capítulo 35

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Eu havia cometido um erro. E se Isabel não conseguisse avisar a Bailey? E se ela se perdesse nesse bairro estranho e desaparecesse? Eu havia tentado salvar a vida da minha filha, mas talvez tivesse acabado fazendo uma merda ainda maior.

Eu sou uma estúpida!

Me aproximo da janela fumê que há no quarto onde Dylan me trancou antes de sair para procurar minha menina. Ele havia me feito uma centena de ameaças e, mesmo se não tivesse feito, eu não iria conseguir fugir daqui. Essa casa é um forte; é como um camburão.

Desisto de olhar pela janela e me arrasto até a cama.

Dylan não havia me permitido tomar banho e o banheiro do quarto estava trancado, então eu não poderia usá-lo para nada, nem para beber um pouco de água da torneira.

Eu estava imunda, desesperada e presa.

Isso não é humano.

Até onde vai a obsessão de um homem? Até onde uma pessoa pode sentir prazer em causar tanto desespero e maus tratos numa outra pessoa? Que sensação de poder é essa que cega?

Eu nunca iria entender.

Não sei em que momento exatamente eu dormi, mas fui trazida de volta por um barulho familiar e quando abri os olhos quase chorei de felicidade.

- Bel? - Falei com a voz engasgada.
Isabel correu na minha direção com os bracinhos abertos e pulou em cima da cama para me abraçar com força.

- Eu voltei, mamãe.

Eu estava com o rosto afundado nos cabelos da minha pequena quando a voz de Dylan reverberou pelo quarto carregada de gentileza.

- Ela foi encontrada por um policial amigo meu e ele me ligou; a nossa filha é uma menina sapeca, não acha?

O encarei com faíscas de ódio se espalhando por todas as partes, porém não respondi com grosseria.

Era a hora de usar a frieza.

- Obrigada por trazê-la de volta. - Falei.

Dylan pareceu satisfeito e pude ver seu peito inflar com o ego que crescia.

- É assim que tem que ser. Você sempre tem que me agradecer.

Assenti com paciência mesmo que por dentro estivesse louca para jogá-lo da janela.

Eu precisava estar calma para não nos colocar em problemas maiores.

Dylan era pior do que eu podia imaginar.

- Posso usar o banheiro? - Indaguei.
Ele olhou ao redor e depois deu de ombros.

- Claro, querida. Olha, se você for boazinha, você vai ter tudo o que quiser de mim.

Deixei Isabel sentadinha na cama e ignorei seu olhar curioso; fiquei de pé e caminhei até ele com cautela como um gato que passa na frente de um cachorro raivoso.

Parei diante de seu corpo enorme e amedrontador.

- Você tem razão, não há mais pelo que lutar. Eu faço o que você quiser.

Havia algo no ar, talvez fosse uma mão de loucura agarrando meu tornozelo ou a pancada forte que levei na cabeça que estava destroçando meus sentidos, porque naquele momento eu me sentia vazia ao olhar naqueles olhos intempestivos.

Dylan afastou meu cabelo para o lado e escorregou o dedo indicador pelo meu rosto sujo e suado.

- Tome um banho que hoje você irá dormir no meu quarto.

𝐏𝐨𝐫 𝐚𝐦𝐨𝐫; 𝐌𝐚𝐥𝐢𝐰𝐚𝐥 / 𝐒𝐡𝐢𝐯𝐥𝐞𝐲Where stories live. Discover now