Hora 8

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E lá estava ela e eu não podia negar que de fato era uma linda mulher, que faziam um ótimo casal, que eram simplesmente perfeitas juntas. As duas com suas peles perfeitas, cabelos longos, olhos verdes e até a mesma altura...
Mas que merda, porque ela tinha que aparecer logo aqui, logo agora que eu estou conseguindo tirá-la de dentro desse maldito armário.
As duas conversando, tocando uma a outra enquanto eu fico aqui sentada nessa poltrona desconfortável, olhos ardendo, comendo cupcakes um atrás do outro. Ah! Ela ainda teve a audácia de pegar um dos meus cupcakes!
Enquanto isso, Rafaella diz que é pra eu não ter ciúmes. Ciúmes? Eu? Não sou ciumenta, não tenho ciúmes do meu marido vou ter dela? Logo dela?
Rafaella olhou pra mim, tentei sorrir, mas a boca cheia não permitiu. Ela continua me olhando enquanto conversa, Anne está se aproximando dela, eu juro que se ela beijar a minha mulher eu jogo um cupcake, não não vou desperdiçar comida, jogo meu sapato nela.
Elas se abraçam, Rafaella ri passando a mão no braço dela, para que essa intimidade toda no meio da rua? Elas se despediram, Anne me olha, respira fundo e olha novamente para Rafaella, pera? Ela olhou para a bunda dela. Que audácia, ela não é boa pessoa. Tudo bem que eu também olhei, mas...
-Oi. Ela sorriu parando na minha frente.
-Oi. Falei com a boca cheia.
-Eu descobri uma coisa. Fiquei quieta, mastigando e engolindo. -Todos os sentimentos que eu tinha guardado bem lá no fundo por ela, se foram.
Continuei quieta, ainda mastigando, mas não sabia o que falar. Ou se deveria falar algo.
-Eu falei para ela que estava me divorciando e me senti bem sabe? Definitivamente eu deveria me divorciar.
-Tem certeza?
-Absoluta, eu amo o João, mas...
-Mas... esperei que ela continuasse.
-Mas eu só consigo pensar em você. Eu só quero você.
-Rafa eu..?
Não sabia o que dizer, afinal eu também sou casada, eu também tenho uma família para qual voltar, tudo estava confuso na minha cabeça também, tudo era... Tudo era estranho demais.
-Olá senhoritas.
Um jovem parou ao nosso lado, cabelos escuros e bagunçados, usava um blazer vermelho combinando com o carpete e uma plaquinha dizendo "Elon" que nome é Elon? Sorrimos esperando que ele continuasse.
-Gostaria de informar que teremos uma festa aberta no deck da piscina com DJ, comidas e muita diversão para maiores de idade liberais. Elon entregou um pedaço de papel preto. -Aqui está o panfleto, caso queiram vir serão bem vindas, ps: roupas não são necessárias.
-Obrigada. Falamos em uníssono.
Quando Elon se afastou, levando consigo meus pensamentos Rafa voltou a falar.
-Vamos para o quarto voltar com nosso verdade ou desafio?
-Eu já nem me lembro mais de quem era vez... falei dando de ombros. -E não quer aproveitar um pouco mais tempo com a Anne?
Seu nome saiu como um veneno da minha boca, ríspido, arranhando minhas entranhas e rasgando minha garganta. Ela riu enquanto revirava os olhos e me forçava a levantar.
-Não, não quero aproveitar tempo nenhum com ninguém além de você Gizelly, quer que eu grite? Quer que eu esperneei? O que vou ter de fazer para entender que a única mulher que eu quero agora, nesse momento é você.
Ela beijou cada lado do meu rosto e então minha boca, pegando em minha mão e me levando em direção ao quarto me mantive calada até entrarmos, senti um frio na barriga como se algo fosse acontecer; algo que eu não estava preparada.
Rafaella fechou a porta atrás de mim, me pressionando contra ela e ajeitando o cabelo que caia em seu rosto, lentamente beijou minha testa, precisando  abaixar-se bastante para alcançar, com os movimentos calculados tirou de cada vez a alça de meu vestido beijando os pontos que ficavam descobertos, minhas pernas tremiam, bambeavam parecendo gelatinas, o vestido deslizou pelo meu corpo enquanto suas mãos desciam juntamente com o tecido arrepiando cada centímetro de pele que tocava.
Aquele nó, aquele frio no estômago crescendo junto com a sensação do acontecimento. Perdi o fôlego enquanto ela tirava sua própria roupa, dançando sensualmente uma música que não existia, que só ela conseguia ouvir. Seus lábios tocaram em minha orelha, suaves, quentes,  trêmulos.
-Eu nunca fiz isso, espero estar fazendo certo.
