capítulo 34

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Abro os olhos ainda desorientada e sinto o cheiro forte de sangue e álcool impregnando o ambiente.

Quero vomitar, mas a dor de cabeça é tão forte que mal consigo fazer outra coisa a não ser me arrastar para longe do corpo imóvel de Dylan.

Filho da puta!

Será que o matei? Eu desejo tê-lo matado. Deus que me perdoe!

Me apoio na cama e fico de pé aos trancos e sinto a cabeça latejar outra vez, dou um passo e desvio das pernas grandes e nojentas de Dylan que ocupam boa parte do caminho.

Preciso sair daqui!

Olho ao redor, tudo está em cores monocromáticas e parecem vir na minha direção e depois se afastar...

Estou zonza demais.

Passo por cima da porta que havia sido derrubada e corro o mais rápido que minha condição permite até alcançar as escadas; os degraus estão girando, se movendo, balançando.
Seguro a testa e respiro fundo.

Respira, Shivani!

Me agarro ao corrimão com as duas mãos e meu tronco quase encosta nele de tão curvada que estou indo, mas preciso ir de qualquer forma.

Tenho que pegar Isabel antes que ela sequer chegue perto dessa casa. Se de fato matei aquele embuste ela não pode ver aquela cena.

Bailey, como eu queria você aqui agora.

Consigo pegar o molho de chaves de Dylan que estavam em cima da mesinha de centro e com muita dificuldade encontro a chave certa e depois de mergulha-la na fechadura me dou conta do tanto de sangue que minha mão tem.

Muito, muito, muito sangue...
Não se concentre nisso agora.

Fecho a porta com força atrás de mim e antes de seguir correndo pelas ruas pouco movimentadas olho por cima do ombro e a sensação de que aquilo não acabou me soca no estômago, porém me obrigo a correr.

---

Alcanço Isabel no meio do caminho e agradeço a Deus que ela tenha vindo com uma professora muito gentil.

Minhas mãos ainda estão sujas de sangue e por isso as enfio atrás das costas.

Isabel me observa.

- Você está bem, mamãe? - Pergunta assim que a professora nos deixa. - Porque você estava correndo?

Me agacho no meio-fio para ficar da altura dela.

- A mamãe precisa que você fique calma e obedeça, tudo bem?

Ela concorda.

- Cadê o Dylan?

Morto. Espero.

- A gente não tem tempo, depois a mamãe te explica e....

Sou interrompida por um grito abafado que ecoa logo atrás de nós e chama atenção até de algumas pessoas que esperavam ônibus do outro lado da rua.

Dylan!

- VOLTA AQUI. SUA VADIA!

Olho por cima do ombro com os olhos arregalados e o pânico de ver aquela cena deplorável.

Ele está mancando e sangrando, mas nem um pouco morto como eu esperava.

- CORRE! - Falei para minha filha que me olhava com olhos de pavor. - Corre e se esconde, tudo bem? É como esconde-esconde, lembra? Você adora brincar disso.

Ela olha para o pai e depois pra mim.

- Ele parece bravo, mamãe.

Pego suas mãos entre as minhas e desejo com todas as forças que aquele pesadelo acabasse.

𝐏𝐨𝐫 𝐚𝐦𝐨𝐫; 𝐌𝐚𝐥𝐢𝐰𝐚𝐥 / 𝐒𝐡𝐢𝐯𝐥𝐞𝐲Onde histórias criam vida. Descubra agora