35 - Desperdiçando emoções

501 45 26
                                    

Desculpem a demora, eu estava enfermita, mas já estou melhor. Aproveitem o capítulo e não esqueçam de votar e comentar muito!

 Aproveitem o capítulo e não esqueçam de votar e comentar muito!

Ups! Ten obraz nie jest zgodny z naszymi wytycznymi. Aby kontynuować, spróbuj go usunąć lub użyć innego.

***

Victoria, tomada por todo o ódio e decepção que poderiam caber em si, se sentindo novamente aquela adolescente de quem um dia Heriberto havia matado a capacidade de acreditar no amor, não pôde controlar a lágrima que escorreu de seu rosto sem deixar nenhuma dúvida de que ela era aquela mesma menina, a mesma imbecil a quem ele havia mais uma vez enganado.

— É você quem não me conhece, Victoria. — Bernarda se aproximou dela sem se intimidar pelo ataque físico que ela lhe havia feito no início da visita. — Aquele homem vai terminar em minha cama, vai me foder com força, como nunca fodeu você... A cara de Bernarda era de puro deboche e malícia.

Victoria recordou a ameaça não tão antiga que havia recebido da rival e encarou um espelho que decorava a cabeceira da cama. Bernarda abriu os olhos e segurou os seios com uma mão e os cabelos com outra, ofegando enquanto subia e descia dando à Victoria a certeza de que ela sabia que ela estava ali e desfrutava tanto do sexo com Heriberto como da presença dela. 

Apesar da forte sensação de que algo naquela situação toda não se encaixava, fez a única coisa que conseguiu naquele instante: saiu correndo em busca de um pouco de amor próprio e dignidade, já não deixaria nada mais naquele apartamento que tinha o pútrido cheiro da traição.

***

— Victoria, o que faz aqui? Você não ia para a casa de Heriberto depois da fisioterapia? — Antonieta abriu a porta perplexa ao ver Victoria parada ali, tomada por um desespero quase possível de sentir no ar.

— Me deixe entrar Antonieta! — Ela exclamou quase passando por cima da amiga deixando-a confusa se ela precisava de apoio ou de encontrar alguém para descontar toda a raiva que sentia. — Eu preciso de uma bebida forte.

Antonieta se assustou com sua atitude, mas fechou a porta logo depois que ela entrou e viu Victoria se dirigir imediatamente ao pequeno bar que ela tinha entre a cozinha e a sala de estar e se servir do uísque mais forte que ela tinha ali. A amiga preferiu permanecer em silêncio, sabia que quando Victoria estava daquele jeito, ela não escutava nada, só existia sua fúria e seus métodos para extravasá-la. Victoria suspirou como se tragasse o ar e só conseguia pensar que precisava imediatamente de um cigarro. 

— Dessa vez você não vai questionar nem um pingo e vai cumprir cada ordem que eu te der, está claro, Antonieta? — Encarou-a com fogo de ódio nos olhos. 

— E você vai ao menos me dizer do que se trata essa crítica? — Antonieta não conseguiu ficar imune a sua agressividade e foi sarcástica.

— É claro que sim, até porque é só a reedição de uma ordem que eu já te dei com a diferença que, desta vez, vai ser cumprida em sua totalidade sem nenhum desvio ou distração pelo caminho. — Ela batia seu anel no copo de uísque demonstrando todo seu nervosismo. — Mas dessa vez você não tem dez dias, você tem dois e eu quero que tudo esteja pronto e impecável! 

— Dez dias? — Antonieta arregalou os olhos. — Você está falando da viagem para Miami? 

— Sim! Nós não vamos  mais ficar apenas duas semanas às vésperas do desfile como acertado nas últimas reuniões, vamos passar uma boa temporada por lá e eu não quero que você ouse mencionar Heriberto e seus malditos sentimentos! — Bradou ela levantando a voz.

— Victoria, o que aconteceu? Por que você está assim, o que ele te fez? — Antonieta estava assombrada por entender claramente o que acontecia com sua amiga.

— Ele é o mesmo imbecil, covarde e mentiroso que minha intuição me dizia que ele era e eu nunca devia me haver permitido baixar a guarda para sua sedução barata que tudo o que queria era me enfraquecer. E o que me mortifica, Antonieta... — Ela encarou a amiga com os olhos inundados de dor. — O que me me mortifica é que ele conseguiu exatamente o que ele queria. — Sorriu com amargura. — Que eu caísse como uma pata, uma tonta em seus braços acreditando na ilusão de um amor que não fez sentido há vinte anos e não faz o menor sentido agora!

Antonieta compreendeu seu momento e sua dor e a abraçou, elas eram amigas há tempos demais para que ela torturasse Victoria com perguntas e ela sabia a diferença de quando sua amiga estava simplesmente furiosa e quando estava ferida. E há dores que palavras não são capazes de remediar.

***
Bernarda terminou de se vestir sem muita pressa, com o tempo de segurança para o caso de que Victoria voltasse, embora ela soubesse que isso era extremamente improvável. Antes de ligar para o rapaz que lhe ajudaria com Heriberto, observou o médico desacordado sobre a cama. 

— Uff, que desperdício! — Balbuciou. — Como eu queria que você tivesse me fodido de verdade, mas com essa coisa que Ana Joaquina te deu, nada... — encarou o pênis dele cheia de desejo nessa pausa, — nada nesse corpo delicioso responde e eu tive que fingir que fazia todo o trabalho sozinha. — Sorriu. — Mas foi divertido. Foi divertido ver como Victoria acreditava que você estava duro dentro de mim quando você não tem a menor consciência do que aconteceu aqui. — Gargalhou.

Com a ajuda do rapaz que pagara para aquele fim, terminaram de vestir Heriberto e o levaram para seu apartamento, deixando-o abnóxio sobre sua cama, inconsciente do quanto aqueles fatos que se desencadearam naquelas horas afetariam sua vida de maneira irreversível.

***

Dois dias depois, Victoria embarcou com parte de sua equipe para Miami, sem nenhum pudor em tudo que deixava para trás, pois, naquele instante, sentia que só eram enganos e inverdades. Os enormes e sofisticados óculos escuros, apesar do dia já se desvanecer quando o avião levantou voo, disfarçaram a tristeza em seus olhos. Antonieta se encarregou de evitar as perguntas e as fofocas, haja visto que, há tão pouco tempo, ela havia apresentado Heriberto a eles como seu namorado e agora não se podia sequer mencionar o médico de olhos verdes e sorriso acolhedor.

Heriberto, depois de três dias sem conseguir falar com Victoria, ao saber que ela desmarcou suas sessões de fisioterapia, decidiu procurá-la, apesar de tantos e incompreensíveis sinais. Ainda sem entender o que aconteceu naquele dia que acordou sozinho em seu flat depois de marcar com ela e com uma inexplicável dor de cabeça, além de um suspeito gosto amargo na boca, ele teve medo do que poderia estar afugentando Victoria. Por mais que ela não fosse uma mulher tão simples de decifrar, costumava cumprir seus compromissos quando os assumia e aquele desaparecimento estava muito estranho. 

Na porta da Casa Victoria, se surpreendeu ao encontrar Osvaldo saindo dali e se incomodou ao perceber que, ao vê-lo, o ator deu um risinho cínico:

— Então ela também te deixou plantado? — Osvaldo questionou, mas Heriberto não respondeu à provocação, somente o encarou interrogativo, porém, firme. — Você não sabe, doutor? Ela embarcou ontem à noite com a cúpula da Casa de Modas. Victoria foi sozinha para os Estados Unidos!

***

Estranha SensaçãoOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz