31 - Chegada inesperada

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Sua fic, amiga dehsilva9408 ❤️

***O garçom chegou para servir o vinho e interrompeu o ar beligerante que era possível sentir naquela mesa

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O garçom chegou para servir o vinho e interrompeu o ar beligerante que era possível sentir naquela mesa. Victoria girou os olhos e encarou Heriberto possessa por considerar que ele não tinha o direito de lhe fazer aquele tipo de reclamação. Ainda não havia engolido o modo como percebeu que ele se comportou na frente de Bernarda. Estava começando a incomodar-se pela postura dele sempre confiante demais, como se todos os erros daquela relação fossem cometidos unicamente por ela. Quando o garçom se afastou, ela o fuzilou sem medo.

— É muito fácil me acusar de soberba, exigir entrega e criticar minha insegurança quando você não faz absolutamente nada me deixar segura. E eu esperava que em algum momento você abandonasse esse ar de superioridade e admitisse que também cometeu e comete erros. — Ela baixou a guarda.

— Você fala pelo passado, ou por hoje? — Ele indagou com um evidente ar contrariado.

— Por ambos os momentos. E o que me mortifica é que essa sua pergunta deixa claro que você tem total consciência dos erros que cometeu comigo e ainda assim insiste na confortável posição de me responsabilizar por todos os nossos problemas.

— Tem razão. — Heriberto admitiu bebendo água. Queria evitar beber álcool por estar dirigindo. — Eu não devia ter sido tão reticente quando aquela mulher se insinuou para mim. Confesso que estava tenso pela iminência de uma discussão mais forte entre vocês duas, eu acabei de começar nesse hospital e...

— E mesmo assim eu esperava que você deixasse claro que ela não tem e nem nunca terá lugar em sua vida! Sem que eu precisasse te pedir isso, Heriberto. Porque eu sou insegura sim, eu tenho ciúmes sim e eu não consigo me entregar de cabeça a você porque você, tendo sido meu primeiro grande amor, me falhou no passado e... também falhou comigo hoje. E eu odeio você por me obrigar a ser tão explícita.

Era verdade. Victoria estava, naquele momento, sendo explícita como jamais ousara ser em qualquer relação e, mesmo Heriberto, sabia disso. Sua inquietude apareceu no rosto agitado, pés e mãos trêmulos, uma desesperada vontade de fugir dali. Ela chegou a surpreender-se quando sentiu a mão dele sobre a dela e encontrar um acolhedor sorriso de conciliação no rosto dele. Heriberto era um homem por quem era muito difícil persistir em uma atitude de exasperação quando ele sorria.

Os olhos dele apequenavam-se com a contração dos músculos do rosto e, ainda assim, brilhavam entusiasmados. Algumas rugas evidenciavam a passagem dos anos junto com marcas de expressão que rodeavam sua boca e seu nariz deixando-no ainda mais sedutor com aquele sorriso que tanto havia mexido com as lembranças e devaneios de Victoria.

— Me perdoe. Você está certa! — Ele agitou claramente a bandeira de paz. — Me perdoe também pelo modo como falei com você ainda há pouco, apesar de tudo, eu enxergo a mulher que existe por trás dessa armadura que você construiu contra todos a sua volta. E tenho consciência que, de alguma maneira, eu também sou responsável por isso.

Victoria suspirou incomodada pelo quanto se tornava óbvia na presença dele. O coração disparou, os olhos brilharam, sua circulação se agitou e ela viu todas as suas barreiras de defesa pelas quais ela tinha tanto apreço ruírem-se frente a ele. E ela não tinha dúvidas de que ele podia ver aquilo tão claramente que ela quase podia sentir-se tão despida quanto naquela noite que bateu à sua porta disposta a se entregar por completo.

— Me perdoe também. — A gravidade da voz enfadada do início do diálogo já quase havia desaparecido completamente. Apesar de seu característico ar enigmático, quando ouvia as palavras certas, se desmontava e se desmanchava. Mas só Heriberto tinha esse poder, ninguém além dele. — Eu sei que às vezes sou impossível. Mas quero que você se sinta seguro com nossa relação porque eu sou uma mulher que me dedico intensamente à tudo que eu queira muito e, nesse momento, não há nada que eu queira mais do que você. — Declarou-se.

— É difícil saber isso caso você não diga, Victoria. Sendo você uma mulher tão autossuficente, difícil acreditar que você precisa de alguém.

— Mas eu preciso! — Confessou. — E já é o momento de deixar isso muito claro.

O jantar seguiu com dedos entrelaçados, sorrisos espontâneos e olhares cúmplices e apaixonados carregados de sedução. Sabiam como aquela noite terminaria independente de para onde fossem depois dali. Depois de uma conversa tão difícil e sincera, a conexão física se fazia necessária e a sensação de que a relação se aprofundava era palpável.

***

Na manhã seguinte, depois de uma exaustiva e prazerosa noite no confortável quarto de Victoria, ela convenceu Heriberto a adiar seus compromissos pela manhã sem explicar-lhe a razão para fazer isso. Ele concordou com base em um sentimento que estavam dispostos a explorar para fortalecer sua relação: a confiança.

Ela dirigia com um misterioso sorriso no rosto, mas vê-la tão feliz valia até mesmo aceitar sentar-se no banco do passageiro e ser conduzido por ela rumo a um destino e a uma situação misteriosa. No fundo, era absolutamente aquilo que ele queria e tanto havia exigido dela. Ela segurou a mão dele antes de entrar na casa de modas. Todos os funcionários estavam à postos executando sua função e se surpreenderam ao vê-la entrar ali de mãos dadas com um homem.

O burburinho foi imediato e, sem a necessidade de uma convocação formal, em segundos todos estavam reunidos no lobby da empresa, pois tinham a certeza que aquela chegada de Victoria, em uma situação tão inesperada, obviamente não seria por acaso. Heriberto observou algo diferente em Victoria, ela tinha um sorriso de felicidade que, poucas vezes, era tão genuíno. Vestida com um casaco caramelo de corte sofisticado sobre uma blusa salmão e uma acertada calça preta ela surpreendeu a todos com um comunicado.

— Esse é o doutor Heriberto Ríos Bernal. — Iniciou com a apresentação. — Ele é meu namorado e é algo que eu quero que todos saibam e o tratem como tal porque nossa relação é muito séria.

— Ah que lindo, que emoção! — Gritou Pipino saltitante e puxando aplausos surpresos. — Um rei para uma rainha, viva!

Apesar da surpresa, todos no ambiente estavam felizes e comemoraram a notícia. O namoro de uma chefe como Victoria alegraria a qualquer funcionário que já haviam percebido a mudança no humor e no modo como ela tratava todos Obviamente o excêntrico estilista méxico-italiano era o mais animado, mas todos compartilhavam a alegria pela notícia. Todos, exceto Oscar e sua expressão demonstrava isso.

Heriberto estava muito feliz com a valorização que recebeu por parte de Victoria, de estar ali, sendo apresentado como namorado dela, segurando sua mão, refletindo sua felicidade, deu um leve selinho dela quando foram interrompidos por aplausos de uma pessoa que não estava no ambiente. Todos ficaram mudos enquanto Osvaldo atravessava o corredor formado pelos funcionários de Victoria:

— Ora, ora, ora! — Disse ele com deboche. — Nem sequer acertamos os termos financeiros de nosso divórcio e você já está apresentando seu novo bibelô, Victoria?

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Estranha SensaçãoWhere stories live. Discover now