capítulo 24

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Assim que cheguei na sala de espera vi Bailey encostado à parede com os braços cruzados rente ao peito, porém ao me ver ele forçou um sorriso e eu senti na mesma hora que nada estava bem.

- Como ela está? - Ele perguntou.

Notei que ele não fez menção sequer me tocar e aquilo doeu.

- Ela está dormindo ainda, mas o Dylan falou que ela vai ficar bem. Ele foi falar com o ortopedista. - Expliquei.

Bailey assentiu com os lábios comprimidos e os braços ainda cruzados.

Tirei um pouco os olhos dele e procurei Sofya, mas não a vi.

- Onde está a Sofy?

- Ela foi em casa, mas falou que volta logo. - Ele disse.

Não havia o mesmo brilho no olhar dele e não havia também resquícios do Bailey de antes.

Toquei o braço dele, mas ele não devolveu o toque, ao invés disso seus lábios se articularam para formar uma pergunta dolorosa.

- Porque não me falou que esse homem tinha voltado para a sua vida, Shivani? E não me diga que esse foi o primeiro encontro de vocês, porque eu não acredito.

Me afastei um pouco.

Não havia violência em sua voz ou brutalidade, mas mesmo assim tomei certa distância.

O barulho à nossa volta estava menor que antes e o cheiro de alvejante impregnava o ambiente.

- Bailey, o Dylan e eu nos encontramos no supermercado faz um tempo, mas eu não quis falar porque pra mim não teve importância alguma. Esse homem não significa nada na minha vida! - Deixei claro.

Bailey meio que sorriu, mas não soou verdadeiro.

- Eu não sou um homem ciumento e que arma escândalos, Shivani, pois eu confio na mulher que está comigo, mas o fato de você me esconder algo assim me faz pensar se... Se você seria capaz de esconder algo à mais por achar que eu ainda não faço totalmente parte da sua vida.

Passei as mãos pelos cabelos e me aproximei dele.

Ele jamais poderia pensar aquilo. Bailey era tão parte da minha vida quanto eu mesma.

- Não fala assim, amor. - Toquei o rosto dele. - Olha no meu olho e diz que você acredita que eu não fiz isso por maldade; olha no meu olho e vê se o meu amor não é verdadeiro. Olha!

Aos poucos seus braços se desenroscaram e seu escudo foi se desmanchando até que suas mãos subiram pelos meus braços até meu pescoço e seus dedos acariciam meu rosto.

- Eu sei que você nunca iria me magoar, querida. Eu só tive medo de perder você e a Bel.- Confessou. - Vocês são tudo que eu tenho agora. E eu amo vocês. Eu daria a minha vida por vocês, porém não gosto daquele homem por perto. Ele me inspira medo.

Me aninhei em seu peito e o envolvi com meus braços.

Eu amava o cheiro dele.

- Logo ficará tudo bem. - Falei com uma falsa convicção.

Estava na cara que isso estava apenas começando.

°°° °°°

Algumas horas depois fomos levados até a sala do ortopedista que era um homem até jovem demais para ser médico, mas que de imediato me inspirou confiança.

Apertei a mão do doutor Jorge e em seguida me sentei ao lado de Bailey.
Dylan estava em pé no canto da sala.

- Eu vi os raios-x da Isabel e devo dizer que foi um grande golpe de sorte que não tenha ocorrido nada mais sério. Ainda bem que o doutor García estava à postos e controlou a hemorragia, graça à isso não houveram complicações na cirúrgica.
- Olhei para Dylan, porém ele estava sério. - Agora devemos apenas monitorar a recuperação dela.

Me curvei um pouco para frente e apoiei as mãos na mesa.

- Mas quando eu posso levar minha filha? Eu preciso saber mais, estou aflita!

O doutor sorriu afetuosamente.

- Isabel é uma menina de Oito anos, não irá demorar para ficar boa.

