︰Vinte e Um︰

822 124 13
                                    

Donghyuck se sentou no sofá de sua casa e puxou seu irmão junto. Os dois ficaram um de frente para o outro e o mais velho podia sentir uma certa dor nos olhos do irmão. Estava tudo tão estranho e confuso, era difícil assimilar tudo.

Minjun segurou na mão do irmão e ele sentiu seus olhos marejados. Não tinha costume de chorar, isso nunca foi do seu feitio. Mas sempre que lembrava da reação da mãe ao saber de tudo e constatar que ela sabia sobre as agressões, fazia seu peito doer. Os pais deviam zelar pelos filhos. Era tudo tão doloroso.

- Min, o que houve? Porque você saiu de casa?

Donghyuck apertou a mão do irmão e ele viu o mais novo suspirar. Algo de grave realmente tinha acontecido.

- Eu briguei com a mamãe. - Começou ele e Donghyuck assentiu. O mais velho sabia que sua mãe e Minjun nunca se deram muito bem, mas nunca chegaram ao ponto de brigarem.

- A briga foi tão ruim assim? - Ele assentiu. - Você está começando a me assustar, maninho.

Minjun soltou a mão de Donghyuck e se levantou. Ele começou a andar de um lado pro outro e passar a mão entre seus cabelos.

- Depois que você fez aquilo, ela mudou Donghyuck, ela mudou muito. A mamãe tentou me bater muitas vezes e eu passei a bancar ela e os vícios dela. - Começou ele e Donghyuck ouvia atentamente. Minjun respirou fundo e continuou. - Ela começou a se misturar com os amigos dele e eles começaram a procurar por você em todos os lugares. Eu estava com medo por você. E na nossa última briga eu falei umas verdades pra ela e descobri que ela sabia de tudo e nunca fez nada, nunca fez absolutamente nada.

Donghyuck pendeu a cabeça para o lado e tentou assimilar tudo. E foi aí que a ficha dele caiu.

- Ela sabia que ele batia na gente toda vez que se drogava? - Donghyuck sentiu seus olhos marejados e todas as lembranças de sua adolescência, vieram com força. Os eventos que vieram depois da morte do seu pai, são os mais dolorosos possíveis e saber que a própria mãe sabia de tudo, só piorou.

- Ela nunca fez nada. - Falou Minjun se sentando no chão e abraçando os joelhos.

Donghyuck se jogou no sofá e sentiu as lágrimas rolarem. Ele tinha boas lembranças com a mãe. Ela sempre foi uma boa pessoa. Ela só mudou depois que se casou de novo. A mudança foi radical. Ela passou a deixar os filhos de lado, para viver em volta de um homem escroto.

- Por isso eu saí de lá, eu não consegui mais ficar naquela casa, de tanto nojo que eu sentia. - Falou Minjun olhando pro chão. Seu coração estava apertado e mesmo depois de tudo, ele ainda se sentia péssimo por abandonar sua mãe.

- Tá tudo bem, Min. Eu fico feliz que você tenha saído de lá. - Falou Donghyuck se sentando no sofá e encarando o irmão. - Vamos tentar esquecer tudo e ter uma nova vida.

Minjun voltou a se sentar ao lado do irmão e Donghyuck o abraçou pela cintura.

- Hyuck, você trabalha em que?

Donghyuck suspirou.

- Eu sou babá e trabalho em uma boate todo fim de semana. - Respondeu e Minjun riu.

- É bem irônico você trabalhar em uma boate como dançarino, sendo que você nunca gostou de dançar. - Falou Minjun e Donghyuck riu.

- Eu cheguei aqui sem um puto no bolso e desempregado. Eu acabei encontrando o Yuta. Eu estava em um ponto de ônibus, me perguntando o que eu ia fazer, quando ele me ofereceu abrigo e me ajudou. Ele me arrumou o emprego que eu tenho hoje. E se agora eu tenho um apartamento, eu agradeço ao Yuta. - Falou Donghyuck e Minjun franziu o cenho em confusão.

