Depths of the Sea.

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                                     LISA 

Sabádo.

Quase duas horas da tarde e eu estou me sentando para tomar café da manhã, porque sim, sou uma pessoa estranha que não almoça se não tomou café algumas horas antes. Mesmo geralmente fazendo as refeições nos horários errados, eu tenho essa mania de querer faze-lás na ordem normal. Ontem no colégio após ter sido expulsa eu almocei ás dez da manhã mas tinha tomado café antes, é uma coisa minha e nem tento mais entender, só sigo. O que me consola é saber que Jin está na mesma situação que a minha; uma ressaca horrível e tentando esconder isso usando óculos escuros. Nossa saídinha de ontem rendeu bastante, quando voltamos para casa já eram quase cinco da manhã e na verdade eu teria ficado mais tempo, porém meu irmão conseguiu me arrastar pra ir embora. Nas palavras dele, eu não tinha condições de ficar lá por contra própria já que meus amigos haviam partido horas antes. Nós dois estamos comendo em silêncio já faz uns minutos e honestamente tô com zero vontade de conversar no momento, o mau humor pela enchaqueca que sinto me impede de me comunicar com outras pessoas. A casa estava praticamente vazia, haviam poucos funcionários circulando e meus pais saíram bem cedo para alguma reunião de última hora; eu acho, nem li a mensagem da minha mãe com atenção, só queria voltar a dormir.

— Bom dia, crianças! — a voz da assistente pessoal do sr e da sra. Manoban ecoa pela sala.

— Dia. — Jin resmunga e eu nem me dou o trabalho de abrir a boca, somente balanço a cabeça.

— Que horror! — ela diz ao se sentar na mesa conosco. — Parece que foram atropelados.

— É você quem tá muito feliz. Como sempre, na verdade. — meu irmão novamente resmunga encarando a assistente.

Heather Morris é a assistente dos meus pais desde que me entendo por gente. Antes de eu ou Seokjin nascer ela já era amiga deles, se não me engano se conheceram na faculdade. Ela é norte-americana mas se mudou para a Tailândia muito nova, foi lá que começou a ter vínculo com os Manoban. Teve um bem intímo com o meu tio, inclusive. De qualquer forma, a mulher de fios caramelados é como se fosse a nossa babá que faz além do trabalho dela. Heather vai em reuniões escolares, livra a gente de algumas confusões, nos acoberta de vez em quando e antigamente até nos colocava para dormir. Resumindo, ela sempre esteve por perto.

— É... mais ou menos. — a mulher sorri fracamente. Isto me fez encara-lá, Heather muito raramente está triste ou desanimada, ela parece nunca se abalar emocionalmente com nada.

— Tá tudo bem, Nany? — Jin ergue as sombrancelhas. Ele a chamou pelo jeito que a chamavámos quando crianças, vem de "nanny", que significa "babá" em inglês mas quisemos tirar um "n" para sentirmos que fosse algo único. O que por sinal, não é.

— Relacionamentos são muito complicados. — a mulher suspira fortemente após seus dízeres.

— Nem me fala. — me pronuncio colocando uma colher cheia de frutas na boca. — Por isso eu corro.

Eu nunca tive de fato um relacionamento mesmo, algo concreto e levado a sério. Uma relação em que eu realmente pensei "caralho, estou apaixonada e faria de tudo por essa garota". Porém tive uma única experiência que já me bastou por milhares e me esforço ao máximo para não ter uma segunda dose. Minha quase namorada - se é que dá pra chamar assim - Joy, me proporcionou vários momentos bons e alguns até que não consigo esquecer, porém  todos os nossos conflitos não puderam ser ignorados. Tivemos uma relação confusa durante quase um ano, cheia de idas e vindas que nesse tempo, sempre ficavámos com outras pessoas. Nós parecíamos gostar mais de dizer que éramos namoradas do que de fato ser. Até hoje não entendo e mesmo não querendo admitir, talvez algo em mim ainda sinta falta dela. Ela esteve lá por mim quando rolou o atentado e... não sei, sinto que devo algo à ela.

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