-Fez o que? Perguntei quando finalmente encontrei minha voz.
-Seduzir e despir alguém, uma mulher, com intenções que jamais achei que teria. Sua voz rouca era sensual demais.
Meu corpo estava quente, molhado. Eu estava arrepiada, sem fôlego. Meus braços não se moviam, com medo de qualquer movimento assusta-la. Mas minha vontade de pega-lá contra parede, beijar cada centímetro de seu corpo nú. Completamente nú. Na minha frente. Minha boca seca salivava.
-Estou fazendo certo?
-Depende de qual seu intuito, se for de me enlouquecer. Respirei fundo. -Se for esse Rafaella você conseguiu.
-Bom, porque eu não sei como fazer daqui em diante. Ela riu, não uma risada tímida, mas uma risada honesta, alta. -O que acha de voltarmos para a hidromassagem?
Parecia outro mundo, mais claro, menos turvo. Havia barulhos novamente e Rafaella sorria enquanto ia em direção a hidromassagem, ligando-a e vendo a água cair. Meu corpo estava mole, fazia tempos que eu não me sentia assim, mole. Com tanto desejo tanto tesão, que a forma brusca que o clima foi quebrado me deixou de queixo caído. Mas que merda ela estava fazendo comigo? Brincando dessa forma? Me fazendo desejá-la, querer-lá para depois voltarmos para aquela hidromassagem onde somos apenas duas pessoas brincando de serem adolescentes?! Mas que merda Rafaella.
-Vem, verdade ou desafio? Ela gritou da hidromassagem.
-Porque não fazemos assim: Brinquemos apenas de desafios, então pode me desafiar a responder algo que queira saber. Falei enquanto sentia a água quente envolvendo minha pele.
-Melhor então. Eu te desafio a falar sobre o sonho erótico que teve.
-Qual deles? Perguntei rindo. -Foram tantos.  Ela jogou água em mim com o rosto fingindo surpresa.
-Conta o mais picante ou o que você sente mais vergonha em me contar.
Fingi pensar, mas já sabia exatamente qual iria falar, entendi o joguinho que ela estava fazendo e havia decido brincar também.
-Um deles foi o mais vergonhoso e o mais picante. Sonhei que estava em casa quando recebi uma chamada dizendo que eu havia ganho um jantar com uma mulher famosa, o que era estranho pois não havia entrado em nenhum sorteio, mas me arrumei em belo vestido preto longo, sem roupa intima obvio.
"E quando ela surgiu vestindo um longo vestido dourado brilhante, linda estilo princesa sabe? meu corpo todo enlouqueceu de tesão. O restaurante fechou deixando somente nós duas ali dentro não havia nem funcionários terminamos de comer e o tempo toda ela ficava com pé dela acariciando o meu. Me sentei mais perto dela levantando o vestido e fazendo carinho em sua coxa sentindo-a vibrar em minha mão. Sentia todo seu corpo se arrepiar."
Me aproximei dela imitando os movimentos. Acariciando toda sua coxa até a cintura e descendo até o joelho. Rafaella de olhos fechados prestava atenção enquanto sua respiração ficava cada vez mais pesada.
"Aos poucos fui beijando lentamente o pescoço dela ao mesmo tempo que dava atenção para sua cintura. Nunca desejei tanto tirar um vestido como queria daquela mulher e então quando percebi estávamos em uma cama. Nuas. Ela havia me tomado em suas mãos e eu gemia como nunca. Ela era habilidosa e quando sussurrou em meu ouvido que nunca havia feito aquilo e que não aguentava de vontade de me ver chegar. Eu acordei."
Minhas mãos em sua coxa sentindo o calor emanar, meus lábios em seu pescoço sentindo sua pele arrepiada.
-Não. Não. Não. Rafa sussurrou enquanto me afastava. -Acabou assim sem mais detalhes?!
-Talvez tenha acontecido uma ou outra coisa... Dei de ombros. -Mas já falei, o meu verdade ou desafio?
-Quem era a pessoa?
-Alguém famoso. Dei de ombros. -Verdade ou desafio?
Seus olhos pediam por mais detalhes, por fora me mantinha firme enquanto por dentro ria do desespero dela.
-Quando dizem que é alguém famoso, não tem problema né? Não é traição.
-Mas e se o famoso for alguém que a gente pode conhecer?
-Você conhece?
-Talvez. Talvez não da forma que eu encontrei no sonho.
-Ainda...
Será que ela finalmente entendeu o que eu quis dizer? Que ela é o meu sonho erótico?  Seu sorriso era claro que ela havia entendido que eu havia entrado no jogo com ela, esse jogo horrível de causar desejos e danos, mas nada ser feito.
-Ainda... Repeti molhando os lábios com a língua.
