Hora 14.

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Parei o carro perto da placa com os dizeres "Faculdade Federal próxima entrada em 5 kilometros" haviamos trocado de lugar depois do lago para que Raffa pudesse dormir no caminho, ela estava tão cansada que mal encostou a cabeça na janela e já adormeceu.
Passei os ultimos kilometros pensando em tudo o que estava acontecendo, toda informação que ela soltou simplesmente do nada, toda essa história dela do divórcio e que "vai me esperar" que merda ta acontecendo, não fazia nem um dia direito que nos conhecíamos e menção dela me esperar fazia meu coração bater tão rápido que eu não entendia, eu amo Ivo droga, mas ele mesmo sabe que só estamos juntos por comodidade e não quero magoa-lo, mas quando fizemos nosso acordo, quando conversamos nossos medos e nossas regras para um casamento deixamos claro que se houvesse qualquer sentimento mínimo que seja... bom, não seria mais um relacionamento.
Júlia não se importaria, ela manteria contato com Ivo, mas não é como se ele tivesse a criado, ele está em nossas vidas não fazia muito tempo e ela já estava fora de casa quando o conheci. Mas Ivo...
Não posso engana-lo. O que eu sinto por ela? Meu deus quem é ela para que eu ao menos pense nisso? E se isso tudo for uma enorme tensão sexual apenas? Não, isso não é, se fosse eu não teria enlouquecido de ciúme quando ela encontrou a mulher que era apaixonada, ou quando beijou aquelas... Não gosto nem de lembrar!
-Já chegamos? Ela perguntou sonolenta olhando ao redor.
-Não, eu queria falar com você antes de chegarmos.
-Hum... tudo bem, o que houve?
-Como vamos reagir na frente deles? Como vai ser? iremos cada uma para o seu canto e não nos falamos mais até o ano que vem?
-Não. Sabe o que vamos fazer? Ela tirou o cinto se aproximando do meu banco. -Nós vamos aproveitar cada segundo, começando com um café da manhã onde você vai conhecer o Junior e eu vou conhecer a Julia, depois iremos comemorar o aniversario da Julia com algum bolo e ver o que acontece depois.
-Ver o que acontece depois...
-Sim. Ela estava perto demais e eu conseguia sentir sua respiração na minha.
E lá estava ela novamente a palpitação em todo meu corpo junto com a vontade de não voltar para a realidade e a única realidade que importa agora são os beijos dela no meio da rodovia antes dela voltar a colocar seu cinto de segurança e eu dar partida no carro.
Rafa dançava ao sertenejo que ela havia colocado, seu rosto brilhava de felicidade, as vezes ela esticava a mão para encostar na minha ou fazer carinho em meu rosto, as vezes eu pegava sua mão e levava aos meus lábios e ela simplesmente descansava ali mesmo na minha coxa, ela é uma ótima companhia de viagem.  Imaginei as viagens que fariamos, as crianças ligariam para saber como estavamos e diriamos todos os lugares incriveis que haviamos passado e como ela havia me feito parar várias vezes para ver pontos turisticos de algum site que ela havia encontrado e Junior riria dizendo "essa é minha mãe". Fariamos esse caminho todo final de mês e juntariamos os dois para uma café da manhã com o cupcake de cenoura dela...
Pensar em tudo isso era magnifico.
Parei o carro agora no estacionamento, a faculdade era enorme com vários campus e arvores, Julia morava na ala Leste estávamos no meio, de frente para um pequeno restaurante servindo café da manhã senti meu celular vibrar no bolso, havia esquecido completamente que ele estava ali.
"Onde estão?" era uma mensagem de Julia.
-Eles estão perguntando sobre nós.
-Eu recebi também. Ela disse com o telefone em mãos, que tocou quando ela foi mostrar a mensagem.
o nome do filho aparecia na tela, ela atendeu.
-Estamos aqui de frente aquele restaurante de café da manhã que viemos no seu aniversario.
Ela já esteve aqui... Imaginei-a sentada com o marido e o filho comemorando o aniversario e então me imagine no lugar dele, com julia ao meu lado e todos brincavam e Rafa dizia para pararmos de passar o dedo no bolo e eu a beijava na frente deles, e eramos felizes...
-Eles estão vindo já... Julia dormiu no dormitório do Junior.
-Você acha que eles... Perguntei não querendo imaginar.
-Não, será?
-Eu espero que não... Onde isso nos deixaria no futuro?
Rafa ignorou minha pergunta, apenas sorriu. Dava para imaginar as engrenagens de sua mente funcionando a menção de um futuro.
-Sabe. Ela disse acariciando meu cabelo. -Eu não queria ter te conhecido antes, não mudaria nossa história.
