Jealousy in the Air.

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​​ Eu não gosto do jeito como ele está olhando para você. Estou começando a pensar que você também o quer.
Não quero te desrespeitar mas é meu direito implicar.
Eu ainda fico com ciúmes.
- Jealous, Nick Jonas.
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JENNIE

A clínica não havia mudado muito desde a última que estive aqui, há seis meses. O papel de parede da sala de espera continua o mesmo, um tom bonito de vermelho e branco, que são as mesmas cores do restante da decoração do recinto. Poltronas macias, uma estante próxima ao sofá repleta de revistas e livros para passar o tempo, uma mesa contendo um aparelho para fazer café e mais alguns itens para comer e beber, e mais no cantinho, uma ala especial repleta de brinquedos e lápis de cor para as crianças que seriam atendidas. Esbocei um pequeno sorriso para uma menininha de cabelos escuros que estava ao lado de uma mulher que julguei ser sua mãe, a pequena sorriu de volta timídamente. Tal cena me fez lembrar da minha primeira vez aqui, acho que tinha cerca de onze anos e fazia muito pouco tempo que havia recebido o diagnóstico de TPB, eu e meus pais ainda estavámos nos adaptando à ele e todas as coisas que ele trouxera, terapia era uma delas. Naquela época, eu não entendia a razão de ter que conversar com uma desconhecida sobre as coisas que sentia, até sentia raiva de meus pais por me trazerem para conversar com ela uma vez por semana. Também me recordo de ter chorado em várias sessões antes de começar a confiar e gostar da minha psicóloga, a Dra. Sullivan. Mesmo que fosse o trabalho dela me escutar e auxiliar, eu gostava da forma como ela fazia parecer que eu era especial e que mesmo com o meu transtorno delicado e complicado, eu continuava sendo alguém.

Continuei com a terapia constantemente durante vários anos, eu gostava de ir e me sentia bem falando com a doutora, sentia que ela me entendia. Porém após uma crise forte, simplesmente não quis mais ir e meus pais não me obrigaram, disseram que respeitavam minha decisão mesmo achando que poderia ser precipitada. No começo achei estranho, sentia uma ausência chata em minhas semanas e frequentemente me desentendia com Jisoo e Rosé, que ao contrário de meus pais não concordaram com o que eu havia decidido e deixavam claro. Porém, não demorou para as duas também terem que aceitar, já que elas não podiam me obrigar a nada. As semanas se tornaram meses rapidamente e eu logo parei de sentir falta, mesmo tendo alguns momentos em que desejei poder ver a doutora sem ser numa consulta. Mas agora como tudo está diferente demais e as coisas continuam a acontecer uma atrás da outra me sobrecarregando de emoções, decidi que precisava voltar. Marquei a consulta na segunda-feira, após ter chorado horas seguidas por conta da falta que sentia de minha mãe e do jeito que as coisas eram. Contei para o meu pai ontem à noite após ter voltado da casa de Lisa, e aqui está ele ao meu lado, segurando minha mão como se eu tivesse dez anos novamente. E mesmo não tendo mais, é engraçado como ainda sinto que preciso dele da mesma forma.

— Obrigada por ter vindo, papai. — murmurei ganhando a atenção dele. — Sinto muito que tenha tido que faltar no trabalho.

— Não agradeça, Ruby. — Randell sorriu e apertou minha mão. — Minha menininha é mais importante do que o trabalho.

Abri um sorriso que mostrou todos os meus dentes e inclinei minha cabeça para a frente quando meu pai fez menção de beija-lá; assim ele fez. Encostei no ombro dele e soltei um baixo suspiro com as lembranças que me atingiram, na última vez que estive aqui foi com a minha mãe e agora isso é estranho se levar em conta que ela será o assunto dessa minha consulta. Ela e a sua amante, Heather, que descobri ser a assistente pessoal do senhor e da senhora Manoban. Mas de qualquer forma, esse não será o único ponto que irei abordar. Quero falar para a doutora sobre uma ruiva que conheci há menos de um mês e toda a confusão que ela me faz sentir, mas não uma confusão negativa e desesperadora, uma de uma forma estranhamente boa. Espero que minha psicóloga possa me esclarecer algumas dúvidas que tenho, pois não sei o que Lalisa Manoban representa para mim e isto me enlouquece. Mas... seja o que for, eu a quero perto, porque tem uma sensação quente que eu nunca havia sentido antes que aparece toda vez que estou nos braços de Lisa, só nos braços dela. E mesmo também não sabendo o que é, eu gosto da forma que me aquece.

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