43 - Noite de tekila

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***Pipino dirigia com a atenção necessária na estrada, mas também atento à Victoria

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Pipino dirigia com a atenção necessária na estrada, mas também atento à Victoria. Ela parecia aérea. Com o braço direito sobre o apoio da porta do carro e a mão na boca, ela observava a estrada que parecia retirada do cenário de um filme ao lado daquele acolhedor mar da Flórida.

O pôr-do-sol e as praias cheias deixavam o ambiente mais romântico e afetavam ainda mais a empresária. Como ela odiava não ter as respostas. Como ela odiava se sentir tão insegura quanto ao amor de Heriberto e de seus próprios sentimentos. Como ela odiava todas as dúvidas que Bernarda sempre conseguia deixar em sua mente.

Victoria se surpreendeu quando sentiu o carro brecando, sabia que ainda não estavam em sua casa, olhou para Pipino e fez menção de abrir a boca.

— Não ouse contestar, Rainha! Hoje você e eu, vamos beber até perder o conhecimento. — Disse o estilista muito decidido.

— Você está louco, Pipino? — Ela contestou com os olhos arregalados. — Temos um desfile para preparar, definir quais serão as modelos que usarão cada peça, temos um ensaio agora...

— Antonieta vai cuidar do ensaio e tudo já está perfeito. Você não precisa de trabalho hoje, Victoria. Precisa relaxar! — Ele ultimou.

O manobrista levou o carro e ele deu o braço para ela que não reclamou de entrar naquele luxuoso bar com ele. Quando o garçom se aproximou, Pipino não hesitou:

— Nós vamos querer tequila! — Afirmou. — Muita tequila até que minha rainha se reconecte com sua felicidade tão vibrante.

Victoria refletiu sobre suas palavras. Não sabia onde havia se perdido de sua felicidade, talvez nunca tivesse tido uma alegria tão completa e verdadeiramente sua. Pipino dizia isso porque se encontrava com ela no ambiente onde ela se sentia mais completa e conseguia exalar uma euforia ainda que efêmera: seu trabalho pelo qual ela era apaixonada.

— Sabe por que eu amo tanto meu trabalho, Pipino? — Indagou ela uma hora e meia depois que entraram naquele bar, encarando firme o copo de tequila. O estilista, também alterado pelo álcool, continuou a elogiá-la.

— Porque você é a única rainha da moda, é óbvio. Não existiria moda mexicana se não fosse por você, Victoria! — exclamou com uma cara de quem não tinha nenhuma dúvida do que dizia.

— Não! — Ela afirmou batendo o copo na mesa. — Porque o trabalho não me defrauda! No trabalho eu posso confiar cem por cento, no trabalho Bernarda não é uma ameaça. — Ao fim da frase a voz mole veio com tristeza.

— Rainha, aquela cadela não é uma ameaça. O doutor delícia só tem olhos para você! — Afirmou abrindo os braços antes de servir mais tequila para ambos. — E, se não tiver, precisa ser internado em um hospício porque só pode estar completamente louco!

— Ou eu é que estou louca de pensar que o amor é para mim. — Ela voltou a ficar nostálgica virando mais um copo de tequila. — Por que você não me impediu, Pipino? Por que você não me impediu de ir pro quarto dele? Você devia ter me impedido. — Reclamou ela. — Se, por causa daquele imbecil algo der errado no desfile, você está demitido! — Ela voltou a bater o copo na mesa sorrindo.

Estranha SensaçãoWhere stories live. Discover now