-Como assim, eu preferia muito que não tivessmos ambas casadas isso facilitaria muito minha decisão.
-Talvez isso eu mudasse. Ela disse pensativa. -Mas não acho que se eu tivesse te conhecido antes se estariamos aqui, se eu teria tido a coragem sabe? Tudo aconteceu por eu perceber que minha vida não era o que eu queria e por mais que eu iria adorar voltar no passado e te incluir desde o inicio, não acho que seria a mesma coisa... Não sei explicar.
-Eu acho que eu entendi.
-Mas eu mudaria nosso futuro. Nosso futuro a partir do momento em que pisassemos fora desse carro.
-O que você mudaria?
-Eu faria o seu marido arrumar outra... E faria meu marido arrumar outra não quero que eles fiquem sozinhos sendo que somos felizes juntas, então entrariamos de mãos dadas e diriamos "crianças, conheçam sua nova mãe" e daria certo falarmos juntas pois é o mesmo gênero... Ela riu. -E as crianças iriam amar a ideia vendo quão perfeita somos juntas então casariamos aqui e agora e adotariamos uma criança juntas e viveriamos felizes para sempre.
-uau, sapatão é muito emotiva mesmo. Eu ri. -Um dia e você já está pensando em nosso casamento e mais uma criança?
-Para que perder tempo? Ela riu dando de ombros e eu queria dizer ali o quanto a amava.
 Beijar todo seu rosto e dizer que ela é quem eu estava esperando, que ela seria a minha alma gemêa para o fim da vida, mas contive minhas palavras apenas beijei seus lábios e observei os movimentos de pessoas apressadas para encontrar seus amigos ou irem para seus dormitórios depois de uma longa noite de farra. Ao longe vi os cabelos longos e loiros de Julia (tão parecida com o pai) brincando e rindo com um menino alto moreno sabia que era filho de Rafa pelo enorme tamanho da cabeça, era muito parecido com ela.
-Ali estão. Falei respirando fundo sabendo que teriamos que sair do carro e fingir que não somos nada mais do que conhecidas.
-Sim, você ainda acha que eles..?
-Não. Me precipeitei. -você acha?
-Não...  
  Nos encaramos po um longo tempo beijei-lhe uma ultima vez, seus lábios, pescoço... Abri a porta e contornei o carro indo até a porta dela e abrindo para ela, peguei em sua mão para ajuda-la, mas não soltei enquanto atravessavamos para encontra-los, vez ou outra ela apertava com mais força e eu fazia carinho com meus dedos. Nos olhamos uma ultima vez antes de soltarmos as mãos e entrarmos no pequeno restaurante, os dois pareciam alheios ao redor focados apenas na própria conversa. 
 Julia era ainda mais parecida com o pai de perto, os olhos castanhos com um leve fundo esverdeado, o cabelo ondulado dela ia até o meio das costas, Junior tinha o mesmo olho verde da mãe, mas tinha cabelo bem preto espesso apontando para todas direções, usava um óculos grosso, era muito bonito em com um jeito meio nerdizinho, sua blusa tinha os dizeres de um filme do espaço.  Quando nos viram ambos levantaram e vieram nos abraçar.
-Ficamos preocupados com vocês, uma hora pararam de dar qualquer tipo de noticia. Junior comentou quando sentamos levantando a mão para a garçonete.
-Até o papai ficou preocupado com você. 
-Seu pai preocupado comigo? Ele acha que eu sou a garotinha que ele pegou pra criar? Perguntei fechando o rosto.
-Mãe... 
-Não Julia, já falei não vamos estragar nosso momento hoje vamos fingir que é seu aniversário ainda. Peguei suas mãos pela mesa apertando-as. -Minha menininha.
-Mãe porque eu não sou a sua menininha? Junior perguntou brincando para Rafa.
-Você é minha princesa ta bom assim filho? Ela riu.
 A garçonete chegou pegando nosso pedido, pedi para que ela trouxesse o melhor e maior bolo da casa, ela sorriu e perguntou de quem era o aniversario, apontei para Julia e ela desejeu parabéns.  
 Junior então contou que estava fazendo faculdade de direito e que havia um trabalho que ele não conseguia entender, expliquei o que ele tinha que fazer de uma forma simples, seu professor havia sido o mesmo que o meu na minha época já era um senhor rabugento hoje em dia deveria estar pior dei dicas de como não irritar ele e Junior agradeceu.
-Como não nos conhecemos antes? Ele riu. -Eu quase reprovei na materia dele.
-Eu também.
 Junior queria seguir a mesma área que eu ofereci um estágio se ele quisesse, as mãos de Rafaella na minha coxa o tempo todo, fazendo carinho e brincando com a bainha do vestido fazendo-me arrepiar, tentei conter os espasmos e manter uma fachada de paz. 
