36 - Ser e parecer

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Amores, lembrem-se que o conflito às vezes é necessário para apimentar a história. Apesar de pretender entrar na reta final da fanfic, ainda tem bastante coisa pra acontecer e espero não decepcionar vocês. 
Leiam, votem e comentem, com carinho, por favor, eu sou sensível ☺️🌷
Aproveitem o capítulo, amo vocês ❤️

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***

Osvaldo não estava satisfeito com a viagem de Victoria. Seus dois filhos moravam nos Estados Unidos, Fernanda em Miami e Max em Nova Iorque, mas, mesmo à distância havia encontrado maneira de manipular suas impressões sobre a mãe, tê-los ao seu lado lhe garantia algum controle sobre a geniosa ex-mulher. Entretanto, se eles soubesse que ele havia ousado lhe chantagear e ameaçar roubar sua empresa, isso poderia comprometer o apoio deles e, aí sim, perder tudo.

Não estava disposto à abrir mão do que pediu a ela e, muito menos do apoio de seus filhos e, àquela altura fomentar os conflitos entre Victoria e Heriberto lhe interessava mais porque manteria a estilista ocupada e sem cabeça para virar o jogo contra ele com relação aos filhos.

Heriberto acomodou a mão no bolso e encarou o ator furioso. Não podia ser verdade o que ele lhe dizia, como Victoria ousava permitir que ele soubesse de sua viagem por Osvaldo depois de recusar centenas de ligações dele sem nenhuma explicação, com uma desculpa que estava fazendo um trabalho urgente fora da empresa?

— Não vai dizer nada? — Osvaldo tripudiou com aquele risinho cínico que em sua cara ficava ainda mais irritante. — Não sabia que você era um homem de tão poucas palavras.

— O que aconteça entre Victoria e eu não é assunto seu! — Reagiu Heriberto tentando naquele instante sustentar um mínimo de dignidade.

— Como não, se nós dois sequer nos divorciamos? — Espezinhou Osvaldo com desprezo. — Mas eu confesso que a crueldade dela com seus brinquedinhos me surpreendeu. Isso, ela nunca fez comigo. Viajar sem te dar a menor explicação...

— Isso não te consta. — Defendeu-se Heriberto tentando intimidar Osvaldo.

— Sim, me consta! — Ele se arriscou tentando provocá-lo ao máximo. — Me consta por essa sua cara que não deixa nenhuma dúvida, ela te deixou plantado, é nítido. Você não acha que merecia, no mínimo, uma explicação, doutor?

Heriberto deu um passo na direção dele, mas ele se afastou sorrindo. Foi embora e deixou-o ali, reflexivo sobre todas e cada uma de suas palavras, como Osvaldo havia planejado desde que o viu na frente da Casa Victoria.

Que sua ex-esposa havia decidido viajar de supetão e sem explicar nada a ninguém ele não havia adivinhado olhando para a cara de Heriberto como o fez acreditar. Ele havia usado seu charme para tirar informações de Lucy, secretária da Casa de Modas. A jovem havia lhe contado que Victoria passou dois dias recusando ligações de Heriberto e, aparentemente, muito depressiva, com um humor do cão. Cada palavra que ele usou no diálogo com Heriberto foi planejada para provocá-lo e, aparentemente, havia conseguido.

***

— Não é possível que você acredite que um tecido como esse trapo sirva para confeccionar uma peça minha. Você sabe o estrago que poderia acontecer se um lixo como esse sai de meu ateliê com minha assinatura? — Gritava Victoria quase esfregando o tecido na cara de uma de suas funcionárias. — E quem é que você acha que vai pagar por isso? Não pense que vai ser eu!

— Sim, senhora, com licença, vou pesquisar mais amostras e lhe trago. — A mulher saiu da sala com lágrimas nos olhos observada por Antonieta penalizada.

— Victoria, tenta se acalmar e pegar mais leve com os funcionários. — Antonieta tentou contemporizar. — Daqui a pouco chega o dia do desfile e você não vai ter a seu lado ninguém mais do que Pipino e eu que somos os únicos que aguentamos seu humor.

— Tem mais uma pessoa que aguenta meu humor e, praticamente, sem reclamar. — Ela disse dirigindo o olhar enraivecido a Antonieta.

— Você está falando do Oscar? — Antonieta indagou perplexa ao compreender claramente o teor de suas palavras. — Pois vindo de você, não me estranharia...

— Ah, não precisa se ficar assim toda sensível que nunca pretendi roubar seu nobre herói do cavalo branco. — Foi cínica. — É só que a todo momento que eu me lembro do Heriberto naquela cama com aquela vadia, eu não consigo pensar em outra coisa, senão em me vingar. E há coisas que não precisam acontecer, só parecer. — Explicou cheia de ódio.

— Oscar não é meu. — Antonieta respondeu magoada. — Mas existem princípios que são invioláveis até para uma harpia como você. E entre eles está a amizade e os sentimentos das pessoas. E, você tem razão sobre ser e parecer. Fato que você não levou em conta quando se tratou de Heriberto...

— Nem comece porque eu não estou disposta a escutar. — Victoria revirou os olhos amarga.

— Mas devia! Devia me escutar e refletir um pouco mais sobre as situações e as pessoas. Você tem certeza que realmente sabe de tudo o que aconteceu no flat, naquele dia? Você tem certeza que sabe quem é você, Bernarda e, sobretudo, que sabe quem é Heriberto?

Ela não respondeu. Engoliu em seco e fulminou Antonieta que, obviamente, não a havia atacado de graça, mas, independente de sua motivação, havia dito palavras que, estranhamente faziam muito sentido ao mesmo tempo em que mexiam com seus brios.

— Pense, Victoria, reflita! Você pode ter se enganado e, se isso aconteceu, a cada minuto fica mais tarde para voltar atrás em suas atitudes insanas e intempestivas. — Suspirou porque, apesar de tudo, tinha muito carinho por Victoria.

***

— Que bom que você está por aqui hoje, Luiz, você não faz ideia do quanto eu precisava dessa conversa com você. — Disse Heriberto sorrindo tomando seu café na cantina do hospital durante o intervalo.

— Uma vez, ao se referir a Victoria, você me disse que ela havia provocado um furacão em sua vida. — Recordou Luiz. — Vejo que segue sendo assim.

— Sim! Eu te disse que nunca foi uma metáfora. — Lamentou extremamente triste. — Eu não te contei, mas eu estava planejando fazer uma surpresa para ela. Eu me organizei para participar de um congresso em West Palm Beach, bem pertinho de Miami à época do desfile dela, o Congresso começa em poucos dias...

— E você vai cancelar a viagem?

— Sinceramente, tenho pensado em não cancelar. — Respondeu com uma amargura que nem combinava com ele. — Estou pensando em ir até Miami e exigir que Victoria me diga na minha cara o que ela não se dignou a me dizer antes de viajar. Quero que Victoria me explique o motivo pelo qual me abandonou.

— Você não acha que o fato de que ela não tenha dito nada já não é uma mensagem bastante clara? — Luiz não estava seguro.

— Não, quando se trata de Victoria! — Ele sabia que ela não era uma mulher como todas, fato que um dia o encantou, mas àquela altura, o exasperava. — Eu sei que pode parecer que eu vou me humilhar, Luiz, mas não vai ser assim. Não vai ser assim porque nada que ela possa me dizer me fará perdoar Victoria por essa afronta e, tudo que eu quero, é, diferentemente dela, dizer isso olhando dentro dos olhos dela!

***

Estranha SensaçãoWhere stories live. Discover now