o queixo no topo da minha cabeça.

- Se ele tocar na Bel eu não irei responder por mim. - Sibilou.

Assenti.

- Eu também.

°°° °°°

Em algum lugar, alguma vez na minha infância, eu li que por amor somos capazes de muitas coisas e que a maioria delas foge da lógica, mas eu jamais havia levado aquilo em conta até o momento em que me vi entrando na sala de Dylan.

A noite já havia chegado lá fora e com ela um frio avassalador que me fazia tremer.

Bati na porta duas vezes e o ouvi mandar entrar.

Abri a porta com hesitação e entrei na pequena sala azul onde ele estava assinando alguns papéis.

Parei com as costas escoradas na porta e esperei até que ele me olhasse e assim o fez depois de uns segundos.

- O que você quer agora? - Perguntou.

Ele parecia ainda mais sombriu sentado ali naquela sala de iluminação não tão boa. Ou talvez fosse a velha Shivani me alcançando.
Engoli o medo e falei.

- Eu quero conversar com você. - Respondi.

Ele apontou para a cadeira em frente à sua mesa e eu sentei.

- Pode falar.

Entrelacei os dedos em cima do meu colo e levantei o olhar até ele.
Dylan parecia menos real ali. Parecia quase um fantasma do passado que estava prestes a me assombrar para sempre.

- O que você quer para desistir da guarda compartilhada?

Ele ergueu as sobrancelhas demonstrando surpresa e depois se encostou na cadeira com uma caneta nas mãos.

- E essa pergunta abrange absolutamente tudo? - Perguntou, cheio de malícia.

Puxei o ar com força e depois o soltei devagar.

- Sim. - Sibilei e todos meus ossos doeram.

Eu faço de tudo pela minha filha. De tudo. Por amor à ela eu sou capaz até de fazer o impossível.

Ele voltou a se endireitar e pousou a caneta na mesa antes de levar seus olhos azuis até os meus e, nesse momento, eu vi uma faísca de poder brilhar no fundo deles.

O medo levou suas mãos de dedos lânguidos até meu pescoço e apertou-o até que minha glote estava ameaçando me sufocar.
Pareceu um século até que ele falou:

- Casa comigo e eu deixo isso tudo de lado.

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[🥀]postei e saí correndo.

𝐏𝐨𝐫 𝐚𝐦𝐨𝐫; 𝐌𝐚𝐥𝐢𝐰𝐚𝐥 / 𝐒𝐡𝐢𝐯𝐥𝐞𝐲Where stories live. Discover now