Crianças tem isso à seu favor: a juventude. Logo iremos tirar o gesso, mas irei explicar depois se será preciso fisioterapia ou algo do tipo.
Vamos acompanhar o caso dela. Peço que fique tranquila, pela sua filha.

Assenti.

Bailey segurou minha mão e sorriu me dando forças.

- Então, por enquanto, não podemos levá-la para outro hospital? - Bailey  indagou.

Ouvi Dylan tossir, mas ignoramos.

- Não acho que seja necessário. - Jorge respondeu. - Ela está sendo muito bem atendida aqui. Não aconselho uma mudança.

Olhei para Bailey se soslaio e notei que ele estava trincando o maxilar.
Ele estava percebendo algo que eu não percebia.

Minutos depois saímos e graças a Deus Dylan tinha outros pacientes e eu não o vi pela próxima hora.

Meu corpo estava moído e só quando me conformei que Bel estava bem foi que a fome e o cansaço veio à tona.

Eu estava encostada em Bailey na sala de espera quando ele suspirou antes de falar:

- Eu achei aquele médico muito estranho.

- Estranho como?
Ele umedeceu o lábio antes de falar.

- Não sei, mas senti que ele e o Dylan eram próximos. Sei lá, era como se ele tivesse tentando promover o amigo. Aliás, não acho que haveriam empecilhos para tirar a Bel daqui.
Nisso eu concordava.

- Você acha que o Dylan seria capaz de usar outro médico para manter a Bel aqui? O que ele ganharia com isso? A Isabel nem sabe de nada.

Bailey me olhou.

- Ele ganharia tempo para conquistar você, Shivani. - Falou. - Eu não sei explicar, mas ele não me parece nada satisfeito com a forma que a sua vida está agora.

°°°° °°°°

Abri a porta do cubículo que eu estava e fui até a pia do banheiro para lavar as mãos.

A água escorria pelos meus dedos de forma lenta, mas com pressão e eu senti naquele momento o peso daquele dia sobre meus ombros.
Minha filha estava em um leito de UTI, meu ex e meu atual se engalfinharam e agora eu nem sequer podia confiar no médico que estava cuidando da Isabel.

Desde quando o mundo se tornou tão mal?

Desliguei a água e depois de secar a mão abri a porta do banheiro para voltar à sala de espera, porém dei de cara com Dylan que me esperava escorado na parede do corredor.
Cruzei os braços e empinei o queixo.

- Eu queria falar com você. - Ele disse.

- Não tenho mais nada para falar com você. - Respondi. - Eu não acho que isso seja saudável, entende? Me deixa seguir a minha vida e você segue a sua. Esquece o que aconteceu.
Ele abanou a cabeça negando.

- Não vou afastar você e a minha filha novamente de mim, Shivani.

- Você nem quis ela, Dylab! - Guinchei. - Porque isso agora? Eu não estou exigindo nada, eu nem quero seu nome na certidão dela. Eu só quero que você finja que nada disso aconteceu. Os pais dela somos eu e o Bailey.

Dylan rolou os olhos. Estava irritado, mas tentava a todo custo se conter, eu podia notar.

Ele pousou as mãos na cintura e me olhou no fundos dos olhos.

Recuei um passo.

- Eu não quero saber do que você disse, Shivani. Eu apenas vim te informar que já falei com a minha advogada e eu vou entrar na justiça para ter a guarda compartilhada da minha filha.

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[🥀]postei mais um porque não me aguentei.

[✊] vocês acham que o Dylan vai conseguir a guarda da Bel?

[🤞] amo os comentários de vocês kkkk, são os melhores. Amo de mais, melhora 100% do meu dia

SE TIVER ALGUM NOME DIFERENTE ME AVISEM, ACABEI NÃO REVISANDO, SÓ EDITEI.

AMO VOCÊS <3🙈💜

𝐏𝐨𝐫 𝐚𝐦𝐨𝐫; 𝐌𝐚𝐥𝐢𝐰𝐚𝐥 / 𝐒𝐡𝐢𝐯𝐥𝐞𝐲Onde histórias criam vida. Descubra agora