-Talvez não demore muito até que ela ceda aos seus sonhos sabe?
-Talvez. Mas agora é sua vez verdade ou desafio?
-Não havíamos concordado que seria só desafio?
-Estou lhe dando a ilusão que você pode escolher. Ela deu de ombros. -Eu desafio você a viver um pouco.
-Como assim viver um pouco?
-Viver sua vida antes de tomar grandes decisões, sair desse quarto, ir na festa... Beijar mais alguém além de mim... Viver mesmo.
Rafaella me olhava surpresa, um pouco brava.
-Não? Não vou fazer isso Gizelly.
-Então vai ter de fazer um pior, é o jogo. Dei de ombros.
-Não, isso não é mais o jogo droga.
-Você tem que viver Rafa.  Está falando de coisas sérias como divórcio, se assumir, se aceitar e nunca nem beijou uma outra mulher? Você vai se arrepender se fizer isso e não sentir o mesmo por outra pessoa.
-Não.
-Rafa...
-Não Gi.
-Você precisa...
-Okay! É o que você quer Gizelly? Você quer que eu viva? Ela levantou da água se enrolando na toalha e saiu. -Então é isso que você vai ter.
Rafa se secou colocando o roupão, a segui apressada, remexeu na bolsa até achar um batom vermelho, passou olhando para mim pelo espelho, na ponta dos pés o roupão mostrando o início da bunda sem calcinha me deixando quente. Seus olhos mostravam que ela o fazia de propósito. Coloquei meu roupão e caminhei ao seu lado até o elevador.
Na porta já conseguia ouvir o som alto do DJ, era uma música eletrônica, mas ao mesmo tempo sexy demais, olhei para Rafa que estava com os olhos perdidos.
-Eu não sei o que eu tenho que fazer. Ela sussurrou mais para si.
-Com esse seu corpo, amor você não precisa fazer nada além de pegar uma bebida. Eu ri, ela estava branca, claramente nervosa. -Você não precisa fazer se não quiser.
-Verdade ou desafio? Rafaella disse engolindo em seco e me olhando friamente. -E lembre-se, você só pode escolher desafio.
-Desafio então.
-Me observe viver minha vida na sua frente.
Dito isso Rafaella saiu andando, rebolando o quadril enquanto andava sem olhar para trás, entrou no salão que estava cheio de pessoas de roupão, outras peladas, algumas até com lingeries sensuais. Que merda eu meti ela?
Mas Rafaella já estava no bar, um copo colorido em mãos, fiquei longe dela para não estragar seja lá qual for o jogo dela e pedi um copo de cuba-libre, Rafaella dançava no meio de uma roda de casais, olhei ao redor e só haviam casais em todo canto, procurei um folheto e achei um no chão, abaixei para pega-lo "festa de swing" ah! Ótimo o primeiro dia que ela vai viver e vai ser uma festa de swing logo de cara. Ri da situação, mas minha risada ficou presa na garganta quando um casal se aproximou dela, eram duas mulheres bonitas, uma de pele tão escura que contrastava com o cabelo branco e a outra tinha longos cabelos rosas. As duas estavam com um espartilho vermelho completo, conversavam com ela que retribuía os sorrisos e as risadas.
Meu corpo começou a ficar quente demais, meu estômago a doer. E então a de cabelo branco beijou seu pescoço, enquanto a outra beijava o ombro da sua própria namorada. As mãos de Rafaella subindo da cintura dela e passando por todo seu corpo, puxando seus lábios para os dela, definitivamente Rafaella estava aproveitando o beijo que foi interrompida pela outra mulher que se jogou nela igualmente enquanto a primeira, de cabelos brancos beijava o pescoço descendo até o peito de Rafaella, que por sua vez procurava pelo peito de cada uma.
Senti que não ia mais aguentar, meu corpo todo tremia e antes que pudesse perceber meus pés me levavam para ela, minhas mãos separavam as três em busca dela, meus lábios estavam nos seus beijando-a com vontade, com raiva, com desejo. Ela tinha que ser apenas minha. Senti mãos em mim, mãos que não eram dela e logo em seguida lábios em meu pescoço e um sussurro que não compreendi as palavras. Mas tudo o que eu queria era continuar com seus lábios em mim.
Me afastei dela um segundo, apenas para espantar o casal que tentava entrar no meio de nós. Rafaella estava sem fôlego, sentia tentando respirar, o peito subindo e descendo procurando por ar. Os lábios inchados sorrindo.
-Você não queria que eu vivesse?
-Minha vez de te desafiar. Sorri, sabendo exatamente o que eu queria. -Desafio você a ser completamente minha.
-Inteiramente, completamente e unicamente sua. Ela sorriu.

One Day. (Girafa)Where stories live. Discover now