capítulo 30

1.4K 175 178
                                    

Dois dias depois

Meu relacionamento com Bailey ainda estava abalado, mas ele nunca conseguia ficar longe de Bel, e nem ela dele.

Eu gostava de observá-los lendo no sofá e até sorria uma vez ou outra quando eles liam algo engraçado.

- Mamãe? - Bel chamou me arrancando de meus devaneios.

- Sim?

Meus olhos esbarraram nos olhos dele e ele sorriu.

- Canta pra gente?

- Agora?

Ela assentiu toda sorridente.

- Aquela música que você canta quando tá feliz, vaiii!!!

Não tinha nem como negar.

Peguei meu violão e fui até o meio da sala, me sentei no chão e pus meu velho escudeiro na perna. Olhei para Bailey e senti minhas bochechas corarem.

Dedilhei a primeira nota e comecei finalmente a cantar:

I remember when I met you, I didn't want to fall
I thought my hands were shaking 'cause you looked so beautiful
I remember when you kissed me, I knew you were the one
And oh my hands were shaking when you played my favorite Song

Uma lágrima escorreu dos meus olhos e doeu ter brigado com ele há dois dias. Doía não estar com ele tão perto quanto antes, por isso o encarei com todo meu amor e cantei o refrão:

I don't know why
But every time I look into your eyes
I see a thousand falling shooting stars and yes I love you
I can't believe that every night you're by my side

Bailey levantou do sofá e sentou ao meu lado no chão, enxugou minha bochecha e sorriu antes de continuar
a canção:

Promise I'll stay here 'till the morning
And pick you up when you're falling
When the rain gets rough, when you've had enough
I'll just sweep you off your feet and fix you with my love
My only one
My only one

Parei de tocar o violão e o abracei com força.

Eu amava aquele homem, amava aquela camisa colorida e amava que ele cantasse tão bem, mesmo que eu nem soubesse disso.

Eu o amava.

- Me desculpa! - Sussurrei. - Me desculpa.

Ele afundou o rosto na curva do meu pescoço.

- Eu te amo e não tenho nada para desculpar.

Me desvencilhei de seus braços por um momento e beijei seus lábios com delicadeza.

- Eu também te amo.

- Oba! - Ouvimos Bel gritar antes de se jogar nos nossos colos. - Meus pais são cantores e eu sou muitoooo sortuda!

Acabamos sorrindo muito e começamos uma guerra de cosquinha que acabou com os três quase sem ar de tanto rir e, ainda por cima, precisamos formar uma fila no banheiro, pois havíamos esquecido que tínhamos tomado muito suco.

No fim do dia nos deitamos no chão e maratonamos o filme da Barbie.
Estava tudo se indireitando.

°°° °°°°

Na segunda-feira bem cedo após deixar Bel na escola, imprimi alguns currículos e sai por vários estabelecimentos em busca de trabalho.

Bailey queria me empregar numa livraria da família na cidade vizinha, mas a mãe dele seria totalmente contra e eu não podia sair da cidade enquanto o conselho tutelar estivesse no meu pé, mesmo que o Sebastian tivesse dado uma trégua.

Ele havia mexido em um vespeiro e sua decisão de abdicar da guarda compartilhada não havia adiantado de nada, pois a conselheira não estava convencida que eu dava conta.

Depois de entregar uma centena de currículos busquei Bel na escola e fui para meu apartamento, pois hoje era dia do Bailey cozinhar e isso queria dizer que precisaríamos pedir comida.

- Mamãe, porque aquele homem médico fica vindo aqui? - Bel indagou.

Deixei meus tênis de lado e a puxei para meu colo.

- O Dylan tem um carinho muito profundo por você. - Falei. - Porque? Você não gosta dele?

Ela pensou um pouco antes de negar com a cabeça.

- Ele até que é legal. - Confessou. - Eu só acho estranho mamãe.

E é claro que era, mesmo para uma criança de quase nove anos aquilo era estranho.

Suspirei profundamente e tentei achar as melhores palavras, pois aquilo não seria fácil, mas não dava para adiar.

- Filha, a mamãe precisa te contar uma coisa... - Acariciei o rostinho dela. - O Sebastian, o doutor Dylan que cuidou muito de você no hospital, bom, ele é...

- Sou seu pai, Isabel.

Nos assustamos com a aparição inesperada de Dylan e só então me dei conta que a porta estava entreaberta.

Coloquei Isabel no chão e ela parecia atônita. Cruzei os braços odiando a péssima ideia dele de entrar sem bater.

Aquela conversa devia ser entre mim e ela.

- Dylan, você não tinha o direito...

- De contar a verdade? - Retrucou. - Desculpa, mas a menina precisa saber que eu sou o pai dela.

- NÃO! - Isabel gritou chamando nossa atenção. Ela estava chorando e negava veementemente com a cabeça.

- Meu pai é o Bailey! 

- Isabel, seu pai sou eu! - Dylan reagiu.

Franzi o cenho pra ele.

- Cala a boca! - Pedi à ele. - Não está vendo como ela está assustada?

Me agachei perto dela, porém Bel estava completamente alheia. Ela não queria meu toque e as lágrimas caiam de seus olhinhos. Eu nunca a imaginei reagindo assim.

- Mamãe, eu quero o papai! - Choramingou. - Mas não esse papai, eu quero o papai Bailey.

Olhei Sebastian por cima do ombro.

- Vai embora, Dylan. - Pedi. - Me deixa conversar com a Isabel. Eu preciso explicar muito coisa à ela.

- Shivani, a gente precisa conversar. - Rebateu. - De verdade.

- Agora não dá! Você não está vendo como ela está?

Bel recuou um passo enquanto olhava para ele e por um momento eu vi uma mágoa passar por seu rosto. Uma mágoa que eu nem imaginava que existia.

- Não quero que você seja meu pai. - disparou. - Eu quero que você vá embora!

- Mas Bel, eu já amo você. A gente é amigo e eu vou ganhar seu carinho! - Ele falou se agachando ao meu lado. - Bel, apenas me deixa ficar um pouquinho com você. O papai promete que vai cuidar de vocês.

Ela negou enquanto enxugava o rostinho.

- Eu não quero outro papai.

Ele passou a mão pelo rosto.

- Mas não tem mais volta, filha. - Dylan me olhou. - O juiz decidiu pela guarda compartilhada e, agora à pouco, fiquei sabendo que a conselheira descobriu que você, Shivani, perdeu o emprego.

Fiquei de pé e cobri a boca com a mão para não gritar.

Aquilo não pode estar acontecendo.
Não
Não
Não
Não

O ar foi sugado do meu corpo e eu queria falar, mas as palavras ficaram presas na garganta.

Cai sentada no sofá e encarei minha filha pela cortina de lágrimas que se formava nos meus olhos.

- Shivani? - Escutei a voz de Dylan muito longe. - Lembra da minha proposta?

---------------------------------------------------------

QUE GATILHOOOOOOOOOOO
good noite pra vocês. Amo vocês <3

𝐏𝐨𝐫 𝐚𝐦𝐨𝐫; 𝐌𝐚𝐥𝐢𝐰𝐚𝐥 / 𝐒𝐡𝐢𝐯𝐥𝐞𝐲Where stories live. Discover now