- Ele te ajudou sem nem ao menos te conhecer?

O Lee mais velho riu e assentiu.

- Pior que sim, o Yuta ele tem um coração bom sabe, ele te ajuda sem nem pensar duas vezes. Se você chegar na casa dele agora e falar que precisa de dinheiro, ele vai te arrumar, mesmo ele não tendo. Eu lembro de uma vez que eu precisava pagar o aluguel, porque o dinheiro que eu ia usar pra pagar, eu usei pra outra coisa. Eu liguei pra ele e ele me respondeu: Eu não tenho agora, espera uma hora que eu te arrumo. Ele fez alguns programas e uma hora depois ele mandou eu ir na casa dela pegar o dinheiro. - Respondeu Donghyuck e Minjun sorriu. O loiro falava com carinho dos amigos, porque querendo ou não, foram eles que o tiraram da pior.

- Então e a ele que eu tenho que agradecer por ter tirado você da sarjeta?

Donghyuck assentiu rindo. - Basicamente.

- Eu senti sua falta. - Falou Minjun e Donghyuck o puxou pra um abraço.

- Eu também senti a sua, maninho.

(...)

- Sabe, seu apartamento é legal. - Falou Minjun andando pelo local, olhando ao redor. Ele foi até a varanda e gostou da vista.

- Pra eu conseguir esse apartamento, eu tive que deitar com alguns caras estranhos. - Falou Donghyuck e ele não se orgulhava muito disso. - E pequeno, mas é perto do meu trabalho e aqui e área comercial, aí já viu. - Falou Donghyuck ficando ao lado de Minjun na varanda.

- Você ainda deita com as pessoas por dinheiro?

- Não como antigamente. Querendo ou não, hoje eu tenho uma vida mais ou menos estabilizada. Tenho dívidas, óbvio, mas se eu tiver dinheiro pra compra comida, pagar aluguel, água, luz e internet, o resto que se foda. - Respondeu Donghyuck e seu irmão riu alto. Ele também tinha sentido falta da risada do mais novo.

- Se eu morar aqui -

Donghyuck o interrompeu. - Como assim SE, você mora aqui? Você vai morar aqui doido.

Minjun riu.

- Eu vou te ajudar no que for preciso. - Completou ele e Donghyuck assentiu rindo.

- Você vai trabalhar com o Nana, né?

Minjun assentiu animado.

- Sim, lá parece ser legal.

Donghyuck concordou em termos, ele nunca tinha entrado lá, não podia dizer muito.

- Se você se basear que o Jaemin diz, lá é legal.

- O Jaemin e o Jisung, tem alguma coisa? - Perguntou Minjun um tanto confuso.

Hyuck riu. - Aquele lance ali é complicado. Nana conheceu o Jisung na boate que a gente trabalha e dias depois ele o encontrou quando foi fazer uma entrevista de emprego. Ele ia trabalhar pro crush de boate.

- Crush de boate?

- Sim, são pessoas que a gente gosta enquanto trabalha e tal. O Jisung foi o primeiro crush que o Jaemin gostou de verdade.

- Eles são fofos.

- Sim. Eu digo isso sempre pra ele.

Eles ficaram um do lado do outro em um silêncio nem um pouco desconfortável, até Minjun se lembrar de algo.

- Você está namorando?

Donghyuck se engasgou com a saliva.

- Não e nem quero no momento. Porque a pergunta?

- O seu chefe te olha estranho, sei lá.

Donghyuck franziu o cenho em confusão. Como assim Mark o olhava estranho?

- Estranho em que sentido?

Minjun pensou. - Tipo você olhando para uma bacia de pipoca doce.

O loiro mordeu o lábio inferior. Donghyuck gostava de pipoca doce, por isso Minjun sempre fazia essa referência. Isso queria dizer que Mark gostava de si? Era muita coisa pra assimilar em pouco tempo.

- Eu nunca reparei nisso.

- Repara só.

E sim, Donghyuck com toda certeza iria prestar atenção nisso.

Sweet Chaos - MarkHyuckWhere stories live. Discover now