 Julia disse que o pai e o bebê que ele pegou para criar vieram e ficaram até pouco antes da chuva,  deram para ela de presente um par de ingressos pro show que ela estava juntando dinheiro para ir, Rafa se animou dizendo que amava a banda tinha ido em vários shows e já havia ido na casa deles tomar vinho com o casal.
 Enquanto Julia contava mais sobre as materias que estavam tendo o sobre o curso, sempre dissera que queria fazer desing de interiores para arrumar a minha casa que ela dizia ser uma bagunça e brega demais, eu apenas dizia que criava moda com vários estilos diferentes, Rafa mexia no celular. Perguntei como os dois haviam se conhecidos em cursos tão  distintos.
-Temos ética no mesmo periodo e acabamos sendo parceiros depois que o namorado dela bombou na matéria.
-Namorado? Perguntei olhando para Julia.
-Ex.  Ela deu  de ombros. -E mesmo assim ele nem chegou ao posto disso...
-Você não me falou dele. Senti uma pontada no estômago. 
-Não rolou nada mãe, só ficamos algumas vezes e ele bombou em ética e eu desisti. 
-E já sabe quem vai levar para ver o show com você?
-Na verdade já, passamos a noite toda ontem conversando e vou levar o Junior. 
Rafa me puxou para perto para sussurrar em meu ouvido quando a garçonete chegou com a comida.
-Consegui dois passes VIP para os bastidores e para a festa depois, para você dar de presente para ela se quiser, ela vai conhecer eles.
-Meu deus ela vai amar. Me segurei para não abraça-la ali mesmo. -Mas quero que você fale que é seu. 
-Eu mal a conheço. Ela deu de ombros.
-Mas eu conheço melhor do que muita gente. Ela riu do meu tom malicioso, subi as mãos por toda sua perna por debaixo da mesa.
-O que tanto vocês cochicham ai? Julia perguntou quando a garçonete se foi.
-Eu sei que pode parecer estranho, mas... Consegui para você dois passes VIP'S para o show, e depois se você quiser pode ir na festa que eles vão estar fazendo no hotel. 
-Você ta brincando comigo? Ela falou séria.
-Eles são meio que amigos meus... Rafa deu de ombros. 
 Julia levantou de seu lugar e pulou nos braços de Rafa abraçando-a  enquanto agradecia. Senti meu coração se aquecer formavamos uma bela familia. 
 Comemos conversando sobre as amenidades da faculdade, dos nossos trabalhos conhecendo as crianças uma da outra melhor, Junior era um menino muito centrado, estava apaixonado pela melhor amiga de Julia o que fez eu e Rafa respirarmos em alivio. Ocasionalmente ela brincava com a bainha do meu vestido ou seguravamos a mão uma da outra por debaixo da mesa.
 Julia me olhava quase como lendo nossas expressões corporais, me deixando intrigada e agoniada.  Mas riamos o tempo todo faziamos brincadeiras como se fossemos grandes amigos a muito tempo, Rafaella apertava minha mão pode debaixo da mesa e então ela paralisou, apertando-a com mais força. Seu corpo todo ficou gelado e seus olhos estaticos. 
 Um homem andava em nossa direção muito bem vestido com calças sociais caqui e uma camisa azul as mangas dobradas nos braços fortes. Era bonito e tinha um cabelo escuro espesso que apontava para todos os lados.
-Aqui está minha familia. Ele sorriu abaixando para beijar Rafaella, nos lábios, onde a pouco tempo eu havia beijado. 
 Meu coração se partiu. 
 Ela não sorriu. 
 Mas ele se sentou ao lado dela passando os braços ao seu redo. Raffaella imediatamente soltou minha mão senti todo o peso do meu corpo e o oxigenio me escapar.
-O que você ta fazendo aqui? Ela perguntou rispida, soltando um sorriso dolorido.
-Vim fazer uma surpresa. Não gostou?
-Com licença eu preciso ir ao banheiro. Ela levantou me olhando nos olhos e seguindo para os fundos do restaurante.
-Você deve ser a Gizelly, muito prazer João. 
-Prazer. Meu braço se estendeu sozinho apertando suas mãos.  -Com licença eu preciso... Preciso fazer uma ligação. 
 Peguei meu celular na bolsa e levantei indo na mesma direção de Rafa.
 Não acredito.
 Não pode ser...
 Ela vai desistir dele.
 Meu corpo funcionava sozinho, sentia vontade de chorar, ela iria perceber que não pode fugir do marido, que a vida perfeita dela não pode ser destruida por uma noite de um sexo maravilhoso, que isso não vale a pena.
 Não acredito que tudo vai se acabar assim...
 Não acredito... 

One Day. (Girafa)Onde histórias criam vida. Descubra agora