capítulo 33

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AVISO DE GATILHO
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[ Ouçam a música ]

••••••••

Dois dias depois...

(...) Mas só porque queima não significa que você vai morrer. Você precisa se levantar e tentar, tentar, tentar.(...)

Ele sabia.

Dylan havia percebido que meu celular não estava na bolsa.

Fechei a porta do meu quarto que ficava no final do corredor e agradeci aos céus que Isabel estava na escola.

Dylan estava bebendo. Ele nunca era ele quando bebia.

- ABRE ESSA PORRA! - Ouço-o berrar.

Os punhos do homem do outro lado acertam a porta com ferocidade e me pergunto quanto tempo irá demorar para quebrar.

- Dylan...

- ME DÁ A PORRA DO CELULAR! - Exige.

Finco as unhas nas palmas das mãos enquanto encaro a porta.
Ele vai entrar.

- VAI EMBORA! - Grito.

Ele da outro soco na porta.

- ABRE ISSO SUA VADIA DOS INFERNOS!

Ele vai quebrar a porta. Ele vai me matar.

- NÃO! - Esbravejo.

De repente me vejo dentro da mesma espiral do passado, mas dessa vez tudo está em cores mais vivas e as dores que senti há nove anos estão ressurgindo.

A cada soco na porta uma imagem das agressões do passado voltam.

Sinto o gosto de ferro e sangue na boca e me dou conta que estou mordendo os lábios.

Dou um passo para trás e caio no chão quando ele arromba a porta e entra com uma garrafa de whisky na mão.

- Você está corajosa demais! - Diz cambaleando. - Me dá a porra do celular antes que eu quebre a sua cara!

Tento ficar de pé, mas não consigo.

- O celular ficou no apartamento, Dylan. Eu pensei que tinha posto na bolsa, mas...

- MENTIRA! - Ele caminha até onde estou e aponta para o meu rosto. - MENTIROSA! Você é uma mentirosa e tem sorte que eu não te matei ainda! Você... - Ele riu. - Você tava me traindo com aquele otário... Otário!

Nego com a cabeça.

- Por favor, você está bêbado, depois a gente conversa....AÍ! - Grito quando sua mão livre agarra meus cabelos me obrigando a ficar de pé. - Por favor...

Ele me encara nos olhos e a dor se alastra pela minha cabeça.

- ME DÁ A PORRA DO CELULAR, SUA VAGABUNDA!

E então o primeiro tapa desferido no meu rosto me faz cair na cama e o gosto do sangue imediatamente se identifica. Um choro doloroso se prende na minha garganta.

- VAI! - Berra. - LEVANTA DAÍ, DEIXA DE DRAMA QUE NÃO FOI NEM COM FORÇA.

Ele me puxa pelo braço. Tento me soltar, mas isso só o irrita mais e sua garrafa se choca contra a parede antes de se espalhar pelo piso.

- Dylan, se a Bel chegar.... Os vizinhos vão ouvir...

Ele ri com aquele bafo terrível no meu rosto.

- Eu amo você... - Diz, tocando no meu rosto e eu sinto vontade de vomitar. - Eu amo você, mas você é muito mal agradecida. Você é uma puta muito mal agradecida, sabia? Você me traiu... Mentiu pra mim...

Lágrimas se misturam com sangue e descem pelo meu pescoço.

Num rompante de coragem levando o joelho e acerto no meio das pernas dele o fazendo me soltar e gritar de dor; passo correndo por ele e quase alcanço a porta, mas suas mãos agarram a barra do meu vestido e eu caio batendo a cabeça no chão.

Um zumbido.

Ele montado em cima de mim.

A respiração curta.

O rosto dele.

As mãos no meu pescoço...

Uma dor....

Uma ausência de medo...

Fecho os olhos e tento falar, mas minha língua está pesada... Uma mão forte no meu pescoço.

Lute. Lute. Lute.
Tente. Tente. Tente. Você precisa tentar.

Abro os olhos com muito custo e escorrego o braço pelo piso molhado.

Dylan desfere outro tapa no meu rosto e sinto que um dente se soltou, mas a dor não é tão aguda quanto antes.

- EU VOU TE ENSINAR A ME OBEDECER! - Ele berra.

O peso dele sobre meu corpo me faz arfar e, somente quando meus dedos esbarram em cacos de vidros é que consigo notar que ainda tenho um resquício de força.

Ergo o braço e não sei onde acerto, mas sinto um líquido quente escorrer pela minha mão e em seguida

Dylan grita e é a última coisa que ouço antes de perder os sentidos

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Gatilho :)

𝐏𝐨𝐫 𝐚𝐦𝐨𝐫; 𝐌𝐚𝐥𝐢𝐰𝐚𝐥 / 𝐒𝐡𝐢𝐯𝐥𝐞𝐲Where stories live. Discover now